A soberania de Deus na distribuição de riqueza

Sem dúvida, tenho chegado a entender que o giro dos dados não é assunto de sorte, pois “a sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (Pv 16.33). Deus é soberano inclusive sobre os assuntos mais mundanos de Sua criação. Agora me dou conta de que todas as vitórias e todas as derrotas de todos os eventos esportivos na história tem sucedido conforme o plano soberano de Deus. Isto pode ser duro de aceitar, como o foi para mim quando Christian Laettner fez um lançamento "milagroso" no torneio de 1992 na NCAA, com o qual venceu meus amados Kentucky Wildcats. Sem dúvida, o Deus que as trevas e a luz e que ordena a adversidade para Seus próprios propósitos (Is 45:7) teve por bem propor que meus Wildcats caíssem naquela tarde. Portanto, ainda que todo atleta cristão devesse expressar gratidão por cada vitória e inclusive pelas derrotas, nenhum cristão deve pensar que tais vitórias são um sinal de favor de Deus sobre certa equipe ou indivíduo dessa equipe. Deus não necessariamente faz cálculos precisos de valor ou mérito espiritual e então recompensa os pesos pesados espirituais com uma vitória. A fé grande nem sempre resulta numa libertação milagrosa. Em outras palavras, para cada história de Davi e Golias há muitas histórias de cristãos que aparentemente são derrotados nas mãos de inimigos ímpios. O autor de Hebreus abordou este assunto em seu "Quem é Quem no Hall da Fama da Fé":

“Outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra. Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa” (Hb 11.36–39).

Portanto, não devemos pensar que o povo de Deus será mais saudável, próspero e estará mais tranquilo que os ímpios. Não devemos pensar que de alguma maneira Deus será mais glorificado convertendo a Seus filhos em milionários para mostrar aos perdidos que cristãos também podem fazer dinheiro. Ainda que alguns cristãos sejam ricos, não devemos crer que esses homens e mulheres tem algum favor único da parte de Deus que poderia ser nosso se nós, de alguma forma, preenchamos certos requisitos divinos. Deus, para Seus próprios propósitos, derrama misericordiosamente Deus dons como Ele considera melhor.

Esta outorga divina de dons é certa também para os ímpios, pois Deus abençoa os ímpios com muitos de seus dons misericordiosos. Asafe foi testemunha disto, igual ao que fizeram outros homens na Bíblia. Não estamos falando apenas de chuva, alimento ou ar para respirar. O rei Davi escreveu sobre a generosidade de Deus para com o ímpio:

“Levanta-te, SENHOR, defronta-os, arrasa-os; livra do ímpio a minha alma com a tua espada, com a tua mão, SENHOR, dos homens mundanos, cujo quinhão é desta vida e cujo ventre tu enches dos teus tesouros; os quais se fartam de filhos e o que lhes sobra deixam aos seus pequeninos” (Sl 17.13–14).

Longe de crer que os ímpios são arquitetos de sua própria riqueza e comodidade, Davi deixou assentado que era Deus quem derramava sobre eles tesouros de saúde, riqueza e tranquilidade. Não há homem que tenha se feito a si mesmo, e não existem histórias de sucesso por auto-realização. Jeová é um Deus pessoal, atuando e controlando por Sua própria sabedoria todos os aspectos da vida. O fato é, quer gostemos ou não, que Ele dá a todos os homens como Ele o deseja. Ele não simplesmente pôs em movimento leis físicas para governar o universo, preferindo distanciar-se de Sua criação, mas propriamente Ele soberanamente confere dons a todos os homens, seja eles seus filhos ou não. Desde Abrãao e o rei Salomão, até Donald Trunp e Bill Gates, todos eles devem a origem de sua riqueza unicamente a Deus.

O fato de que Deus distribui saúde e riqueza é um ponto importante. Para muitos cristãos professantes, Deus não é absolutamente soberano. Eles olham o homem como um ser que controla seu próprio destino. A riqueza vem nada mais que do uso dos meios estabelecidos por Deus, do trabalho duro e dos investimentos. Outros olham a riqueza como originando-se num "golpe de sorte", tal como no caso de uma bilhete de loteria. E outros veem a Deus como alguém caprichoso. Creen que Ele pode ser influenciado pela vida santa, a oração ou a fidelidade para dar-lhes os desejos de seu coração, mesmo quando esses desejos não são para glória de Deus.

Não nos enganemos neste ponto. Não estou dizendo que Deus não recompensa a oração, a fidelidade e a santidade, nem estou dizendo que Deus vai anular as leis que Ele estabeleceu para dar ao preguiçoso uma grande riqueza. Não obstante, o que estou dizendo é que toda a prosperidade e o sucesso provém, em última instância, da mão divina da Providência. O servo de Abraão não lhe deu o crédito pela riqueza de seu amo como se esta proviesse da gennialidade de Abraão, e sim da bondade de Deus sobre ele.

Stevan Henning
In: Cuando las cosas buenas le suceden a gente mala: El cristiano y la envidia.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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