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A santificação da igreja

A santificação é uma característica fundamental da igreja, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12.14). Contudo, nem sempre é bem compreendida e muitas vezes negligenciada. Muitas vezes é reduzida ao aspecto exterior, como se pudesse ser forçada de fora para dentro, através de regras que proíbem certos alimentos e prescrevem em detalhes o modo de se vestir. Mas isso produz mais sepulcros caiados que santos.

Outra confusão comum é não distinguir os conceitos de justificação e santificação. A igreja romana é culpada disso e essa confusão estava no centro da controvérsia nos dias da Reforma. A justificação é um ato exclusivo de Deus pelo qual Ele declara que aquele que crê em Cristo é justo diante dele. A justificação é objetiva. A santificação, por sua vez, é uma obra que Deus realiza no crente, transformando-o contínua e progressivamente à imagem de Jesus Cristo. A santificação é, pois, subjetiva. A justificação marca o início do processo de santificação, o qual somente será concluída ao final da jornada cristã na terra.

Biblicamente, santificação significa separação e consagração de pessoas ou coisas para um propósito definido. No caso do povo de Deus, santificação é a separação do mundo para consagração ao serviço de Deus. “Ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Levítico 20.26). Porque Deus é santo, isto é, infinitamente separado e exaltado de Sua criação, o caráter divino requer santidade daqueles que pertencem a Ele. “Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pedro 1.15–16)

Dissemos que a justificação é um ato exclusivo de Deus, para diferenciá-la da santificação, que embora seja uma obra divina, é realizada em cooperação com o homem. “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus. Guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o SENHOR, que vos santifico” (Levítico 20.7–8). Deus assegura a santificação final, mas o crente é responsável por buscar a santidade, “advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim” (Colossenses 1.28–29).

A citação bíblica em epígrafe afirma que Cristo santifica e purifica a sua igreja, “para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Efésios 5.27), enfatizando o aspecto divino da santificação. “Sendo este mesmo o salvador do corpo” (Efésios 5:23), Ele santifica a igreja livrando-a do pecado. Na justificação, salva da culpa do pecado, na santificação, do domínio do pecado e na glorificação final, da presença do pecado. Dentre os meios que o Senhor usa para santificar a igreja, está a Palavra de Deus, “tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Efésios 5.26). Em Sua oração sacerdotal pela igreja Ele pedia ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (João 17.17).

Mas do lado humano da santificação também há o que ser feito para que haja crescimento em santidade. Começa com uma aceitação do senhorio de Jesus Cristo, “a igreja está sujeita a Cristo” (Efésios 5:24). Isso leva, por consequência, à obediência dos mandamentos: “Guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o SENHOR, que vos santifico” (Levítico 20.8). E quando falhar na observância dos mandamentos divinos, confessar e pedir perdão a Deus, pois “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1João 1.9).

Na santificação, vemos expressas tanto a soberania de Deus como a responsabilidade do homem. Deus é soberano para santificar e é Ele quem, finalmente, produz santidade no crente. Porém este é responsável diante Dele pela obediência ao comando “Sede santos, porque eu sou santo” (1Pedro 1.16). Sendo Deus três vezes santo, justificada está a declaração inicial de que sem santidade, ninguém verá o Senhor.

Soli Deo Gloria

O valor do conhecimento

Quando Paulo chama a sabedoria do mundo de loucura diante de Deus (1Co 3:19), e quando ele em outro lugar nos adverte contra a filosofia (Cl 2:8), ele tem em mente a falsa e inútil suposta sabedoria que não reconhece a sabedoria de Deus em sua revelação geral e em sua revelação especial (1Co 1:21) e que se tornou nula em seus próprios raciocínios (Rm 1:21).

Mas no restante, Paulo e as Sagradas Escrituras, em sua totalidade, colocam o conhecimento e a sabedoria em um plano de grande importância. E não poderia ser de outra forma, pois a Bíblia afirma que Deus é sábio, que Ele tem conhecimento perfeito de Si mesmo e de todas as coisas, que pela Sua sabedoria Ele estabeleceu o mundo, que Ele manifesta Sua multiforme sabedoria à Igreja, que em Cristo estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, e que o Espírito é o Espírito da sabedoria e do conhecimento, que perscruta até mesmo as profundezas de Deus (Pv 3:19; Rm 11:33; 1Co 2:10; Ef 3:10; Cl 2:3). Um livro do qual procedem mensagens como essas não pode subestimar o conhecimento nem pode desprezar a filosofia. Pelo contrário, nele aprendemos que a sabedoria é mais preciosa do que as pérolas, e tudo o que podemos desejar não pode ser comparado a ela (Pv 3:15); ela é um dom daquele que é o Deus do conhecimento (Pv 2:16; 1Sm 2:3).

O que a Escritura exige é um conhecimento cuja origem seja o temor do Senhor (Pv 1:7). Quando essa conexão com o temor do Senhor é rompida, o nome de conhecimento é mantido, embora sob falsas pretensões, mas ele vai se degenerando gradualmente até se transformar em uma sabedoria mundana, que é loucura diante de Deus. Qualquer ciência, filosofia ou conhecimento que pense poder se manter sobre suas próprias pressuposições e que pode tirar Deus de consideração, transforma-se em seu próprio oposto, e qualquer pessoa que construa suas expectativas sobre isso ficará desiludida.
Isso é fácil de ser entendido. Em primeiro lugar, a ciência e a filosofia sempre possuem um caráter especial e podem tornar-se acessíveis a poucas pessoas. Essas pessoas privilegiadas, que podem dedicar toda a sua vida à disciplina do aprendizado, podem conhecer apenas uma pequena parte do todo, permanecendo, assim, estranhos ao restante. Qualquer que seja a satisfação que o conhecimento possa dar, todavia, ele nunca poderá, devido ao seu caráter especial e limitado, satisfazer as necessidades profundas que foram plantadas na natureza humana na criação, e que estão presentes em todas as pessoas.

Em segundo lugar, a filosofia, que depois de um período de decadência entra em período de fortalecimento, sempre cria uma expectativa extraordinária e exagerada. Nessas épocas ela vive a esperança de que através de uma séria investigação ela resolverá o enigma do mundo. Mas sempre depois dessa fervente expectativa chega a velha desilusão. Em vez de diminuir, os problemas aumentam com os estudos. O que parece estar resolvido vem a ser um novo mistério, e o fim de todo o conhecimento é então novamente a triste e às vezes desesperadora confissão de que o homem caminha sobre a terra em meio a enigmas, e que a vida e o destino são um mistério.

Em terceiro lugar, é bom lembrar que tanto a filosofia quanto a ciência, mesmo que pudessem chegar muito mais longe do que chegam agora, ainda assim não poderiam satisfazer o coração do homem, pois o conhecimento sem a virtude, sem a base moral, torna-se um instrumento nas mãos do pecado para conceber e executar grandes males, e assim a cabeça que está cheia de conhecimento passa a trabalhar para um coração depravado. Neste sentido o apóstolo escreve: Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; e ainda que eu tenha tamanha fé a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei (1Co 13:2).

Hermann Bavinck
In: Teologia Sistemática

Jacó Armínio fala sobre a palestra de Augustus Nicodemus na CPAD

O blog Cinco Solas procurou saber a opinião de Jacó Armínio sobre a polêmica envolvendo uma palestra que seria proferida por Augustus Nicodemus numa loja da CPAD, principalmente sobre a atitude e a forma como as diferenças entre calvinistas e pentecostais tem sido tratadas. As respostas do famoso teólogo não foram editadas, apenas arranjadas na ordem em que as perguntas foram feitas.

Cinco Solas: Recentemente, a MegaStore da CPAD, convidou o Rev. Augustus Nicodemus Lopes para uma palestra. Houve uma grande agitação e a CPAD voltou atrás, cancelando de última hora o evento. O episódio pôs em realce a divisão entre calvinistas e pentecostais. Como o senhor vê toda essa situação?

