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Não se apavore com o que está acontecendo!

Nuvens negras pintam no horizonte. Parece que o mundo caminha para uma trilha sem volta. A idéia de reversão para um mundo moralmente sadio, economicamente perfeito, sem violência, sem injustiça, e coisas semelhantes a essas, está cada vez mais distante. Então, a tendência de nossa fraqueza é ficarmos desesperados e nos tornarmos cheios de ansiedade e angústia. 

Todavia, a grande verdade que temos de aprender é a de que Deus está no controle de toda história. Nada acontece sem que seja o cumprimento dos seus decretos. Ele escreveu a história do começo ao fim. Ele tem todos os elementos para conduzir a história exatamente para o fim que ele determinou. Nosso soberano Senhor está no leme e tem o barco inteiro nas suas mãos e ele não afundará. Ele é o Senhor que cuida dos seus filhos e toma conta de todas as suas necessidades. 

Quando alguns de seus filhos ficam preocupados com a situação que os rodeia, então ele lhes dirige a palavra dizendo: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mt 6.26). Se Deus alimenta os pardais e veste os lírios do campo, certamente ele terá cuidado daqueles a quem ele ama especialmente. Por essa razão, não podemos ficar preocupados nem Ter medo da crise política, econômica e financeira pela qual já vimos passando há anos em nosso país. Mesmo que a nuvens se pintem negras, não temos o direito de andar ansiosos, pois Deus está no controle de todas as coisas. 

De modo semelhante ele disse: “Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais, pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais.” (Mt 10.29-31)

Você e eu precisamos aprender a repousar mesmo quando estamos viajando em águas profundas e tempestuosas. Fazer como Jesus fazia. Enquanto os discípulos estavam apavorados pelas ondas do mar, Jesus repousava tranqüilo na popa do barco. Essa é uma atitude a ser aprendida por todos nós. Em alguns momentos de sua vida, Davi aprendeu a fazer dessa maneira. Era um general, um homem com muitos problemas e sujeito a muitas tempestades. Todavia, porque ele aprendeu a conhecer o governo providencial de Deus, ele soube nos ensinar esta verdade, dizendo de sua própria experiência: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar em segurança” (Sl 4.8).

Quando aprendemos a confiar no governo providencial de Deus, então aprendemos a repousar; quando temos confiança de que Deus é o Senhor da história, então aprendemos que podemos descansar seguros porque o Senhor não dorme, nem dormita o guarda de Israel (Sl 121). Enquanto dormimos, ele vigia por nós. Aliás, dormimos somente quando entendemos que ele tem cuidado de nós! Quem não confia no governo providencial de Deus não aprende nunca a descansar no Senhor e a esperar nele!

Heber Carlos de Campos
In: A providência e sua realização histórica

A Providência de Deus

18. Quais são as obras da providência de Deus? 

As obras da providência de Deus são a sua mui santa, sábia e poderosa maneira de preservar e governar todas as suas criaturas e todas as suas ações, para a sua própria glória. 

Lv 21:8; Sl 104:24; Is 92:29; Ne 9:6; Hb 1:3; Sl 103:19; Mt 10:29-30; Gn 45:7; Rm 11:36; Is 63:14. 

19. Qual é a providência de Deus para com os anjos? 

Deus, pela sua providência, permitiu que alguns dos anjos, voluntária e irremediavelmente, caíssem em pecado e perdição, limitando e ordenando isso, como todos os pecados deles, para a sua própria glória; e estabeleceu os mais em santidade e felicidade, empregando-os todos, conforme lhe apraz, na administração do seu poder, misericórdia e justiça. 

Jd 6; Lc 10:17; Mc 8:38; 1Tm 5:21; Hb 12:22; Sl 103:20; Hb 1:14. 

20. Qual foi a providência de Deus para com o homem no estado em que ele foi criado? 

A providência de Deus para com o homem no estado em que ele foi criado consistiu em colocá-lo no Paraíso, designando-o para o cultivar, dando-lhe liberdade para comer do fruto da terra; pondo as criaturas sob o seu domínio; e ordenando o matrimônio para o seu auxílio; em conceder-lhe comunhão com Deus, instituindo o dia de descanso, entrando em um pacto de vida com ele, sob a condição de obediência pessoal, perfeita e perpetua, da qual a árvore da vida era um penhor, e proibindo-lhe comer da árvore da ciência do bem e do mal sob pena de morte. 

Gn 1:28; 21:15-16; 1:26; 3:8; 2:3; Ex 20:11; Gl 3:12; Gn 2:9,16-17. 

Catecismo Maior de Westminster
Semana 6

O missionário e a providência divina

Há consenso entre teólogos de diferentes tradições eclesiásticas a respeito de que a providência divina significa a obra pela qual Jeová preserva e governa a obra de Suas mãos. A preservação e o governo se entrelaçam e se complementam entre si na ação providencial de Deus. Ele preserva a criação governando-a e a governa preservando-a. Também temos mencionado que existe convergência entre a ação providencial de Deus e Seu reino. Esta convergência se faz notória, especialmente, quando destacamos o governo, o domínio, de Jeová sobre a criação. Revela-se então que Ele, e não o ser humano, é o Rei de tudo que foi criado.
 
O ensinamento bíblico quanto à providência divina é muito diferente da ideia grega de casualidade, ou de sorte. Segundo as escrituras judaico-cristãs, a providência não é uma força impessoal, mas a ação de um Deus pessoal que, sem renunciar a Sua soberania, confere ao ser humano liberdade de pensamento, decisão e ação, e permite que os processos naturais sigam seu curso. Além do mais, concede a homem e à mulher o privilégio de participar da preservação e do governo da criação.
 
