Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. Romanos 1:21-25
Nuvens negras ameaçam o horizonte do cristianismo no Brasil. E o atual cenário político não ajuda em nada para tornar o quadro menos ameaçador. Não é difícil identificar duas dessas nuvens: o secularismo e o paganismo.
O primeiro é patrocinado e promovido pelo Estado, procura minar valores cristãos tradicionais, como a família e a sacralidade da vida, promovendo o homossexualismo, o aborto e a legalização das drogas. O segundo visa atacar a singularidade de Cristo e a exclusividade do evangelho, promovendo um sincretismo religioso em que qualquer forma de expressão religiosa é aceitável, menos a fé cristã. Em ambos os casos, qualquer manifestação cristã é rotulada de discurso de ódio e sujeito à intolerância dos tolerantes. Este é o quadro, conforme vejo. A questão é como a Igreja reage diante dele?
Uma parte da igreja é se fecha em si mesma, esperando que a vinda de Cristo e o arrebatamento interrompa essa onda secularizante e paganizante. É claro que não há nada de errado em anelar pela volta do Senhor, quando Ele enfim estabelecerá seu reino na terra. Isto se constitui na bem aventurada esperança da igreja. Porém, o motivo para ansiarmos pela volta do Senhor deve ser menos a pressão do mundo e mais o desejo de estar com Cristo. Não devemos orar “ora vem Senhor Jesus” por covardia, mas de saudade. Além disso, enquanto esperamos a volta iminente do Senhor, devemos ser sal da terra e luz do mundo, e o sal não cumpre sua função no saleiro e a luz não ilumina posta sob a cama. Portanto, se colocar num casulo esperando a metamorfose na vinda do Senhor não é a melhor opção.
Outra reação da igreja tem sido o engajamento político, numa tentativa de devolver os valores cristãos ao Brasil através da influência política. Daí os discursos renovados a cada período eleitoral, de que devemos eleger representantes dos cristãos (nem estou falando de representantes evangélicos ou da "nossa igreja"). Há um erro e um risco, aqui. O erro é pensar que o país será cristão através de leis justas (embora elas sejam boas e necessárias). A própria lei de Deus é incapaz de salvar, antes agrava o pecado latente no coração do homem. Quanto menos as leis humanas, falhas que são, irão mudar a disposição má do coração dos homens. Na melhor das hipóteses, servirá como instrumento da graça comum, para restringir a plena materialização da maldade dos homens, se houver punição para os transgressores, realidade que, convenhamos, não é a do nosso país.
Além disso, a tentativa da igreja de mudar a sociedade através da influência política, especialmente nas casas de leis, traz em si um grande risco. Num sistema democrático, tanto a eleição como a aprovação das leis se dá pelo voto da maioria. Isto significa que concessões precisarão ser feitas e a primeira delas será uma redefinição do evangelho, para torná-lo palatável à essa maioria. A cruz será facilmente removida e a ênfase recairá numa das versões "bem vistas" do evangelho, que aliás não é evangelho de forma alguma (sem cruz, sem evangelho). Conseguida a vitória por essa via, o resultado não será um país cristianizado, e sim uma cultura que será religiosa na sua manifestação, mas pagã na sua essência.
A única saída para a igreja brasileira é um avivamento. Por avivamento quero significar um verdadeiro quebrantamento diante de Deus, seguido da pregação genuína do verdadeiro evangelho e uma firme determinação de arcar com as consequências da decisão de obedecer a Deus antes que os homens. Não há outra alternativa, a igreja verdadeira sempre será uma contra-cultura a corroer a cultura dominante por dentro. Isso porque viverá e pregará o evangelho da glória de Deus, que é o único poder capaz de salvar o homem do estado de perdição e rebelião que se encontra.
Se a igreja experimentar um verdadeiro avivamento, quando leis ímpias forem promulgadas, os cristãos as desobedecerão. Se o odiado evangelho for oficialmente proscrito, ainda assim os cristãos o proclamarão. Se por isso forem colocados em prisões, a casa de César ouvirá seu testemunho e muitos ali se converterão. Pois o evangelho não é “um poder”, é “o poder”, não do povo nem do magistrado, mas de Deus.
A ameaça ao cristianismo é real e inevitável. Se enclausurar não resolve. Votar bem não bastará. A saída é se humilhar, orar e confessar nossos pecados diante de Deus e proclamar o evangelho da cruz. Fora isso, o cristianismo brasileiro será engolido pelo secularismo e pelo paganismo.
Soli Deo Gloria
Excelente reflexão. A crença em um messianismo político é um engodo em que não podemos cair. A autoridade que Cristo outorgou a igreja não está nas mãos de nenhum Chefe de Estado, mas no povo de Deus.
ResponderExcluirQue O Senhor Nosso Deus derrame em nossos corações graça abundante de maneira a nos conduzir a um avivamento genuíno que gere as transformações em nosso país, mas que as mudanças comece em cada um de nós e no seio de nossas igrejas.
Graça e Paz!
A igreja só tem a perder quando apela para a política como solução, seja demonizando um partido ou candidato, seja messianizando outro. O cristão, como cidadão, pode e deve ser ativo na política. Mas a igreja jamais deve se aliançar com o mundo, menos ainda entrar no jogo, em geral sujo, da política eleitoral.
ExcluirEm Cristo,
Pode um candidato cristão governar num Estado secular e manter Cristo no coração,ser cristocentrica,seguir as doutrinas cristãs,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,?Não estara servindo dois senhores,?
ResponderExcluirAcredito que pode. Temos exemplos bíblicos, como José e Daniel. E temos exemplos na história, como Kuyper, na Holanda.
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