Jacó Armínio: Não consigo dispersar a intensa tristeza que sinto em meu coração, devido àquela discórdia religiosa que tem irrompido, como uma gangrena. Deste sentimento verdadeiro de profunda angústia, penso que todos os que amam a Cristo e à sua Igreja compartilharão comigo. Este foi o motivo que me incitou a apresentar algumas observações a respeito das dissensões religiosas no mundo cristão.

CS: Alguns que defendem a separação comemoraram o cancelamento como uma vitória. O senhor compartilha desse sentimento?

JA: Nenhuma discórdia é mais chocante e odiosa que a discórdia na religião. A união da verdadeira religião é, portanto, da maior excelência.

CS: Parece, então, o senhor não compartilha do entusiasmo dos que comemoram em seu nome?

JA: Inimizades e dissensões do coração e dos sentimentos se disseminam e se tornam cismas, facções e separações em diferentes grupos. Pois da mesma maneira como o amor é um sentimento de união, o ódio é um sentimento de separação. Assim, sinagogas são erigidas, consagradas e cheias de pessoas, em oposição a outras sinagogas; igrejas, contra outras igrejas; e altares contra altares, quando nenhum dos grupos deseja ter qualquer relacionamento com o outro. Esta também é a razão por que com frequência ouvimos expressões completamente similares àquelas que ecoavam, clamorosamente, em meio à multidão congregada dos filhos de Israel, quando estavam se separando em grupos — "Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel!" (1 RS 12.16), como se tivessem concluído anteriormente que o nome de Israel, por meio do qual Deus se dirige, de uma maneira extremamente misericordiosa, a toda a sua Igreja, não pudesse abranger, em seu abraço, pessoas que divirjam, em qualquer ponto, dos seus irmãos.

CS: O senhor tomou conhecimento dos ataques sofridos pelo jovem assembleiano, Gutierrez Fernandes, que se manifestou em favor da unidade? 

JA: Na verdade, a luta acontece com uma obstinação tão determinada, que mal se consegue suportar aquele que, por um momento, suspende as mútuas animosidades com uma menção de paz, a menos que tenha colocado uma corda ao redor de seu pescoço e esteja preparado para ser suspendido, por essa corda, em uma forca, caso as suas palavras sobre este tema desagradem aos demais. Pois esse amigo da paz seria estigmatizado como um desertor da causa comum, e considerado culpado de heresia, um favorecedor de hereges, um apóstata e um traidor.

CS: Havia uma ameaça real ao pentecostalismo ou fizeram tempestade em copo d’água?

JA: Os males que enumeramos não apenas procedem de dissensões reais, em que alguma verdade fundamental é o assunto de discussão, mas também das que são imaginárias, quando coisas afetam a mente, não como são, na realidade, mas como parecem ser. Eu as chamo de dissensões imaginárias, porque existem entre grupos que têm apenas uma religião fabulosa, que está tão distante do Verdadeiro como o céu está distante da terra, ou como os seguidores de tal fantasma estão distantes do próprio Deus. Os grupos discordantes imaginam que essas diferenças imaginárias estão na essência da verdadeira doutrina, quando não têm nenhuma existência. Esta é a natureza da discórdia, ou seja, dispersar e destruir assuntos da maior consequência.

CS: A polêmica toda ocorreu num fórum público. Em que isso pode afetar um observador de fora, que está se interessando pela fé cristã?

JA: Da força dessa dissensão na mente dos homens, surge certa incerteza duvidosa, a respeito da religião. O resultado pode ser uma opinião muito perversa a respeito de toda a religião, uma total rejeição a todo tipo de religião, ou o ateísmo.

CS: Voltando à polêmica em si, pela sua experiência, quais são as causas desse sectarismo?

JA: À frente delas, aparece Satanás, aquele mais amargo inimigo da verdade e da paz, e o mais infame disseminador de falsidade e dissensão, que age como líder do grupo hostil. O próprio homem vem a seguir, nesse séquito destrutivo, e é facilmente persuadido a realizar qualquer serviço para Satanás, pois por mais perniciosa que a sua operação prove ser, para a sua própria destruição, e esse sutil inimigo, a serpente, encontra, no homem, vários instrumentos apropriadamente adequados para a realização de seus propósitos. Que o ódio apareça agora, e nos exiba seus atos, que, pela própria natureza da causa, têm uma tendência própria e direta de incitar discórdia. O primeiro de seus atores a aparecer no palco é o ódio pela verdade e pela doutrina verdadeira. A seguir, vem o ódio pela paz e pela concórdia. Pois há homens de certa descrição que não podem existir sem ter um inimigo. O último a aparecer é o ódio contra os que professam a verdadeira doutrina, que decai, rapidamente, a uma dissensão daquela doutrina que professam esses bons homens; porque é o desejo ansioso de cada pessoa que odeia outra, não ter nada em comum com o seu adversário.

CS: Receio que os promotores discordem disso. Eles afirmam que estão defendendo a fé histórica da igreja, conforme entendida pelos pioneiros e professores da denominação.

JA: A opinião pré-concebida que formamos a respeito de nossos pais e antepassados também impede a reconciliação, porque que seria improvável que eles pudessem ser culpados de erros, ou porque concebemos esperanças favoráveis de sua salvação, e parecemos questionar essas esperanças se, em uma opinião oposta à deles, reconhecermos qualquer porção da verdade a respeito da salvação, da qual eles tenham sido ignorantes ou tenham desaprovado. Além disso, o esplendor da Igreja, à qual nos ligamos, por um juramento, ofusca nossos olhos, de tal maneira, que não podemos admitir qualquer persuasão que nos leve a crer na possibilidade, em tempos antigos ou atuais, de que essa igreja tenha sido desviada, em algum ponto, do caminho correto. Por fim, os nossos pensamentos e sentimentos a respeito de nós mesmos e nossos professores são tão exaltados, que nossa mente mal consegue conceber ser possível que eles tenham sido ignorantes ou não tenham tido uma percepção suficientemente clara das coisas, ou que erremos em julgamento, quando aprovamos as opiniões deles.

CS: O pivô involuntário de toda essa barulheira foi o Rev. Augustus Nicodemus Lopes, pela sua posição cessacionista e calvinista. O que o senhor tem a dizer sobre a forma como ele foi tratado pelos que o consideram um adversário?

JA: Um adversário é tratado de uma maneira perversa quando é sobrecarregado de maldições e repreensões, atacado com difamações e calúnias, e quando é ameaçado com ameaças de violência. E aqueles que usam armas desse tipo revelam, abertamente, a fraqueza e a injustiça de sua causa; não é muito provável que essas pessoas sejam instruídas pelo Espírito da verdade.

CS: Interessante esse ponto. O que mais poderia acrescentar sobre esse modus operandi?

JA: A contenda é cruelmente instituída contra a opinião de um adversário, em primeiro lugar, quando ela não é proposta segundo a mente e a opinião daquele que a declara; em segundo lugar, quando é discutida além de todos os limites devidos e a sua deformidade é inoportunamente exagerada; e, por fim, quando a sua refutação é proposta por argumentos mal calculados para produzir esse efeito.

CS: Qual é o seu conselho para que episódios como esse não se repitam?

JA: Que sejam deixadas de lado aquelas causas que, como afirmamos anteriormente, têm a sua origem nos afetos e que não apenas instigam essa dissensão, como tendem a perpetuá-la e a mantê-la viva. Que a humildade vença a soberba; que a mente que esteja satisfeita com a sua condição se torne a sucessora da avareza; que o amor pelos deleites celestiais expulse todos os prazeres carnais; que a boa vontade e a benevolência ocupem o lugar da inveja; que a paciente tolerância subjugue a ira; que a sobriedade na aquisição da sabedoria prescreva limites para o desejo do conhecimento, e que a estudiosa aplicação ocupe o lugar da ignorância instruída. Que sejam deixados de lado todo o ódio e amargura; e, ao contrário, "nos revistamos de entranhas de misericórdia" (Cl 3.12), para com aqueles que diferem de nós e que parecem vagar pelos caminhos do erro ou espalhar as suas sementes repugnantes entre os outros.