A providência divina é diametralmente oposta ao fatalismo. Este sustenta que "todas as coisas ocorrem de acordo com um plano fixo, no qual não entram para nada as causas externas" (William N. Clarke). "Tudo acontece de maneira inexorável, por determinação de um processo cego (não racional) que deixa de fora a liberdade dos seres humanos. Ao contrário, o cristianismo ensina que a vontade de Deus, a qual controla os acontecimentos, é racional e boa" (Robert E. D. Clark). O fatalista pode cair numa resignação estéril diante da vida e as possibilidades que ela oferece de progresso pessoal e social. O missionário cristão deve procurar entender esta atitude negativa e apresentar com humildade e respeito o evangelho, a mensagem positiva e poderosa que pode nos livrar de tudo aquilo que nossa culpa nos impede de viver uma vida abundante.
 
Por outro lado, tal como diz João Calvino, "quando se fala da providência de Deus, esta palavra não significa que Deus está ocioso e considera desde os céus o que acontece no mundo, mas que é mais como o piloto de um navio, que governa o timão para ordenar tudo quanto há de acontecer".
 
Emilio Núñez
In: Hacia una misionología evangélica latinoamericana
Tradução: Cinco Solas

A providência de Deus

Cremos que o bom Deus, depots de ter criado todas as coisas, não as abandonou, nem as entregou ao acaso ou a sorte [1], mas que as dirige e governa conforme sua santa vontade, de tal maneira que neste mundo nada acontece sem sua determinação [2]. Contudo, Deus não é o autor, nem tem culpa do pecado que se comete [3]. Pois seu poder e bondade são tão grandes e incompreensíveis, que Ele ordena e faz sua obra muito bem e com justiça, mesmo que os demónios e os ímpios ajam injustamente [4]. E as obras dEle que ultrapassam o entendimento humano, não queremos investigá-las curiosamente, além da nossa capacidade de entender. Mas, adoramos humilde e piedosamente a Deus em seus justos julgamentos, que nos estão escondidos [5]. Contentamo-nos em ser discípulos de Cristo, a fim de que aprendamos somente o que Ele nos ensina na sua Palavra, sem ultrapassar estes limites [6].

Este ensino nos traz um inexprimível consolo, quando aprendemos dele, que nada nos acontece por acaso, mas pela determinação de nosso bondoso Pai celestial. Ele nos protege com um cuidado paternal, dominando todas as criaturas de tal modo que nenhum cabelo - pois estes estão todos contados- e nenhum pardal cairão em terra sem o consentimento de nosso Pai (Mateus 10:29,30). Confiamos nisto, pois sabemos que Ele reprime os demônios e todos os nossos inimigos, e que eles, sem sua permissão, não nos podem prejudicar [7]. Por isso, rejeitamos o detestável erro dos epicureus, que dizem que Deus não se importa com nada e entrega tudo ao acaso.

1 Jo 5:17; Hb 1:3. 2 Sl 115:3; Pv 16:1,9,33; Pv 21:1; Ef 1:11. 3 Tg 1:13; 1Jo 2:16. 4 Jó 1:21; Is 10:5; Is 45:7; Am 3:6; At 2:23; At 4:27,28. 5 1Rs 22:19-23; Rm 1:28; 2Ts 2:11. 6 Dt 29:29; 1Co 4:6. 7 Gn 45:8; Gn 50:20; 2Sm 16:10; Rm 8:28,38,39.

Confissão de Fé Belga
Artigo 13

O mundo é mau por causa do pecado?

Por que Van Til disse que o mundo não é mau? Tem havido em vários ramos da igreja uma tendência para ver o mundo e os elementos do mundo como essencialmente maus. Faz muitos anos, estava em Piedra Hincada, México, um pequeno povoado indígena no estado de Hidalgo. À noite, estava caminhando com um amigo, um missionário, para a casa onde me hospeavam e parei no caminho para contemplar a magestade dos milhões de estrelas que podíamos ver nesse lugar, sem a contaminação das luzes da cidade. Enquanto admirava a beleza da criação, meu amigo se voltou e me perguntou o que estava fazendo. Quando lhe disse o que fazia, comentou: está louco? tudo vai ser queimado de qualquer modo. Sigamos. Mas eu não podia compartilhar de seu pessimismo. O mundo material não é produto do Diabo. Tampouco é um parque de diversão para os demônios. Mesmo em seu estado caído, não é algo a ser rejeitado. Em seu livro Criação Recuperada, Albert M. Wolters argumenta que a criação é ainda estruturalmente boa. A criação é fundamentalmente boa, ainda que esta qualidade tenha sido distorcida e obscurecida pelo pecado do homem. Wolters diz:

Não obstante, a distorção ocasionada pelo pecado não pode erradicar a boa qualidade da criação. O pecado e o mal continuam sendo parasitas da boa criação de Deus. Nem o ódio pode existir sem alimentar-se dos recursos criacionais positivos da emotividade e resolução humanas... o conceito bíblico ensina que esta boa qualidade continua porque Deus é fiel a suas ordenanças criacionais, para que um pouco de seu bom caráter continue manifestando-se apesar da direção religiosa de tudo o que está sujeito a elas.

Deus mesmo criou o mundo material e o chamou de bom. Sofre os efeitos do pecado, mas Deus não o arruinou. Pelo contrário, devido à sua bondade e porque Ele é bom, tem preservado a sua criação em meio à queda. Podemos que ver ainda que a criação é boa no fato de que as sociedades funcionam, o mundo segue girando ao redor do sol, temos as estações do ano, a gravidade nos mantém firmemente na terra, a tecnologia continua se desenvolvendo a favor da raça humana, podemos melhorar a qualidade a qualidade de vida pela medicina, etc. Mas há mais. Deus nos tem dito em Sua Palavra que tem a intenção de restaurar esta mesma criação quando vier de novo em toda a Sua glória.

Nicholas Lammé. Una mente cristiana.

