“Eis o meu servo, a quem sustenho; o meu eleito, em que a minha alma se deleita; pus o meu espírito sobre ele; produzirá juízo entre os gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará com que a sua voz seja ouvida na rua. O caniço ferido não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; produzirá julgamento em verdade” (Is 42.1-3, KJV)
Deus o chama aqui de seu servo. Cristo era o servo de Deus no melhor serviço que já teve, um servo escolhido e seleto que fez e sofreu tudo por comissão do Pai. Nisso podemos ver o doce amor de Deus para conosco, em que ele reputa a obra de nossa salvação por Cristo seu maior serviço, e naquela ele porá seu amado Filho único para tal serviço. Ele bem pode ser chamado de “Amado” para elevar nossos pensamentos ao mais alto grau de atenção e admiração.
Na hora da tentação, as consciências apreensivas olham tanto para o problema presente em que estão, que precisam ser incitadas para contemplar a ele, em quem podem encontrar repouso para suas almas aflitas. Nas tentações, é mais seguro olhar para coisa nenhuma, a não ser Cristo, a verdadeira serpente de bronze, o verdadeiro “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1.29). Esse objeto salvífico tem uma especial influência consoladora para a alma, especialmente se olharmos atentamente não apenas para Cristo, mas para a autoridade do Pai e seu amor nele. Pois em tudo que Cristo fez e sofreu como Mediador, devemos ver nele Deus reconciliando o mundo consigo (2 Co 5.19).
Que apoio esse para a nossa fé, que Deus Pai, a parte ofendida por nossos pecados, seja assim agradado com a obra de redenção! E que conforto esse, que, vendo o amor de Deus repousar sobre Cristo, que tanto se apraz nele, podemos inferir que ele também se agrada conosco, se estivermos em Cristo! Pois seu amor repousa num Cristo inteiro, no Cristo místico, tanto quanto no Cristo natural, porque ele o ama e a nós com um amor. Que abracemos, portanto, Cristo, e nele o amor divino, e edifiquemos nossa fé com segurança em um tal Salvador que foi provido com uma tão alta comissão.
Richard Sibbes (1577-1635)
In: O caniço ferido, Editora Monergismo
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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