CS: Algo mais?

JA: Que seja acrescentada uma consideração de todos aqueles artigos da religião, a cujo respeito existe, dos dois lados, uma perfeita concordância. Talvez descubramos que são tão numerosos e de tão grande importância que, quando for feita uma comparação entre eles e outros que podem se tornar tema de controvérsia, os últimos serão poucos em número, e de pouca consequência. E é meu desejo especial que haja entre nós, agora, uma cessação similar das asperezas da guerra religiosa, e que os dois grupos se abstenham de textos cheios de amargura, de sermões notáveis apenas pelas ofensas que contêm, e da prática nada cristã de excomungar e execrar. Em lugar de tudo isso, que os adeptos de controvérsias substituam os textos por escritos cheios de moderação, em que as questões controversas possam, sem acepção de pessoas, ser claramente explicadas e provadas, por argumentos convincentes.

Soli Deo Gloria

PS.: As falas de Jacó Armínio foram extraídas de seu discurso Sobre a Reconciliação de Dissensões Religiosas entre Cristãos, in Obras de Armínio, Volume I, CPAD.

A eleição é uma fonte de piedade

É uma caricatura concluir  que a eleição leva a uma falta de preocupação com a busca da santidade. Ao contrário, é um impulso importante para tal. Muitas das passagens onde a eleição é mais claramente explicada leva o escritor bíblico a adorar, como um andarilho ao chegar ao cume do qual a vista torna-se irresistível em beleza.Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! (...) Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!(Romanos 11.33,36).
Paulo trata da eleição em Efésios 1 após louvar a Deus, como uma forma de especificar as bênçãos as quais Ele nos tem concedido nos lugares celestiais. Jesus ensina como uma forma de transferir os seus discípulos a partir de uma orientação centrada no ser humano para uma centrada em Cristo (Jo 15:16). A eleição ajuda a elevar os nossos olhos de nós mesmos para Deus. Como não há uma dádiva que podemos oferecer a Deus pelo Seu favor, tudo o que nos resta é admirar , o louvor e a vontade de compartilhar com outras pessoas os dons que Ele nos deu.

A certeza de que nossa salvação repousa inteiramente na misericórdia de Deus nos faz cheios de ação de graças. John Wesley disse que ele não podia aceitar essa doutrina porque prejudicaria a principal motivação para a santidade, que ele entendia ser o medo de punição e a esperança de recompensa (Works, 7:736-84). "Qual é o antídoto apropriado ao metodismo, a doutrina do coração santificado?", ele pergunta. "O calvinismo: todos os dispositivos de Satanás, para estes 50 anos, ter feito muito menos para parar esta obra de Deus, do que essa única doutrina. Ela ataca a raiz da salvação do pecado, para a glória anterior, colocando o assunto em questão diferente. [...] Seja diligente para evita-los, e para guardar essas mentes cheias de ternura contra o veneno da predestinação" (Works, 8:336). É difícil reconciliar a caricatura de Wesley com a preocupação óbvia de piedade entre os Puritanos, ou seus herdeiros entre os contemporâneos de Wesley, tais como Augustus Toplady, John Newton, a condessa de Huntington e muitos outros.

Mais importante que as avaliações históricas é o fato de que a eleição é tratada como um apoio vital para a santidade nas Escrituras. Paulo nos lembra: Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. (Romanos 8.15). Como poderia o conhecimento de que Deus "nos predestinou para a adoção", como filhos (Efésios 1:5) levar a outra coisa senão a um desejo de abraçar todos os tesouros da casa de Deus? Quando nos damos conta de que somos parte da raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pedro 2.9), isso muda a nossa forma de pensar, sentir e agir no mundo.

Por que devemos andar em obras de amor para com o nosso próximo? Porque Deus de antemão preparou para que andássemos nelas (Efésios 2.10). Nós não fomos escolhidos por boas obras, mas para as boas obras. Somos quem predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho (Romanos 8.29). Deus nos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade (2Tessalonicenses 2.13). Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade (Colossenses 3.12).

Não há, portanto, nada na doutrina em si que iria levar à complacência, orgulho ou indolência na vida cristã.

Michael Horton
In: A favor do calvinismo

Resultados da fidelidade de Deus

A percepção desta bendita verdade nos protegerá da preocupação. Estar cheio de preocupações, ver a nossa situação com prenúncios sombrios, antecipar o amanhã com ansiedade, é ofender a fidelidade de Deus. Aquele que vem cuidando do Seu filho através dos anos, não o abandonará quando o filho envelhecer. Aquele que ouviu as orações que você fez no passado, não se negará a suprir suas necessidades na presente emergência. Descanse em Jó 5:19: “Em seis angústias te livrará; e na sétima o mal te não tocará".

A percepção desta bendita verdade calará as nossas murmurações. O Senhor sabe o que é melhor para cada um de nós, e um efeito da confiança nesta verdade será o silenciar das nossas petulantes reclamações. Deus é grandemente honrado quando, sob provação e castigo, temos bons pensamentos sobre Ele, vindicamos a Sua sabedoria e justiça, e reconhecemos o Seu amor mesmo em Suas repreensões.

A percepção desta bendita verdade gera crescente confiança em Deus. "Portanto também os que padecem segundo a vontade de Deus encomendem-lhe as suas almas como ao fiel Criador, fazendo o bem” (1 Pedro 4:19). Quando confiantemente nos resignarmos e deixarmos todos os nossos interesses nas mãos de Deus, plenamente persuadidos do Seu amor e fidelidade, tanto mais depressa ficaremos satisfeitos com as Suas providências e compreenderemos que "ele tudo faz bem”.

A. W. Pink
In: Os Atributos de Deus.

Aspectos da fidelidade divina

Deus é fiel na preservação do Seu povo. "Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor" (l Coríntios 1:9). No versículo anterior foi feita a promessa de que Deus confirmará o Seu povo até o fim. A confiança do apóstolo na absoluta segurança dos crentes estava baseada não na força das resoluções deles ou em sua capacidade para perseverar, mas sim na veracidade dAquele que não pode mentir. Visto que Deus prometeu ao Seu Filho um certo povo como Sua herança, livrá-lo do pecado e da condenação e fazê-lo participante da vida eterna na glória, é certo que Ele não permitira que nenhum dos pertencentes a esse povo pereça.

Deus é fiel na disciplina ministrada ao Seu povo. Ele não é menos fiel naquilo que retira, do que naquilo que dá. É fiel quando envia tristeza como quando outorga alegria. A fidelidade de Deus é uma verdade que devemos confessar não somente quando a tranqüilidade nos bafeja, mas também quando nos afligirmos sob o castigo mais áspero. Tampouco esta confissão deve ser apenas de boca, mas também de coração, Quando Deus nos fere com a vara da punição, é a fidelidade que a maneja. Reconhecer isso significa que nos humilhamos diante dEle, confessamos que merecemos totalmente a Sua correção e, em vez de murmurar, damos-Lhe graças por isso. Deus nunca nos aflige sem algum motivo: "Por causa disto, há entre vós muitos fracos e doentes..." (1 Coríntios 11:30), ilustra este princípio. Quando a Sua vara cair sobre nós, digamos com Daniel: "A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós a confusão de rosto..." (9:7).

"Bem sei eu, ó Senhor, que os teus juízos são justos, e que em tua fidelidade me afligiste" (Salmo 119:75), Problemas e aflições não são apenas coerentes com o amor de Deus empenhado na aliança eterna, mas são partes da sua administração. Deus é fiel não só quando afasta as aflições, mas também é fiel quando no-las envia. "Então visitarei com vara a sua transgressão, e a sua iniqüidade com açoites, Mas não retirarei totalmente dele a minha benignidade, nem faltarei à minha fidelidade" (Salmo 89:32-33), O castigo não é apenas conciliável com a benignidade amorosa de Deus, mas também é seu efeito e expressão. A mente dos servos de Deus se tranqüilizaria muito se eles se lembrassem de que a aliança de Deus O obriga a aplicar-lhes correção oportuna. As aflições são-nos necessárias: "...estando eles angustiados, de madrugada me buscarão" (Oséias 5:15).