A soberania de Deus na distribuição de riqueza

Sem dúvida, tenho chegado a entender que o giro dos dados não é assunto de sorte, pois “a sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (Pv 16.33). Deus é soberano inclusive sobre os assuntos mais mundanos de Sua criação. Agora me dou conta de que todas as vitórias e todas as derrotas de todos os eventos esportivos na história tem sucedido conforme o plano soberano de Deus. Isto pode ser duro de aceitar, como o foi para mim quando Christian Laettner fez um lançamento "milagroso" no torneio de 1992 na NCAA, com o qual venceu meus amados Kentucky Wildcats. Sem dúvida, o Deus que as trevas e a luz e que ordena a adversidade para Seus próprios propósitos (Is 45:7) teve por bem propor que meus Wildcats caíssem naquela tarde. Portanto, ainda que todo atleta cristão devesse expressar gratidão por cada vitória e inclusive pelas derrotas, nenhum cristão deve pensar que tais vitórias são um sinal de favor de Deus sobre certa equipe ou indivíduo dessa equipe. Deus não necessariamente faz cálculos precisos de valor ou mérito espiritual e então recompensa os pesos pesados espirituais com uma vitória. A fé grande nem sempre resulta numa libertação milagrosa. Em outras palavras, para cada história de Davi e Golias há muitas histórias de cristãos que aparentemente são derrotados nas mãos de inimigos ímpios. O autor de Hebreus abordou este assunto em seu "Quem é Quem no Hall da Fama da Fé":

“Outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra. Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa” (Hb 11.36–39).

Portanto, não devemos pensar que o povo de Deus será mais saudável, próspero e estará mais tranquilo que os ímpios. Não devemos pensar que de alguma maneira Deus será mais glorificado convertendo a Seus filhos em milionários para mostrar aos perdidos que cristãos também podem fazer dinheiro. Ainda que alguns cristãos sejam ricos, não devemos crer que esses homens e mulheres tem algum favor único da parte de Deus que poderia ser nosso se nós, de alguma forma, preenchamos certos requisitos divinos. Deus, para Seus próprios propósitos, derrama misericordiosamente Deus dons como Ele considera melhor.

Esta outorga divina de dons é certa também para os ímpios, pois Deus abençoa os ímpios com muitos de seus dons misericordiosos. Asafe foi testemunha disto, igual ao que fizeram outros homens na Bíblia. Não estamos falando apenas de chuva, alimento ou ar para respirar. O rei Davi escreveu sobre a generosidade de Deus para com o ímpio:

“Levanta-te, SENHOR, defronta-os, arrasa-os; livra do ímpio a minha alma com a tua espada, com a tua mão, SENHOR, dos homens mundanos, cujo quinhão é desta vida e cujo ventre tu enches dos teus tesouros; os quais se fartam de filhos e o que lhes sobra deixam aos seus pequeninos” (Sl 17.13–14).

Longe de crer que os ímpios são arquitetos de sua própria riqueza e comodidade, Davi deixou assentado que era Deus quem derramava sobre eles tesouros de saúde, riqueza e tranquilidade. Não há homem que tenha se feito a si mesmo, e não existem histórias de sucesso por auto-realização. Jeová é um Deus pessoal, atuando e controlando por Sua própria sabedoria todos os aspectos da vida. O fato é, quer gostemos ou não, que Ele dá a todos os homens como Ele o deseja. Ele não simplesmente pôs em movimento leis físicas para governar o universo, preferindo distanciar-se de Sua criação, mas propriamente Ele soberanamente confere dons a todos os homens, seja eles seus filhos ou não. Desde Abrãao e o rei Salomão, até Donald Trunp e Bill Gates, todos eles devem a origem de sua riqueza unicamente a Deus.

O fato de que Deus distribui saúde e riqueza é um ponto importante. Para muitos cristãos professantes, Deus não é absolutamente soberano. Eles olham o homem como um ser que controla seu próprio destino. A riqueza vem nada mais que do uso dos meios estabelecidos por Deus, do trabalho duro e dos investimentos. Outros olham a riqueza como originando-se num "golpe de sorte", tal como no caso de uma bilhete de loteria. E outros veem a Deus como alguém caprichoso. Creen que Ele pode ser influenciado pela vida santa, a oração ou a fidelidade para dar-lhes os desejos de seu coração, mesmo quando esses desejos não são para glória de Deus.

Não nos enganemos neste ponto. Não estou dizendo que Deus não recompensa a oração, a fidelidade e a santidade, nem estou dizendo que Deus vai anular as leis que Ele estabeleceu para dar ao preguiçoso uma grande riqueza. Não obstante, o que estou dizendo é que toda a prosperidade e o sucesso provém, em última instância, da mão divina da Providência. O servo de Abraão não lhe deu o crédito pela riqueza de seu amo como se esta proviesse da gennialidade de Abraão, e sim da bondade de Deus sobre ele.

Stevan Henning
In: Cuando las cosas buenas le suceden a gente mala: El cristiano y la envidia.

Sobre a queda de pardais e de cabelos

Literalmente o texto original reza "nem um deles cairá na terra sem vosso Pai". Os tradutores das versões modernas supõem, seguramente com muita razão, que isto quer dizer: sem que vosso Pai o conheça, permita ou consinta. Sem dúvida, a providência de Deus não é uma mera permissão passiva. Deus atua de tal maneira em seu controle soberano que tudo o que ocorre no universo opera para adiantar seus propósitos. Fazemos bem, pois, em entender que nenhuma criatura morre sem que Deus o permita; mas também que nenhuma morre sem que, de alguma maneira, Deus o queira e o determine, vale dizer, sem que sua morte caia dentro da vontade divina.

(...)

