O nascido de novo e o pecado

“Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado… todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado” (1 Jo 3.9; 5.18).
Uma pessoa nascida de novo, ou seja, regenerada, não comete o pecado como um hábito. Não peca mais com seu coração, sua vontade e toda a sua inclinação natural, como o faz a pessoa não-regenerada. Havia um tempo em que ela não se preocupava com o fato de que suas atitudes eram pecaminosas ou não, um tempo em que não se entristecia após fazer o mal. Não havia qualquer luta entre ela e o pecado; eram amigos. 

Agora a pessoa nascida de novo odeia o pecado, foge dele, combate-o, considera-o sua maior praga, geme sob o fardo da presença dele em seu ser, lamenta quando cai diante da influência do pecado e deseja intensamente ser completamente liberta dele. Em resumo, o pecado não lhe causa mais satisfação, tampouco é algo para o que ela se mostra indiferente. O pecado tornou-se para a pessoa nascida de novo uma coisa abominável, que ela detesta. 

Ela não pode evitar a presença do pecado. Se disser que não tem pecado, não haverá verdade em suas palavras (1 Jo 1.8). Mas a pessoa regenerada pode afirmar com sinceridade que odeia o pecado e que o grande desejo de sua alma é não mais cometê-lo, de maneira alguma. O indivíduo regenerado sabe, conforme o disse Tiago, que “todos tropeçamos em muitas coisas” (Tg 3.2). Todavia, ele pode afirmar com sinceridade, diante de Deus, que tais coisas lhe causam tristeza e aflição diariamente e que toda a sua natureza não as aprova.

J. C. Ryle
In: Revista Fé Para Hoje, da Editora Fiel

6 comentários:

  1. Clóvis:

    NA Bíblia Sagrada há passagens difíceis. Essa é uma delas. J. C. Ryle fez o melhor para explicá-la, de forma harmoniosa com a doutrina reformada. No entanto, seu esclarecimento permenece imperfeito. Ele diz que o regenerado odeia o pecado e deseja ardentemente não mais cometê-lo. ISSO É VERDADE. Contudo, o texto sagrado afirma algo superior: o nascido de Deus NÃO COMETE PECADO/NÃO PODE PECAR/O MALIGNO NÃO LHE TOCA. (A tradução usada acima parece ter sido baseada no entendimento que Ryle expôs, pois usa o conceito de ação contínua: não vive na prática do pecado/não vive em pecado. Isso pode obscurecer um pouco o que a Escritura afirma).
    Dallas Willard comenta que numa ocasião ele, com seu grupo de graduados, estudava a Escritura. Comentando essa passagem, um dos mais sofisticados, entre eles, apresentou substancialmente a mesma posição que Ryle, acima:"aquele que é nascido de Deus não peca o tempo todo ou continuamente". Dallas continua: "Experimentamos um curto momento de triunfo". No entanto, ao continuar a reflexão, o grupo encontrou problemas graves. Ele afirma: "Uma leitura franca e sem rodeios do texto parecia deixar estas únicas alternativas: ou o indivíduo é livre do pecado ou não é filho de Deus. Uma opção extremamente difícil". Se se pensar na possibilidade de parar de pecar, alguém dirá: "Quem você pensa que é?". Se se afirma que não há propósito ou possibilidade de parar de pecar, gera-se perturbação. "E com razão", diz Willard. De fato, essa passagem gera problemas no Protestantismo.

    O nascido de Deus não peca. Não comete pecado. O Maligno não lhe toca. (1 Jo 3,9 e 5,18).

    Deve-se sair desse problema e entender a Escritura DA FORMA que ela está ensinando, sem rodeios.

    Como fazer, nesse caso específico, já que a exposição de Ryle é, ainda, insatisfatória, pois deixa uma passagem bíblica não devidamente explicada?

    Até logo.

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  2. Clóvis, alguns assuntos que espero que vc aborde aqui: O batismo em Nome de Jesus, Milênio e Romanos 7.

    O 'mestre' da santidade, Ryle, tem muito a nos ensinar.

    Quando puder, leia a critica (e critique), que fiz ao seus post sobre línguas...

    http://mcapologetico.blogspot.com/2011/12/as-novas-linguas-segundo-o-irmao-clovis.html

    abraços

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  3. Luciano,

    Batismo em nome de Jesus eu tratei brevemente num comentário, não faz muito tempo. Romanos 7 está na minha lista.

    Mas sobre milênio, não tenho lá muita coragem de escrever. Sou pré-milenista histórico (não dispensacionalista), mas não sei se conseguiria fazer uma defesa que fosse minimamente aceitável. Mas não custa tentar.

    Quanto ao seu texto, eu já escrevi uma resposta. Mas a deixei em banho-maria, pois antes dela quero postar a defesa positiva que estou fazendo do dom de línguas.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  4. Gledson,

    Reconheço a dificuldade da passagem. Acho a explicação de Ryre uma boa explicação e possivelmente a mais acertada, pelo que a publiquei. Mas não afirmarei que é a melhor explicação que temos.

    Você poderia nos expor o seu entendimento da passagem, ou a do catolicismo romano? Independente de virmos a concordar ou não, apreciarei que o faça.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  5. Primeiro, citarei o que o pe. Vicente Wrosz escreveu sobre 1 Jo 1,8-10 e 1 Jo 3,9 e toca essa questão:
    “Como resposta, é bom lembrar o princípio bíblico de que entre as verdades bíblicas, reveladas por Deus, não pode haver contradições.” (...) “Por isso a tradição apostólica interpreta as palavras de I Jo 3,9 (...) no sentido de “não deve pecar gravemente”, já que possuindo a graça de Deus, tem suficiente força para vencer as tentações. Enquanto as claras palavras em I Jo 1,8-10 falam dos pecados leves...”

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  6. Clóvis,

    Concordo com a explicação do PE. Vicente e explico a razão. O texto bíblico é entendido como está escrito.

    1 Jo 1, 8: se dissermos que não temos pecados, enganamo-nos a nós mesmos...
    Então, TEMOS PECADOS. Praticamos pecados. Temos DE reconhecer isso.

    1 Jo 1,9: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados...

    Basta confessarmos para receber o perdão (com o devido arrependimento e etc.).

    1 Jo 1, 10
    Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso....

    Outra vez a necessidade de reconhecer que cometemos pecados.

    É uma verdade estabelecida.

    1 Jo 3,6
    Qualquer que permanece nele não peca...

    É importante notar que o texto não diz "não peca sempre" ou coisa do tipo, mas que o fiel NÃO PECA.

    1 Jo 3,9
    Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado...

    Outra verdade estabelecida.

    Em primeiro lugar é uma realidade cometermos pecados, mesmo salvos, pelo que devemos pedir o perdão de Deus. São Tiago afirma que “Todos tropeçamos em muitas coisas”.

    Em segundo lugar, é um fato que a PERMANÊNCIA em Cristo impede cometer pecado.

    A harmonia das passagens funda-se na verdade de que embora cometamos pecados muitas e muitas vezes, esses pecados não ferem a comunhão com Deus a ponto de separar-nos dEle. Há aqui a doutrina dos "graus de pecados: leve e mortal". Basta que estejamos sempre humildes e contritos e confessemos os pecados. Os pecados mortais, por sua vez, são aqueles cometidos quando o fiel afasta-se do Senhor e O ofende deliberadamente, merecendo a morte eterna. Esse tipo de pecado, aquele que permenece em Cristo NÃO COMETE.

    Até logo.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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