Deus é fiel na glorificação do Seu povo, "Fiel é o que vos chama, o qual também o fará" (1 Tessalonicenses 5:24), A referência imediata aqui é aos santos serem "preservados inculpáveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo". Deus nos trata, não com base em nossos méritos (pois não temos nenhum), mas por amor do Seu grande nome. Deus é constante para consigo mesmo e segundo o propósito da Sua graça, "... aos que chamou ... a estes também glorificou" (Romanos 8:30). Deus dá plena demonstração da constância de Sua bondade eterna para com os Seus eleitos, chamando-os eficazmente das trevas para a Sua maravilhosa luz, e isto deveria torná-los seguros da certeza da sua continuidade. "... o fundamento de Deus fica firme..." (2 Timóteo 2; 19), Paulo estava firmado na fidelidade de Deus quando disse: "...eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia" (2 Timóteo 1:12).

A. W. Pink
In: Os Atributos de Deus.

Deus é fiel

Deus é verdadeiro. Sua Palavra de promessa é certa. Em todas as Suas relações com o Seu povo, Deus é fiel. Pode-se confiar nEle, com segurança. Nunca houve alguém que tivesse confiado nEle em vão. Vemos esta preciosa verdade expressa em quase toda parte nas Escrituras, pois o Seu povo precisa saber que a fidelidade é uma parte essencial do caráter divino. Esta é a base da nossa confiança nEle. Mas, uma coisa é aceitar a fidelidade de Deus como uma verdade divina, e outra coisa, muito diferente, é agir com base nisso. Deus "nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas", mas nós contamos realmente com o seu cumprimento por Deus? Esperamos de fato que Ele vai fazer por nós tudo que disse que fará? Descansamos com implícita segurança nestas palavras: "...fiel é o que prometeu" (Hebreus 10:23)?

Há ocasiões na vida de todos em que não é fácil, nem mesmo para os cristãos, crer que Deus é fiel. Nossa fé é provada dolorosamente, nossos olhos ficam toldados pelas lágrimas, e não conseguimos mais encontrar o rumo dos baluartes do Seu amor. Os nossos ouvidos se distraem com os ruídos do mundo, arruinados pelos sussurros ateísticos de Satanás e não conseguimos mais ouvir a doce entonação da voz mansa e delicada do Senhor. Sonhos alimentados foram frustrados, amigos em quem confiávamos falharam conosco, um falso irmão ou irmã em Cristo nos traiu. Vacilamos. Procuramos ser fiéis a Deus, e agora uma trevosa nuvem O esconde de nós. Achamos difícil, impossível mesmo, à razão carnal harmonizar a Sua sombria providência com as promessas da Sua graça, Ah, alma titubeante, companheiro de peregrinação provado com tanto rigor, procure graça para ouvir Isaías 50:10; "Quem há entre vós que tema. a,Jeová, e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, e não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus".

Quando você for tentado a duvidar da fidelidade de Deus, brade: "Para trás de mim, Satanás". Ainda que você não possa harmonizar os misteriosos procedimentos de Deus com as Suas declarações de amor, confie nEIe e aguarde mais luz. Na hora dEle, certa e boa, Ele fará com que você o veja com clareza, “...o que eu faço não o sabes tu agora, mas tu o saberás depois" (João 13:7). A sequência dos fatos demonstrará que Deus não abandonou nem enganou Seu filho. "Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso será exalçado, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade: bem-aventurados todos os que nele esperam (Isaías 30:18).

"Não julgues o Senhor por tua mente,
porém, confia nEIe por Sua graça.
Por trás de uma severa providência
Ele oculta um semblante sorridente.
Animai-vos, ó santos temerosos!
As nuvens que temíveis vos parecem,
ricas são de mercês, e irromperão
em bênçãos derramadas sobre vós."

"Os teus testemunhos que ordenaste são retos e muito fiéis" (Salmo 119:138). Deus não nos falou apenas o melhor, mas também não retirou o pior. Ele descreveu fielmente a ruína efetuada pela Queda. Ele diagnosticou fielmente o terrível estado produzido pelo pecado. Fielmente fez conhecido o Seu inveterado ódio ao mal, e que ê preciso que Ele o puna. Advertiu-nos fielmente de que Ele é "fogo consumidor" (Hebreus 12:29). Sua Palavra não contém somente numerosas ilustrações de Sua fidelidade no cumprimento de Suas promessas, mas também registra numerosos exemplos de Sua fidelidade em fazer valer as Suas ameaças. Cada estágio da história de Israel exemplifica esse fato solene. Foi assim com indivíduos: Faraó, Core, Acã e uma multidão de outros mais, são outras tantas provas. E será assim com você, meu leitor, a menos que você tenha buscado ou busque refúgio em Cristo, as chamas eternas do Lago de Fogo serão a tua porção certa e segura. Deus é fiel.

A. W. Pink
In: Os Atributos de Deus.

O fim supremo do homem

Glorificar a Deus. De Deus procede todo a benignidade, plena na semente original e rudimentar na humanidade reprovada. O Criador honrou e glorificou o homem (Sl 8), criando-o à sua imagem e semelhança (Gn 1. 27), conferindo-lhe majestade e grandeza, dotando-lhe incríveis poderes, todos, porém, limitados aos propósitos divinos. O pecado afasta a criatura de seu Criador e o conflita com o semelhante. Em Cristo, porém, os eleitos são regenerados e reconciliados com Deus. Agora, na pessoa do Filho, o Pai diz a cada redimido: “Tu és meu filho amado, tua vida me dá prazer”. Cada regenerado em Cristo torna-se uma glória para o Salvador e uma honra ao seu nome.

Glorificar a Deus significa dedicar-lhe submissão, obediência, respeito, adoração e serviço, virtudes dos agraciados com a redenção. O servo de Cristo é perene glorificador de Deus. A harmonia consistente e permanente entre o Redentor e os redimidos é a forma mais viva e existencial de adoração e louvor. Quem pode dizer pelo Espírito: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20), este voltou a ser imagem e semelhança de Deus, entrou no gozo eterno de seu Senhor.

Gozá-lo para sempre. Receber as bênçãos de Deus e ser-lhe bênção é gozá-lo aqui, no tempo que se chama hoje, e na eternidade. Aquele em quem o Espírito habita experimenta o permanente gozo de estar em Cristo, servi-lo ativamente e alegrar-se nele incondicionalmente. Deus se compraz com os seus eleitos, aqueles que estão em seu Filho amado Jesus Cristo e o servem dia e noite. Cristo vive no gozo do Pai, à sua destra no trono da realeza trinitária; nós vivemos no do Filho, à sua direita, sob sua proteção, misericórdia e graça. A ideia subjacente à afirmação catecismal: “Glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”,  é a de um filho, na cultura patriarcal, que não abandona o seu pai, não quebra a unidade do clã, não aborrece e nem entristece a sua família, não procede como os dois filhos da parábola em que um abandona o pai, o mais novo, e outro menospreza o irmão. No sistema tribal, as realizações pessoais, paterna e filial, derivavam da interação consistente entre pai e filho; um, galardão do outro. 

Deus nos criou para vivermos com ele. O pecado nos separou. Cristo nos reconciliou. Somos agora, os reconciliados: um com o Filho como ele é um com o Pai. Voltamos, pois, pela mediação do Messias, ao gozo da comunhão com Deus na fraternidade dos santos. O crente verdadeiro, pois, glorifica a Deus e o goza para sempre. Não há poder capaz de arrancá-lo dos braços de Cristo. A glória de Deus foi vista na face de Moisés, no rosto de Cristo, nos semblante dos apóstolos; sentida no gemido dos mártires e no testemunho de todos os cristãos autênticos. O filho é a alegria do pai, que se vê na pessoa de seu herdeiro; cada filho, no entanto, deve honrar e dignificar o seu pai. Assim somos e assim devemos ser, como filhos, para o nosso Pai celeste.