No versículo 30 Jesus leva o tema da providência de Deus um passo adiante. Acaba de dizer que a Deus importa a queda de uma passarinho. O incrível é que, ademais, lhe importa a queda de um só cabelo de nossa cabeça. Seguramente, se vivesse em nossa geração, Jesus teria dito: até as células e os cromossomos de vosso corpo estão todos contados. Não há nenhum detalhe de nossa existência, por mínimo que seja, que escape da onisciência e do controle soberano de Deus. A perda de um cabelo é talvez o danos pessoal mais insignificante que podemos sofrer (cf. 1Sm 14:45; At 27:34). Se Deus vela por um dano tão pequeno, caso não se preocupará se os discípulos estão sujeitos a insultos, maltratos, torturas e morte?

David F. Burt
In: Compasión, Misión y Persecución

Soberana vontade e soberano poder

A soberania de Deus pode ser dividida em duas partes. Podemos pensar em sua soberana vontade e em seu soberano poder. A vontade de deus é seu desejo, prazer ou agrado. A vontade de Deus é seu livre poder de escolha (Dn 4:35; 6:18), o qual Ele exerce em favor de Sua glória e Sua criação, de uma maneira pessoal. Seu poder é aquela capacidade de Deus pela qual Ele executa a Sua vontade. É o seu poder onipotente para efetuar sem falhar tudo o que deseja, tanto na criação como na redenção.

Até onde se estende a vontade de Deus? Segundo a Escritura, a vontade de Deus se estende à toda vida, inclusive:

1. Tudo se deriva da vontade de Deus (toda criação e sua preservação): “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Apocalipse 4.11).

2. Os governos humanos são estabelecidos pela Sua vontade: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina” (Provérbios 21.1).

3. Cristo sofreu segundo a vontade de Deus: “dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lucas 22.42) e “porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram” (Atos dos Apóstolos 4.27–28).

4. A eleição e reprovação se determinam segundo a vontade de Deus: “Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Romanos 9.15).

5. A regeneração dos filhos de Deus: “Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas” (Tiago 1.18).

6. A santificação: “porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Filipenses 2.13).

7. Os sofrimentos dos crentes são determinados por Sua vontade: “porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal” (1Pedro 3.17).

8. Toda a vida e nosso destino são determinados por Sua vontade: “Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo” (Tiago 4.15, ver também At 18:21 e Rm 15:32).

O soberano poder de Deus é a Sua capacidade de efetuar ou realizar tudo o que deseja. A Bíblia diz:

1. “Não te espantes diante deles, porque o SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, Deus grande e temível” (Deuteronômio 7.21, ver também Is 1:24).

2. “Tu usas de misericórdia para com milhares e retribuis a iniquidade dos pais nos filhos; tu és o grande, o poderoso Deus, cujo nome é o SENHOR dos Exércitos” (Jeremias 32.18).

3. “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Salmos 115.3).

4. Ver também: Jó 9:4; 36:5; Sl 24:8; Mt 11:25; 28:18; 2Co 6:18; 1Tm 6:15; Ap 1:8; 22:5.

Sua vontade Seu poder são soberanos porque são supremos e ilimitados, no sentido de que nada na criação os limitam. Sua vontade somente é limitada por Sua própria natureza.

Nicolás Lammé
In: Una mente cristiana
Tradução: Cinco Solas

Providência



O conselho de Deus

Com relação ao conselho de Deus, a escritura ensina que ele é excelente e maravilhosos (Is 28:29; Jr 32:19), independente (Mt 11:26), imutável (Hb 6:17), indestrutível (Is 46:10) e que Deus é soberano sobre todas as coisas, inclusive sobre a transgressão dos injustos ao entregar Jesus à cruz e à morte (At 2:23; 4:28).

O fato de coisas e eventos, inclusive os pensamentos e atos pecaminosos dos homens, terem sido eternamente conhecidos e fixados nesse conselho de Deus, não subtrai deles o seu caráter, mas estabelece e garante todos eles, cada um com seu próprio tipo e natureza, em seu próprio contexto e circunstâncias. Incluídos neste conselho de Deus estão o pecado e a punição, mas também a liberdade e a responsabilidade, o senso de culpa e a consciência, a justiça e a lei. 

Nesse conselho de Deus tudo o que acontece está exatamente no mesmo contexto que está quando acontece diante de nossos olhos. As condições são definidas nele, assim como as consequências, os meios e os fins, as formas e os resultados, as orações e as respostas às orações, a fé e a justificação, a santificação e glorificação. De acordo com os termos do conselho, Deus deu Seu Filho unigênito para que todo aquele que nEle crê tenha a vida eterna.

Entendo que dessa forma, no sentido da Escritura, de acordo com o Espírito, que a confissão do conselho de Deus é uma fonte de rico conforto. Dessa forma nós aprendemos que não é uma casualidade cega, nem um destino obscuro, nem uma vontade irracional ou maligna, nem qualquer força natural que governa a raça humana e o mundo, e que o governo de todas as coisas está nas mãos do Deus Todo-Poderoso e do Paimisericordioso.

Certamente a fé é necessária para que se entende isso. É a fé que nos mantém constantes na luta da vida, é por causa dela que nós avançamos para o futuro com esperança e confiança. O conselho do Senhor permanece para sempre.

Herman Bavink
Teologia Sistem

Deus e o livre-arbítrio

Não devemos nos deixar influenciar preconceituosamente pela ideia NÃO bíblica, mas popular, de que Deus nunca predestina as nossas decisões livres. 

Como seria possível que tamanho envolvimento divino na nossa vida não acabasse por influenciar profundamente as nossas decisões? Deus nos fez, por dentro e por fora. Para nos fazer como somos, Ele precisou controlar a nossa hereditariedade. Assim sendo, ele nos deu os pais que temos, e os seus pais e os pais deles. E para nos dar nossos pais, Deus precisou controlar muitas de suas decisões livres (como a decisão 'livre' dos pais de Jeremias em se casarem) e os seus pais e avós, etc. 