Onézio Figueiredo
Comentário à pergunta 1 do Catecismo Maior de Westminster

A finalidade do homem

1. Qual é o fim supremo e principal do homem?
O fim supremo e principal do homem e glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.

Rm 11:36; 1 Co 10:31; Sl 73:24-26; Jo 17:22-24.

2. Donde se infere que há um Deus?
A própria luz da natureza no espírito do homem e as obras de Deus claramente manifestam que existe um Deus; porém só a sua Palavra e o seu Espírito o revelam de um modo suficiente e eficazmente aos homens para a sua salvação.

Rm 1:19-20; 1Co 2:9-10; 1Tm 3:15-17.

Catecismo Maior de Westminster
Domingo 1

Fidelidade e recompensa

Há, entretanto, outras declarações que colocam o ensino a respeito das recompensas em uma perspectiva completamente diferente. Ao passo que Jesus faz apelo à recompensa, ele nunca usa a ética do mérito.

A fidelidade nunca deve ser exercida tendo em vista a recompensa; a recompensa de si mesma é assunto restrito completamente à graça. Precisamente, as parábolas que falam de recompensa deixam bem claro que toda recompensa, em última análise, é um problema atinente à graça. Quando um homem tiver exercido a mais elevada fidelidade, ainda assim ele não se fez merecedor de coisa alguma, pois não fez mais do que a sua obrigação (Lucas 17:7-10). A mesma recompensa é atribuída a todos que foram fiéis a despeito do resultado do seu trabalho (Mateus 25:21,23).

A recompensa é o próprio Reino dos Céus (Mateus 5:3,10), o qual é concedido àqueles para os quais ele foi preparado (Mateus 20:23; 25:34). Até mesmo as oportunidades de serviço são em si mesmas uma dádiva divina (Mateus 25:14 e s.). A recompensa torna-se graça livre, imerecida, e é descrita como fora de proporção ao serviço prestado (Mateus 19:29; 24:47; 25:21,23; Lucas 7:48; 12:37). Se bem que os homens devam buscar o Reino, ele é, mesmo assim, dom de Deus (Lucas 12:31,32). É o ato livre de vindicação de Deus que absolve o homem, não a fidelidade de sua conduta religiosa (Lucas 18:9-14).

George Ladd

12 Dias de Clamor por 12 Meses de Bênçãos

É um costume em minha igreja local, todos os anos, passarmos a virada de joelhos, agradecendo a Deus pelas bênçãos recebidas e pedindo bênçãos para o ano que se inicia. Desde que fui chamado pelo Senhor, apenas uma vez não participei dessa reunião e foi uma experiência muito estranha.

Logo na virada, tem início a campanha "12 Dias de Clamor por 12 Meses de Bênçãos". Apesar de ser uma campanha, de serem 12 dias (as igrejas são livres para organizarem como quiserem, há as que fazem dias corridos, outras finais de semana, etc) e de ser clamor por bênçãos, a mesma não tem um apelo triunfalista ou determinatório. A ênfase fica mesmo no "clamor" e no estudo do tema, que permeia as pregações dos 12 dias.

Neste ano, o tema será "Eu Sou o Senhor teu Deus" e cada noite um aspecto da Pessoa divina será considerado, baseando-se nos nomes que a Escritura dá ao Senhor, em momentos cruciais da história da redenção. Assim, teremos 12 subtemas:

1 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, o Criador
2 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, que te santifica
3 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, o Provedor
4 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, que te justifica
5 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, que está presente
6 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, que te vê
7 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, que tudo pode
8 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, que te cura
9 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, a tua Bandeira
10- Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, o Senhor dos Exércitos
11 - Não temas, Eu sou o Senhor teu Deus, a tua Paz
12 - Eu sou o teu Deus

Você está convidado a ouvir a Palavra de Deus e orar ao Senhor por um ano abençoado na presença Dele. Informe-se na Igreja O Brasil Para Cristo perto de sua casa.

Soli Deo Gloria

Calvino e a batalha espiritual

O que a Escritura ensina a respeito dos seres diabólicos, quase tudo inteiramente propende a isto: que sejamos solícitos em precaver-nos contra suas ciladas e maquinações; além disso, que nos provejamos destas armas que são bastante fortes e possantes para levar de vencida a esses inimigos assaz poderosos. Com efeito, quando Satanás é chamado o deus e príncipe deste mundo, quando é designado como o valente armado, o espírito a quem pertence o poder do ar, leão a rugir [2Co 4.4; Jo 12.31; Mt 12.29; Ef 2.2; 1Pe 5.8], estas representações não têm em vista outra coisa senão que sejamos mais cautos e vigilantes, ou, seja, mais preparados para combater, o que, por vezes, até se expressa em termos explícitos. 

Assim é que Pedro, após dizer que “o Diabo anda em derredor, como um leão a rugir, buscando a quem devorar” [1Pe 5.8], acrescenta logo a seguir esta admoestação: que o resistamos vigorosamente na fé. E Paulo, onde advertiu que nossa luta não é com a carne e com o sangue, ao contrário, é com os príncipes do ar, com as potestades das trevas e com as hostes espirituais da impiedade, imediatamente ordena que cinjamos as armas que estejam à altura de suster um embate tão renhido e tão perigoso [Ef 6.12-18].

Por essa razão, prevenidos também de que incessantemente nos ameaça o inimigo, e um inimigo prestíssimo em audácia, vigorosíssimo em forças, astutíssimo em estratagemas, infatigável em diligência e presteza, munidíssimo de todos os apetrechos bélicos, habilíssimo na arte de guerrear, conduzamos tudo a este fim: que não nos deixemos sobrepujar por inércia ou pusilanimidade, mas, em contraposição, tendo o ânimo soerguido e despertado, finquemos pé a resistir; e uma vez que esta beligerância não se finda senão com a morte, nos exortemos à perseverança. 

Sobretudo, porém, cônscios de nossa insuficiência e obtusidade, invoquemos a assistência de Deus a nosso favor, nem tentemos coisa alguma, senão apoiados nele, visto que só a ele pertence o ministrar conselho, força, coragem e armas.

João Calvino, As Institutas - Vol I

Quatro provas da inspiração da Bíblia

Dentre outras provas da inspiração da Bíblia, a dar-lhe patente divina, destacam-se as seguintes:

A Aprovação da Bíblia por Jesus. Jesus aprovou a Bíblia ao lê-la, ao ensiná-la, ao chamá-la "a palavra de Deus", e ao cumpri-la (Lc 4.16-20; 24.27; Mc 7.13; Lc 24.44). Quanto ao Novo Testamento, em João 14.26, o Senhor antecipadamente pôs nele o selo de sua aprovação divina, ao declarar: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar tudo quanto vos tenho dito". Assim sendo, o que os apóstolos ensinaram e escreveram não foi a recordação deles mesmos, mas a do Espírito Santo.  Jesus disse ainda que o Espírito nos guiaria em "toda a verdade" (Jo 16.13,14). Portanto, no Novo Testamento temos a essência da revelação divina.

O Testemunho do Espírito Santo no Crente. O mesmo Espírito que conduz o pecador a aceitar a Jesus como Salvador pessoal, convence o neoconvertido da origem divina das Escrituras. Não é necessário que o novo crente faça um curso neste sentido, não. A crença na autoria e inspiração divina das Escrituras é algo que se dá instantaneamente. Samuel Rutherford, num tratado contra a teologia vaticana, pergunta: "Como sabemos que a Escritura é a Palavra de Deus?" Se já houve um lugar onde se poderia esperar que um teólogo empregasse o estilo de argumentos racionais dos próprios teólogos católicos, conforme fizeram alguns teólogos protestantes do passado, seria aqui. Rutherford, ao invés disto, apelou ao Espírito de Cristo falando na Escritura: "As ovelhas são criaturas dóceis (Jo 10.27). As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem... assim o instinto da Graça conhece a voz do Amado entre muitas vozes (Ct 2.8), e este poder de discernimento está no sujeito" (O alicerce da Autoridade Bíblica – Edições Vida Nova - Págs. 50,51).

O Fiel Cumprimento da Profecia. Inúmeras profecias se cumpriram no passado, em sentido parcial ou total; inúmeras outras cumprem-se em nossos dias, e muitas outras cumprir-se-ão no futuro.O cumprimento contínuo das profecias bíblicas é uma prova da sua origem divina. O que Deus disse, sucederá (Jr 1.12).Glória, pois, a Deus, por tão sublime livro!

A Perenidade das Escrituras. O tempo não exerce nenhuma influência sobre a Bíblia. É o livro mais antigo do mundo, e ao mesmo tempo o mais moderno. O jornal de amanhã não se lhe sobrepuja em atualidade. Em mais de vinte séculos de progresso em todas as áreas da ciência, homem algum tem sido capaz de melhorar a Bíblia, nem de fazer outro livro que lhe exceda em valor. Um livro de origem puramente humana, após tantos milênios de uso, já teria caducado e, se conservado, com certeza estaria guardado nalgum museu, ou então já teria sido consumido pelas traças. Esta é mais uma irrefutável prova da origem sobrenatural das Escrituras.

Raimundo de Oliveira
In: As grandes doutrinas da Bíblia

O ofício das autoridades civis

Cremos que nosso bom Deus, por causa da per versidade do gênero humano, constituiu reis, governos e autoridades [1]. Ele quer que o mundo seja governado por leis e códigos [2], para que a indisciplina dos homens seja contida e tudo ocorra entre eles em boa ordem [3]. Para este fim Ele forneceu às autoridades a espada para castigar os maus e proteger os bons (Romanos 13:4).

Seu ofício não é apenas cuidar da ordem pública e zelar por ela, mas também proteger o santo ministério da igreja a fim de * promover o reino de Jesus Cristo e a pregação da Palavra do Evangelho em todo lugar [4], para que Deus seja honrado e servido por todos, como Ele ordena na sua Palavra.

Depois, cada um, em qualquer posição que esteja, tem a obrigação de submeter-se às autoridades, pagar impostos, render-lhes honra e respeito, obedecer-lhes [5] em tudo o que não contraria a Palavra de Deus [6], e orar em favor delas para que Deus as guie em todos os seus caminhos, "para que vivamos vida tranqüila e mansa com toda piedade e respeito" (lTimóteo 2:2).

Neste assunto rejeitamos os anabatistas e outros revolucionários e em geral todos os que se opõem às autoridades e aos magistrados, e querem derrubar a ordem judicial [7], introduzindo a comunhão de bens, e que abalam os bons costumes que Deus estabeleceu entre as pessoas.

1 Pv 8:15; Dn 2:21; Jo 19:11; Rm 13:1.2 Êx 18:20. 3 Dt 1:16; Dt 16:19; Jz 21:25; Sl 82; Jr 21:12; Jr 22:3; 1Pe 2:13,14. 4 Sl 2; Rm 13:4a; 1Tm 2:1-4. 5 Mt 17:27; Mt 22:21; Rm 13:7; Tt 3:1; 1Pe 2:17. 6 At 4:19; At 5:29. 7 2Pe 2:10; Jd :8.

* Originalmente o texto incluía aqui as se guintes palavras: "...impedir e exterminar toda idolatria e falso culto a Deus, destruir o reino do anticristo e ...".

Confissão de Fé Belga
Artigo 36

A Santa Ceia

Cremos e confessamos que nosso Salvador Jesus Cristo ordenou e instituiu o sacramento da santa ceia [1], a fim de alimentar e sustentar aqueles que Ele já fez nascer de novo e incorporou à sua família, que é a sua igreja.

Agora, aqueles que nasceram de novo têm duas vidas diferentes [2]. Uma é corporal e temporária: eles a trouxeram de seu primeiro nascimento e todos os homens a tem. A outra é espiritual e celestial: ela lhes é dada no segundo nascimentp que se realiza pela palavra do Evangelho [3], na comunhão com o corpo de Cristo. Esta vida apenas os eleitos de Deus possuem. Assim Deus ordenou para a manutenção da vida corporal e terrestre, pão comum, terrestre, que todos recebem como recebem a vida.

Porém, a fim de manter a vida espiritual e celestial, que os crentes possuem, Ele lhes enviou um "pão vivo, que desceu do céu" (João 6:51) , isto é, Jesus Cristo [4]. Ele alimenta e mantém a vida espiritual dos crentes [5] quando é comido, quer dizer: aceito espiritualmente e recebido pela fé [6].

A fim de nos figurar este pão espiritual e celestial, Cristo ordenou um pão terrestre e visível como sacramento de seu corpo e o vinho como sacramento de seu sangue [7]. Com eles nos assegura: tão certo como recebemos o sacramento e o temos em nossas mãos e o comemos e bebemos com nossa boca, para manter nossa vida, tão certo recebemos em nossa alma pela fé [8] - que é a mão e a boca da nossa alma -, o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo, nosso único Salvador, para manter nossa vida espiritual.

Agora, há certeza absoluta de que Jesus Cristo não nos ordenou seus sacramentos a toa. Então, Ele realiza em nós tudo o que nos apresenta por estes santos sinais, embora de maneira além da nossa compreensão, como também a ação do Espírito Santo é oculta e incompreensível [9].

Entretanto, não nos enganamos, dizendo que, o que comemos e bebemos, é o próprio corpo natural e o próprio sangue de Cristo. Porém, a forma pela qual os tomamos não é pela boca, mas, espiritual, pela fé. Desta maneira, Jesus Cristo permanece sentado a direita de Deus, seu Pai, no céu [10] e, contudo, Ele se comunica a nós pela fé. Nesta ceia festiva e espiritual, Cristo nos faz participar de si mesmo com todas as suas riquezas e dons e deixa-nos usufruir tanto de si mesmo como dos méritos de seu sofrimento e morte [11]. Ele alimenta, fortalece e consola nossa pobre alma desolada pelo comer de seu corpo, e a reanima e renova pelo beber de seu sangue.

Depois, embora os sacramentos estejam unidos com a realidade da qual são um sinal, nem todos recebem ambos [12]. O ímpio recebe, sim, o sacramento, para sua condenação, mas não a verdade do sacramento, como Judas e Simão, o Mago: ambos receberam o sacramento, mas não a Cristo que por este é figurado [13]. Porque somente os crentes participam dEle [14].

Finalmente, recebemos na congregação do povo de Deus [15] este santo sacramento com humildade e reverência. Assim comemoramos juntos, com ações de graça, a morte de Cristo, nosso Salvador, e fazemos confissão da nossa fé e da religião cristã [16]. Por isto, ninguém deve participar da ceia antes de ter-se examinado a si mesmo, da maneira certa, para, enquanto comer e beber, não comer e beber juízo para si (lCoríntios 11:28,29). Em resumo, somos movidos, pelo uso deste santo sacramento, a um ardente amor para com Deus e nosso próximo.

Por esta razão rejeitamos como profanação dos sacramentos todos os acréscimos e abomináveis invenções que o homem introduziu neles e misturou com eles. E declaramos que se deve contentar com a ordenação que Cristo e seus apóstolos nos ensinaram e falar sobre os sacramentos conforme eles falaram.