Além disso, vimos que Deus nos colocou no nosso ambiente, em situações que requerem de nós certas decisões. Ele decide quanto tempo iremos viver e faz acontecer nossos sucessos e fracassos, mesmo que esses acontecimentos dependam habitualmente de nossas livres decisões, em acréscimo a fatores externos. Visto que Deus havia planejado levar José ao Egito, e os seus irmãos não estavam, num sentido importante, livres para o matar, mesmo tendo a certa altura planejado faze-lo. Golias também não podia matar Davi, nem Jeremias poderia não ter existido. Os soldados romanos também não poderiam quebrar as pernas de Jesus quando ele estava pendurado naquela cruz, pois os profetas de Deus haviam declarado algo diferente.

As Escrituras nos ensinam diretamente que Deus causa nossas livres decisões. E não somente predestina o que acontece conosco, como também o que escolhemos fazer. A origem da decisão humana é o coração (Lc 6:45). Porem este coração está sobre o controle de Deus: "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor; este, segundo o SEU querer, o inclina" (Pv 21:1). É isso que Deus fez como Ciro. Isso também é o que ele fez com Faraó do Êxodo (Rm 9:17; Êx 9:16). 

(...)

Deus controla as nossas decisões e atitudes livres, predizendo frequentemente essas decisões muito antes de acontecerem. Durante o exílio, Deus "fez" um chefe oficial babilônico, "conceder a Daniel misericórdia e compreensão" (Dn 1:9). Depois do exílio, o Senhor "os tinha alegrado, mudado o coração do rei da Assíria a favor deles (Israel)" (Ed 6:22). Frequentemente, e por vezes muito antes de o acontecimento ocorrer, Deus nos diz o que um ser humano decidirá livremente o que vai fazer. O ponto aqui NÃO é meramente que Deus tem conhecimento antecipado de um acontecimento, mas que Ele está cumprindo o Seu propósito por meio dele.

John Frame
In: Não há outro Deus

Os milagres são possíveis? A raiz do problema.


“Você realmente crê que Jonas foi engolido por uma baleia? E pensa com seriedade que Jesus realmente alimentou 5.000 pessoas com cinco pães e dois peixes?” Assim vai a tendência das perguntas de muitas pessoas hoje em dia, e este é seu tom. Decerto, dizem, estas histórias de “milagres” na Bíblia devem ser maneiras curiosas de transmitir verdades espirituais, e que não era a intenção serem tomadas ao pé da letra.

Com tantas perguntas, é muito importante discernir o problema que jaz em sua raiz, do que se envolver em debater um broto ou um galho. O problema de quem levanta a pergunta não é o assunto dum milagre específico, mas, de modo geral, com o princípio inteiro. Só comprovar o milagre em questão não seria responder sua pergunta. Sua controvérsia é com o princípio total da possibilidade de haver milagres.

A pessoa que têm dificuldades em aceitar milagres, muitas vezes acha difícil aceitar a profecia de predição. Estes problemas surgem dum conceito fraco sobre Deus. O problema real não é, pois, o assunto dos milagres ou das profecias; é com o conceito de Deus. Uma vez que aceitamos a existência de Deus, não há problemas quanto aos milagres, porque Deus por definição é onipotente. Na ausência de tal conceito de Deus, porém, o conceito dos milagres é extremamente difícil, senão impossível, de se aceitar.

Paul Litlle
In: Você pode explicar sua fé?.

A Providência não anula os meios

Os meios não devem ser desprezados. Entretanto, não desprezamos como inúteis os meios pelos quais opera a providência divina, mas ensinamos que devemos acomodar-nos a eles, na medida em que nos são recomendados na Palavra de Deus. Eis por que desaprovamos as afirmações temerárias daqueles que dizem que, se todas as coisas são geridas pela providência de Deus, então nossos esforços e diligências são inúteis. Seria o bastante deixarmos tudo ao governo da divina providência e não nos preocuparmos nem fazermos coisa alguma. São Paulo reconhecia que navegava sob a providência de Deus, que lhe dissera: “...deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (At 23.11), e em adição lhe havia prometido: “Porque nenhuma vida se perderá de dentre vós... pois nenhum de vós perderá nem mesmo um fio de cabelo” (At. 27, 22.34). Todavia, quando os marinheiros estavam pensando em abandonar o navio, ele mesmo disse ao centurião e aos soldados: “Se estes não permanecerem a bordo, vós não podereis salvar-vos” (At 27.31). 

Deus, que destinou a cada coisa o seu fim, ordenou o começo e os meios pelos quais a coisa atinge seu alvo. Os pagãos atribuem as coisas à fortuna cega e ao acaso incerto. No entanto, São Tiago não deseja que digamos: “Hoje, ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucros”, mas aconselha: “Em vez disso, deveis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como faremos isto ou aquilo” (Tiago 4, 13.15). E Santo Agostinho diz: “Tudo o que para os homens vãos, na natureza parece acontecer por acidente, realiza simplesmente a sua Palavra, porque não acontece senão por sua ordem” (Enarrationes in Psalmos, 148). Assim, parecia acontecer por mero acaso quando Saul, enquanto procurava as jumentas de seu pai, inesperadamente se encontrou com o profeta Samuel. Mas previamente o Senhor dissera ao profeta: “Amanhã a estas horas te enviarei um homem da terra de Benjamim” (I Sam 9.16).

Deus governa tudo no céu, na terra e nas criaturas

Todas as coisas são governadas pela providência de Deus. Cremos que tudo o que há no céu e na terra, e em todas as criaturas, é preservado e governado pela providência deste Deus sábio, eterno e onipotente. Davi o testifica e diz: “Excelso é o Senhor acima de todas as nações, e a sua glória acima dos céus. Quem há semelhante ao Senhor nosso Deus, cujo trono está nas alturas; que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra?” (Sal 113,4 ss). Outra vez: “Esquadrinhas... todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda” (Sal 139, 3 ss). São Paulo também testifica e declara: “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (At 17, 28), e “dele e por meio dele e para ele são todas as cousas” (Rom 11, 36). Portanto Santo Agostinho, muito acertadamente e segundo a Escritura, declarou em seu livro De Agone Christi, cap. 8: “O Senhor disse: ‘Não se vendem dois pardais por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai’” (Mat 10.29). Assim falando, ele quis mostrar que aquilo que os homens consideram de valor insignificante é governado pela onipotência de Deus. Porquanto aquele que é a verdade diz que as aves do céu são alimentadas por ele e os lírios do campo são vestidos por ele; e diz também, que os cabelos de nossa cabeça estão contados (Mat 6.26 ss).