1 Mt 26:26-28; Mc 14:22-24; Lc 22:19,20; 1Co 11:23-26. 2 Jo 3:5,6. 3 Jo 5:25. 4 Jo 6:48-51. 5 Jo 6:63; Jo 10:10b. 6 Jo 6:40,47. 7 Jo 6:55; 1Co 10:16. 8 Ef 3:17. 9 Jo 3:8. 10 Mc 16:19; At 3:21. 11 Rm 8:32; 1Co 10:3,4. 12 1Co 2:14. 13 Lc 22:21,22; At 8:13,21. 14 Jo 3:36. 15 At 2:42; At 20:7. 16 At 2:46; 1Co 11:26.

Confissão de Fé Belga
Artigo 35

A solução está no altar, não nas urnas

Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. Romanos 1:21-25
Nuvens negras ameaçam o horizonte do cristianismo no Brasil. E o atual cenário político não ajuda em nada para tornar o quadro menos ameaçador. Não é difícil identificar duas dessas nuvens: o secularismo e o paganismo. 

O primeiro é patrocinado e promovido pelo Estado, procura minar valores cristãos tradicionais, como a família e a sacralidade da vida, promovendo o homossexualismo, o aborto e a legalização das drogas. O segundo visa atacar a singularidade de Cristo e a exclusividade do evangelho, promovendo um sincretismo religioso em que qualquer forma de expressão religiosa é aceitável, menos a fé cristã. Em ambos os casos, qualquer manifestação cristã é rotulada de discurso de ódio e sujeito à intolerância dos tolerantes. Este é o quadro, conforme vejo. A questão é como a Igreja reage diante dele?

Uma parte da igreja é se fecha em si mesma, esperando que a vinda de Cristo e o arrebatamento interrompa essa onda secularizante e paganizante. É claro que não há nada de errado em anelar pela volta do Senhor, quando Ele enfim estabelecerá seu reino na terra. Isto se constitui na bem aventurada esperança da igreja. Porém, o motivo para ansiarmos pela volta do Senhor deve ser menos a pressão do mundo e mais o desejo de estar com Cristo. Não devemos orar “ora vem Senhor Jesus” por covardia, mas de saudade. Além disso, enquanto esperamos a volta iminente do Senhor, devemos ser sal da terra e luz do mundo, e o sal não cumpre sua função no saleiro e a luz não ilumina posta sob a cama. Portanto, se colocar num casulo esperando a metamorfose na vinda do Senhor não é a melhor opção.

Outra reação da igreja tem sido o engajamento político, numa tentativa de devolver os valores cristãos ao Brasil através da influência política. Daí os discursos renovados a cada período eleitoral, de que devemos eleger representantes dos cristãos (nem estou falando de representantes evangélicos ou da "nossa igreja"). Há um erro e um risco, aqui. O erro é pensar que o país será cristão através de leis justas (embora elas sejam boas e necessárias). A própria lei de Deus é incapaz de salvar, antes agrava o pecado latente no coração do homem. Quanto menos as leis humanas, falhas que são, irão mudar a disposição má do coração dos homens. Na melhor das hipóteses, servirá como instrumento da graça comum, para restringir a plena materialização da maldade dos homens, se houver punição para os transgressores, realidade que, convenhamos, não é a do nosso país.

Além disso, a tentativa da igreja de mudar a sociedade através da influência política, especialmente nas casas de leis, traz em si um grande risco. Num sistema democrático, tanto a eleição como a aprovação das leis se dá pelo voto da maioria. Isto significa que concessões precisarão ser feitas e a primeira delas será uma redefinição do evangelho, para torná-lo palatável à essa maioria. A cruz será facilmente removida e a ênfase recairá numa das versões "bem vistas" do evangelho, que aliás não é evangelho de forma alguma (sem cruz, sem evangelho). Conseguida a vitória por essa via, o resultado não será um país cristianizado, e sim uma cultura que será religiosa na sua manifestação, mas pagã na sua essência.

A única saída para a igreja brasileira é um avivamento. Por avivamento quero significar um verdadeiro quebrantamento diante de Deus, seguido da pregação genuína do verdadeiro evangelho e uma firme determinação de arcar com as consequências da decisão de obedecer a Deus antes que os homens. Não há outra alternativa, a igreja verdadeira sempre será uma contra-cultura a corroer a cultura dominante por dentro. Isso porque viverá e pregará o evangelho da glória de Deus, que é o único poder capaz de salvar o homem do estado de perdição e rebelião que se encontra.

Se a igreja experimentar um verdadeiro avivamento, quando leis ímpias forem promulgadas, os cristãos as desobedecerão. Se o odiado evangelho for oficialmente proscrito, ainda assim os cristãos o proclamarão. Se por isso forem colocados em prisões, a casa de César ouvirá seu testemunho e muitos ali se converterão. Pois o evangelho não é “um poder”, é “o poder”, não do povo nem do magistrado, mas de Deus.

A ameaça ao cristianismo é real e inevitável. Se enclausurar não resolve. Votar bem não bastará. A saída é se humilhar, orar e confessar nossos pecados diante de Deus e proclamar o evangelho da cruz. Fora isso, o cristianismo brasileiro será engolido pelo secularismo e pelo paganismo.

Soli Deo Gloria

O santo batismo

Cremos e confessamos que Jesus Cristo, o qual é "o fim da lei" (Romanos 10:4), derramando seu sangue, acabou com qualquer outro derramamento de sangue, que se possa ou queira realizar para reconciliação dos pecados. Tendo abolido a circuncisão, que se praticava com sangue, Ele instituiu, em lugar dela, o sacramento do batismo [1].

Pelo batismo somos recebidos na igreja de Deus e separados de todos os outros povos e outras religiões para pertencermos totalmente a Ele [2], tendo sua marca e estandarte. O batismo nos serve para testemunhar que Ele eternamente será nosso Deus e misericordioso Pai.

Por isso, Cristo mandou batizar todos os seus "em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mateus 28:19), somente com água. Desta forma Ele nos dá a entender que assim como a água tira a impureza do corpo, quando derramada em nós, e também assim como a água é vista no corpo de quem recebe o batismo, assim o sangue de Cristo, através do Espírito Santo [3], lava a alma, purificando-a dos pecados [4], e faz com que nós, filhos da ira nasçamos de novo para sermos filhos de Deus [5].

Porém, não somos purificados de nossos pecados pela água do batismo [6], mas pela aspersão com o precioso sangue do Filho de Deus [7]. Ele é nosso Mar Vermelho [8], que devemos atravessar para escapar da tirania de Faraó - que é o diabo - e para entrar na Canaã espiritual.

Os ministros, por sua parte, nos administram somente o sacramento, que é visível, mas nosso Senhor nos concede o que o sacramento significa, a saber: os dons invisíveis da graça. Ele lava nossa alma, purificando-a e limpando-a de todas as impurezas e iniqüidades [9]. Ele renova nosso coração, enchendo-o de toda a consolação, e nos dá a verdadeira certeza de sua bondade paternal. Ele nos reveste do novo homem, despindo-nos do velho com todas as suas obras [10].

Por isso, cremos que quem quer entrar na vida eterna, deve ser batizado só uma vez [11]. O batismo não pode ser repetido, porque também não podemos nascer duas vezes e porque este batismo tem utilidade não somente no momento de recebê-lo, mas durante a vida inteira.

(*) Rejeitamos, portanto, o erro dos anabatistas, que não se contentam com o batismo que uma vez receberam e que, além disto, condenam o batismo dos filhos pequenos dos crentes. Nós cremos, porém, que eles devem ser batizados e, com o sinal da aliança, devem ser selados, assim como as crianças em Israel eram circuncidadas com base nas mesmas promessas que foram feitas a nossos filhos [12]. Cristo, de fato, derramou seu sangue para lavar, igualmente, as crianças dos fiéis e os adultos [13]. Por isso, elas devem receber o sinal e o sacramento da obra que Cristo fez para elas, como o Senhor, outrora, na lei, determinava que as crianças p.articipassem, pouco depois do seu nascimento, do sacramento do sofrimento e da morte de Cristo, através da oferta de um cordeiro [14], que era um sacramento de Jesus Cristo. Além disto, o batismo tem, para nossos filhos, o mesmo efeito que a circuncisão tinha para o povo judeu. É por esta razão que o apóstolo Paulo chama ao batismo: "a circuncisão de Cristo" (Colossenses 2:11).