Os Epicureus. Condenamos, portanto, os epicureus que negam a providência de Deus e todos quantos blasfemem dizendo que Deus está ocupado com os céus e nem nos vê, nem vê nossos interesses, nem cuida de nós. Davi, o rei-profeta, também os condenou, quando disse: “Senhor, até quando exultarão os perversos? Dizem: O Senhor não vê; nem disso faz caso o Deus de Jacob. Atendei, ó estúpidos dentre o povo; e vós insensatos, quando sereis prudentes? O que fez o ouvido, acaso não ouvirá? e o que formou os olhos, será que não enxerga?” (Sal 94, 3.7-9).

O grande teste da vida cristã

Talvez o maior teste para a vida cristã hoje é crer que Deus é bom. Há tanta coisa que, isoladamente considerada, sugeriria o contrário. Helmut Thielecke de Hamburgo indica que um pedaço de tecido visto através duma lente seria nítido no meio e borrado na circunferência da lente. Mas sabemos da nitidez daquelas partes por causa daquilo que estamos vendo corretamente no meio. 

A vida, segundo ele, é como este tecido. Há muitas zonas periféricas borradas, muitos eventos e circunstâncias que não podemos entender. Mas devem ser interpretados pela nitidez que estamos vendo no centro — à luz da cruz de Cristo. Não ficamos incumbidos de adivinhar sobre a bondade de Deus, através de fragmentos isolados de verdade. Ele claramente revelou Seu caráter e o demonstrou dramaticamente para nós na Cruz. “Aquele que não poupou a seu próprio Filho, antes, por todos nos o entregou, porventura não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8.32).

Deus nunca pede de nós a nossa compreensão; só precisamos confiar n’Ele assim como nós pedimos que nosso filho confie em nós, em nosso amor, mesmo quando não pode compreender nem sentir apreço quando o levamos para o médico.

A paz chega a nós quando chegamos à compreensão que só podemos ver alguns fios na tapeçaria da vida e da vontade de Deus, reconhecendo que aqui não possuímos o quadro total. Assim chegaremos a afirmar, com calmo alívio e gozo, que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Romanos 8.28).

Paul Little
In: Você pode explicar sua fé?

Deus, governador


Deus governa o universo pela regência direta de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo ( Mt 28. 18 cf  Cl 2. 15-17 ), a quem todo poder foi conferido nos céus e na terra. 

Cremos que o Criador, na unidade trina, governa a obra criada de maneira direta e eficiente, cuidando das mínimas e das máximas  coisas com divino zelo; conservando a ordem vital e mantendo todas as leis naturais e cósmicas sem degeneração e sem conflitos. Excepcionalmente pode intervir nos códigos e nos sistemas dos vários conjuntos universais, suprimindo funções ou alterando conseqüências tanto na ordem física como na biológica. Ele, o Criador onipotente, segundo a sua soberana vontade e inescrutáveis propósitos, pode operar normalmente tais alterações que nós, na humildade de nossos conhecimentos, chamamos "milagres". Quem criou, estabeleceu e ordenou as leis das ordens natural e cósmica, tem poder para alterá-las, suspendê-las, mesmo que seja temporariamente, ou suprimi-las, mudando o curso normal das coisas. Quando isto acontece, alistamos o fenômeno no rol do “desconhecido” ou “inusitado”. 

O mundo, cremos, não está  à  deriva no espaço sideral, nem experimenta o início de um estado caótico, pois a mão do Criador repousa sobre ele; o Rei do universo governa-o direta e eficazmente. Nada acontece à revelia de nosso Deus, mesmo as catástrofes naturais, embora sejam inexplicáveis à luz de nossa lógica empírica, de nossa limitadíssima razão, ou mesmo de nossa fé, quando encaramos a misericórdia de Deus sem o contraditório do pecado e sem o confronto com sua retíssima justiça. 

Nosso planeta, criado para ser o paraíso do homem, experimenta conturbações meteorológicas e geológicas imprevisíveis, reagindo à depredação irracional do sistema ecológico e à intoxicação atmosférica por gases poluentes dos motores, das siderúrgicas e das indústrias petroquímicas; opondo-se também à radioatividade das bombas atômicas, da usinas nucleares, do lixos atômicos. Não são desprezíveis os danos dos agrotóxicos. Estamos, por outro lado, diante da imprevisibilidade dos transgênicos; esta intervenção do homem na biologia e na fisiologia da flora e da fauna. Não sabemos para onde a ciência bioquímica nos conduzirá. Matando seu meio ambiente, o homem comete suicido coletivo. 

Deus também cria civilizações, levantando impérios e abatendo domínios. Ele é o Senhor da História e dispõe dos homens como bem lhe aprouver, conforme seus propósitos. Nenhum poder surge ou cai, a não ser pelas mãos potentíssimas do Rei dos reis ( Gn 50. 20; At 2. 23; At 13. 26-39 ). A Igreja é o reino especial de Jesus Cristo, uma pequena militância neste mundo, minoria, certamente, mas se destina à consumação, quando  então não terá concorrente; reinará com o Cordeiro, sem a oposição de homens perversos e sem a tentação do maligno, no “novo céu e na nova terra”. 

Autor desconhecido
Comentário ao Catecismo de Heidelberg

O propósito dos milagres

Os milagres bíblicos, contrastados com as histórias de milagres na literatura pagã e na de outras religiões, nunca eram caprichosos ou fantásticos. Não se espalham a granel pela narrativa bíblica sem motivo nem razão de ser. Sempre havia neles ordem e propósito. Acham-se concentrados em três períodos da história bíblica: o Êxodo, o dos profetas que guiavam Israel, e a época de Cristo e da Sua Igreja primitiva. Sempre tinham o propósito de confirmar a fé por meio de autenticar a mensagem e o mensageiro, ou de demonstrar o amor de Deus no alívio do sofrimento. Nunca foram operados como um tipo de entretenimento, como o mágico que encena seus truques para os que o contrataram.

Os milagres nunca foram operados finalizando prestígio pessoal ou a obtenção de dinheiro ou de poder. O Diabo tentou nosso Senhor no deserto a empregar exatamente assim. Seu poder milagroso, mas Ele recusou sem hesitação.

Como evidência da veracidade da mensagem cristã, porém, nosso Senhor frequentemente fez uso de milagres. Respondendo ao pedido direto dos judeus, de dizer-lhes claramente se Ele era o Messias, disse, “Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome do meu Pai, testificam a meu respeito” (João 10.25). Também lhes disse, que caso tivessem qualquer hesitação em crer nas Suas reivindicações, deveriam crer por causa das próprias obras (14.11).

Paul Little
In: Você pode defender sua fé?

Feliz e contente

Contentamento traz felicidade, alegria interior e paz. Não outra coisa. “Grande fonte de lucro,” Paulo escreveu a Timóteo, “é a piedade com o contentamento” (lTm 6.6). Paulo não escreveu, “Grande fonte de lucro com piedade é o contentamento.”

Provavelmente a melhor literatura a respeito de contentamento seja a carta de Paulo aos Filipenses, onde ele escreveu que “aprendi a viver contente em toda e qualquer situação... Tanto de fartura... como de escassez” (Fp 4.11, 12). Em outras palavras, quando algo vai mal, não tenho que estar deprimido, e quando tudo vai bem, não preciso ficar soberbo, porque sei que tudo na vida, bom ou mal, é temporário.

“Aprendi a viver contente,” aprendi, porque viver contente não está nos nossos genes. Quando você nasce, chora mostrando seu descontentamento. E você chora muito mais até aprender a ficar contente. E mesmo após aprender provavelmente ainda vai chorar de vez em quando. 

“Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação,” Paulo escreveu, “tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez,” tanto vivendo o sonho americano, como vivendo numa cabana de papelão em Tijuana com o sonho americano somente do outro lado da cerca além do fosso.

“Tudo posso,” Paulo conclui, “naquele que me fortalece” (v. 13). Deus não dará tudo que quero, mas posso viver com o que tenho, porque Jesus me fortalece.

Gary Kinnaman
Crendices de crentes

Deus é Soberano. Será?

Deus é soberano. Não acredito que haja um só crente que duvide dessa afirmação. Se você é cristão, concordará que Deus é supremo sobre todas as coisas que existem, no céu e na terra. Porém, até que ponto você está disposto a se apegar a essa verdade, na medida em que a examinamos de perto? Até onde você iria com a Bíblia nas declarações sobre a soberania de Deus? Em que altura você acrescentaria um "mas" ao que a Bíblia diz?

O que significa dizer que Deus é soberano? De acordo com o Dicionário Bíblico de Easton, soberania de Deus "é o seu absoluto direito de fazer todas as coisas de acordo com seu próprio prazer". O Dicionário Bíblico Ilustrado de Holman diz que soberania de Deus "é o ensino bíblico de que Ele possui todo poder e que governa todas as coisas... de acordo com Seu eterno propósito". E o Dicionário de Temas Bíblicos afirma que soberania divina significa que "Deus é livre e capaz de fazer tudo o que Ele quer; que Ele reina sobre toda a Criação e que Sua vontade é a causa final de todas as coisas". Espero que estas definições não tenham esfriado seu entusiasmo para com a soberania divina.

Deus é soberano sobre a Criação. Quando "no princípio, criou Deus os céus e a terra" (Gn 1:1), Ele procedeu livremente, quer dizer, poderia criar ou não criar e uma vez decidindo criar, poderia criar do jeito que quisesse. "Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos" (Sl 135:6 ACF). Ele poderia ter criado os anjos de forma que não pudessem pecar ou os homens de modo que o amassem de forma infalível, mas agradou-lhe ordenar o mundo mineral, as plantas e os animais e os homens e anjos exatamente como são, pois "Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou" (Sl 115:3). De fato, ao final de Sua obra criadora, "viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom" (Gn 1:31).

Deus é soberano sobre a História. Quero acreditar que você não teve grande dificuldade em concordar com o parágrafo anterior. Mas os homens não gostam muito da ideia de Deus governando a História através de uma providência meticulosa. O homem mais poderoso da terra em seus dias, olhando para seu reino disse para si mesmo "não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade?" (Dn 4:30). Pouco depois foi forçado a reconhecer perante o Altíssimo que "todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?" (Dn 4:35). No que concerne à História, Deus declara através de Isaías "como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se efetuará" (Is 14:24). O Senhor continua falando "Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?" (Is 14:26-27).

Alguns admitem um governo geral de Deus, mas não que Ele desça ao nível dos indivíduos para Seu controle. Ora, é um raciocínio tolo esse. Deus tratou com o Egito e Babilônia nas pessoas de Faraó e Nabucodonozor, respectivamente. E quando o Senhor quis julgar várias nações, usou um indivíduo para isso: "Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações ante a sua face, e para descingir os lombos dos reis, e para abrir diante dele as portas, que não se fecharão" (Is 45:1). Para governar sobre as nações, o Senhor governa sobre indivíduos, controlando até mesmo os seus corações: "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina" (Pv 21:1). O governo de Deus inclui até acontecimentos casuais, pois "a sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão" (Pv 16:33). Em Romanos 8:28 temos a declaração de que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito". Só existe uma maneira de todas as coisas cooperarem para o bem do povo de Deus: se todas estas coisas estiverem sob o governo divino.