1 Cl 2:11. 2 Êx 12:48; 1Pe 2:9. 3 Mt 3:11; 1Co 12:13. 4 At 22:16; Hb 9:14; 1Jo 1:7; Ap 1:5b. 5 Tt 3:5. 6 1Pe 3:21. 7 Rm 6:3; 1Pe 1:2; 1Pe 2:24. 8 1Co 10:1-4. 9 1Co 6:11: Ef 5:26. 10 Rm 6:4; Gl 3:27. 11 Mt 28:19; Ef 4:5. 12 Gn 17: 10-12; Mt 19:14; At 2:39. 13 1Co 7:14. 14 Lv 12:6.

(*) Sendo de tradição credobatista, humildamente discordamos da posição pedobatista e, portanto, desse parágrafo da Confissão. Para saber as bases do batismo de crentes, leia o artigo Por que sou credobatista.

Confissão de Fé Belga
Artigo 34

Os sacramentos

Cremos que nosso bom Deus, atento à nossa ignorância e fraqueza, instituiu os sacramentos, a fim de nos selar suas promessas e nos conceder penhores de sua benevolência e graça para conosco e, também, alimentar e sustentar nossa fé [1]. Ele acrescentou os sacramentos à palavra do Evangelho [2] para melhor apresentar aos nossos sentidos tanto o que Ele nos declara por sua Palavra, como o que Ele opera em nossos corações.

Assim, Ele confirma a salvação de que nos fez participar. Pois os sacramentos são visíveis sinais e selos de uma realidade interna e invisível. Através deles, Deus opera em nós, pelo poder do Espírito Santo [3]. Por isso, os sinais não são vãos nem vazios para nos enganar, porque Jesus Cristo é a verdade deles e, sem Ele, nada seriam.

Além disto, nos contentamos com o número dos sacramentos que Cristo, nosso Mestre, instituiu e que não são mais de dois: o sacramento do batismo [4] e o da santa ceia de Jesus Cristo [5].

1 Gn 17:9-14; Êx 12; Rm 4:11. 2 Mt 28:19; Ef 5:26. 3 Rm 2:28,29; Cl 2:11,12. 4 Mt 28:19. 5 Mt 26:26-28; 1Co 11:23-26.

Confissão de Fé Belga
Artigo 33

Quanto de IURD tem em você?

Então você gosta de criticar a IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), mas...

1- Reclama que eles só falam em prosperidade, mas acredita que o verdadeiro Evangelho é em si transformação social;

2- Reclama que o bispo principal deles é um grosseirão, mas curte a Bíblia Freestyle;

3- Reclama que eles, agora, tem um Templo santo (mais especial que qualquer outro lugar), mas faz viagens (ou sonha com) a Terra Santa, e lá, sente um "poder" diferente, seja no monte das Oliveiras, ou na Igreja da Natividade ou ao ver a tumba (vazia) de Jesus?

4- Reclama das campanhas que eles inventam, mas participa de todos os eventos “Gospel”: festa Country Gospel, CarnaGospel, Gospel Folia, Balada Gospel e etc.

5- Reclama que eles cobram os dízimos e outras taxas de contribuição, prometendo bênçãos sem medidas ao fieis, mas faz propósitos, campanhas e jejuns, na prática, barganhas com Deus.

6- Reclama que eles cobram R$ 40,00 para entrar no Templo {Entretenimento} de Salomão, mas vai aos congressos de Adoração com os mais famosos ministérios de Louvor e paga qualquer valor para ouvir as cantilenas chorosas dos tais Levitas;

7- Reclama que eles seguem um cara que se acha um sumo-sacerdote mas anda atrás de apóstolos e (para piorar) apóstolas;

8- Reclama que eles seguem a doutrina da cabeça de um homem, que eles pervertem a Bíblia, mas quando contrariado por uma doutrina bíblica histórica, confessional, centenária, diz “eu não sigo homens” ou “eu sirvo a Jesus do meu jeito!”.

9- Reclama que eles abrem e fecham igrejas pensando apenas no dinheiro que elas arrecadam, mas toda vez que alguém diz que alguma das doutrinas das mega-igrejas, moderninhas – desses novos apóstolos – estão erradas, você as defende mostrando os números;

10- Reclama que eles não entendem a Bíblia, mesmo que a leiam, mas você não consegue entender qual é o propósito desse pequeno post e vai curtir ou criticar sem que o tenha lido até o fim.

Preste atenção no quanto de IURD há em você!

Fonte: Esli Soares

As marcas da verdadeira igreja, de seus membros e da falsa igreja

Cremos que se deve discernir diligentemente e com muito cuidado, pela Palavra de Deus, qual é a verdadeira igreja, visto que todas as seitas, que atualmente existem no mundo, se chamam igreja, mas sem razão [l]. Não falamos aqui dos hipócritas que, na igreja, se acham entre os sinceros fiéis; contudo, não pertencem à igreja, embora sejam membros dela [2]. Mas queremos dizer que se deve distinguir o corpo e a comunhão da verdadeira igreja, de todas as seitas que se dizem igreja.

As marcas para conhecer a verdadeira igreja são estas: ela mantém a pura pregação do Evangelho [3], a pura administração dos sacramentos [4] como Cristo os instituiu, e o exercício da disciplina eclesiástica para castigar os pecados [5]. Em resumo: ela se orienta segundo a pura Palavra de Deus [6], rejeitando todo o contrário a esta Palavra [7] e reconhecendo Jesus Cristo como o único Cabeça [8]. Assim, com certeza, se pode conhecer a verdadeira igreja; e a ninguém convém separar-se dela.

Aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos, a saber: pela fé [9] e pelo fato de que eles, tendo aceitado Jesus Cristo como único Salvador, fogem do pecado e seguem a justiça [10], amando Deus e seu próximo [11], não se desviando para a direita nem para a esquerda e crucificando a carne, com as obras dela [12]. Isto não quer dizer, porém , que eles não têm ainda grande fraqueza, mas, pelo Espírito, a combatem, em todos os dias de sua vida [13], e sempre recorrem ao sangue, à morte, ao sofrimento e à obediência do Senhor Jesus. NEle eles têm a remissão dos pecados, pela fé [14].

Quanto à falsa igreja, ela atribui mais poder e autoridade a si mesma e a seus regulamentos do que à Palavra de Deus e não quer submeter-se ao jugo de Cristo [15]. Ela não administra os sacramentos como Cristo ordenou em sua Palavra, mas acrescenta ou elimina o que lhe convém. Ela se baseia mais nos homens que em Cristo. Ela persegue aqueles que vivem de maneira santa, conforme a Palavra de Deus, e que lhe repreendem os pecados, a avareza e a idolatria [16].

É fácil conhecer estas duas igrejas e distingui-las uma da outra.

1 Ap 2:9. 2 Rm 9:6. 3 Gl 1:8; 1Tm 3:15. 4 At 19:3-5; 1Co 11:20-29. 5 Mt 18:15-17; 1Co 5:4,5,13; 2Ts 3:6,14; Tt 3:10. 6 Jo 8:47; Jo 17:20; At 17:11; Ef 2:20; Cl 1:23; 1Tm 6:3. 7 1Ts 5:21; lTm 6:20; Ap 2:6. 8 Jo 10:14; Ef 5:23; C1 1:18. 9 Jo 1:12; 1Jo 4:2. 10 Rm 6:2; Fp 3:12. 11 1Jo 4:19-21. 12 Gl 5:24. 13 Rm 7:15; G1 5:17. 14 Rm 7:24,25; 1Jo 1: 7-9. 15 At 4:17,18; 2Tm 4:3,4; 2Jo :9. 16 Jo 16:2.

Confissão de Fé Belga
Artigo 29