Deus é soberando sobre a Salvação. Se a providência divina encontra dura resistência por parte de servos de Deus, mais ainda se pode dizer da soberania sobre a salvação dos pecadores. Mas aqui a Escritura é igualmente enfática ao dizer que "tem Ele misericórdia de quem quer e também endurece a quem lhe apraz" (Rm 9:18). Ou seja, em última análise, a salvação de cada um depende da vontade de Deus. O novo nascimento não depende "nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (Jo 1:13). No tocante à salvação, assim como na Criação e na História, Deus é soberano e "faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (Ef 1:11).

Começamos este artigo dizendo que todos os crentes concordam que Deus é soberano. Porém, nem todos aceitam que Deus reine de forma absolutista sobre os seres morais e que Ele decida por si só o destino eterno dos tais. Um fato, porém, permanece: não faz diferença nenhuma se alguém concorda ou não com o governo todo abrangente de Deus. A soberania de Deus não emana do povo e o Senhor não depende que ninguém sancione o Seu domínio sobre todas as coisas. Ele é soberano, e ponto.

Soli Deo Gloria

Sobre o último dia de um ano

O tempo é medido, e ele é semelhante em ambas extremidades; começa com um dia, e terminará com um dia. Por isso “tarde e manhã” foram usadas para expressar o primeiro dia, assim como o julgamento universal é chamado de o último dia. A Eternidade é a fonte de água da qual ele surge, e a enchente para qual ele deságua. A mais longa duração do tempo é curta, e seu maior prolongamento chega ao final. Um dado momento mal é conhecido, e já se torna passado. 
Alguns momentos, que duram um minuto, quando começamos a desfrutar, também já acabaram; deste modo, uma hora voa, um dia se apressar em chegar ao fim e, um ano (assim como esse ano) chega ao seu último dia. Assim, portanto, no final do ano, comerciantes fazem seus balanços financeiros, ajustam seus livros contábeis, e então pergunto a mim mesmo: Que benefício meus dons trouxeram nesses doze meses? Porque, qualquer que seja minha opinião, o tempo não é dos menores dons, e mais um ano foi adicionado à minha conta.

Que benefício meus dons trouxeram nesses meses? Tempo não é dos menores dons e outro ano foi adicionado à minha conta.
Milhares que vieram ao mundo depois de mim foram chamados à eternidade antes de mim; não é isso uma voz clamando para que eu viva melhor cada momento de minha vida? Aqueles que pouco refletem sobre o tempo são os mesmos que pensam ainda menos na eternidade. Mas se olho para o mundo vindouro, verei a grande importância de cada momento do meu tempo, o qual juntamente com o tempo a mim dado deve preparar-me para o imutável estado eterno.

Ó precioso tempo desperdiçado, que nunca mais terei de volta! Agora esse ano se foi, e nunca retornará; o que, então, fiz para a glória de Deus nesse ano que passou? Ah! ele se foi de mim como o vazio, apesar de ele brilhar nesse momento com muitas misericórdias, como um céu estrelado. Ah! eu disse vazio? Não, pior! Pois enquanto Seu amor e misericórdias brilharam ao meu redor como o Sol do meio-dia, meus pecados cresceram em grande número, como os átomos do Sol!

Agora esse ano se foi, e nunca retornará; o que, então, fiz para a glória de Deus nesse ano que passou?
Esse é o último dia do ano; e como avaliarei cada momento dele? Considerarei como o último dia da minha vida? Nada, a não ser a presunção, me bajula dizendo que viverei mais um dia. Devo considerar cada dia como meu último, pois alguns tiveram seu último dia em dias que pouco temeram que o fosse, como eu pouco temo que esse seja; no melhor dos casos, algum dia logo será meu último, quando talvez essa mesma expectativa perniciosa não terá sido dissipada de minha alma. Portanto, é sábio estar preparado para a morte. Pensar que a morte está longe e que não será surpreendido quando ela vier repentinamente? Sempre a espere, e você não ficará aterrorizado quando ela se aproximar. Assim, devo olhar para cada dia como meu último, de forma que quando meu último dia vier, não seja inesperado, nem me surpreenda despreparado.

Mas, que pesar! Esse ano me concedeu mais espetáculos lamentáveis de pecado que a minha vida inteira. Ouvi o nome divino blasfemado, vi pecados em locais de honra e todas as formas de perversidade cometidas. Ó, por migalhas os homens jogam suas almas fora! E como posso, indiferente, ver o pecado em todos os seus aspectos horrendos e o estrago terrível que causa nas almas imortais!

Mas que a divina providência preserve-me desses objetos de prazer, e que eu, pela graça, não me esqueça do que ouvi e vi! Também a paciência, pertencente a Deus, é notável. Porque quando pensamos em quanta impiedade é cometida em todo o mundo – em público e na vida privada, por grandes e pequenos, em terra e no mar – e ainda, que essa rebelião contra o Céu não começou ontem, mas vem desde a queda de Adão por mais de cinco mil anos, é difícil entender como o mundo ainda não foi entregue às chamas! Mas essa paciência cuja duração é surpreendente, deve afinal dar lugar a justiça, cuja execução será terrível.

Mas enquanto estou meditando em meu tempo fugaz, a meia-noite chega, e já estou em outro ano. Então, adeus para sempre 2012¹! E hei de lembrar-me que, por esse “adeus”, olho minha vida caminhando para seu fim, e que estou avançando para outro estágio, mais perto da eternidade – sem saber se um dia, ou um mês, ou um ano, ou dois, ou mais – serão outorgados a mim.

Olho minha vida caminhando para seu fim, e lembro que estou avançando para outro estágio, mais perto da eternidade.


¹ Adaptação para nossos dias. Para James Meikle (autor) era 1758.