A resposta de Armínio ao artigo "Cristo morreu por todos os homens"

Na sua resposta a artigos difamatórios, Armínio responde ao um que lhe é atribuído: "Cristo morreu por todos os homens, e por cada indivíduo".

Sua resposta começa com uma negativa, a de que nunca fez tal afirmação, "quer em público, quer em particular, exceto quando a acompanhei de uma explicação", qual seja, a de que se por ela se pretende dizer que “o preço da morte de Cristo foi pago por todos e por cada um” ele concorda, mas se a ideia é a de que “a redenção que foi obtida por aquele preço é aplicada e transmitida a todos os homens e a cada um”, então ela a desaprova inteiramente.

Em seguida ele diz que se alguém discordar da primeira afirmação, que dê um jeito de responder às passagens (1Jo 2:2; Jo 1:29; Jo 7:51; Rm 14:15 e 2Pe 2:1,3) que "declaram que Cristo morreu por todos os homens". Segundo ele, tudo é uma questão de interpretação, de falar usando os termos que a Bíblia usa. De minha parte, eu acredito que há boas explicações para essas passagens, sem implicar a chamada expiação ilimitada. Mas por ora vamos focar na resposta Armínio.

Primeiro, como faz em grande parte dos artigos, Armínio procura se esquivar, negando ter declarado isso a seco, embora seja exatamente isso que defenda. Dada a sua concordância com ele, ressalvada a explicação dada, o mesmo nem mesmo pode ser chamado de difamatório. 

Em seguida, ele também se esquiva ao assumir uma das duas posições e pedir que os que discordam dela que se virem com as passagens que parecem apoiá-la, ao invés de mostrar, pelas Escrituras, como a primeira posição não implica a segunda. Ele diz que “o preço da morte de Cristo foi pago por todos e por cada um” e que por esse preço pago e recebido se obtém a redenção, mas mesmo assim, "somente os fiéis participariam dessa redenção". Ou seja, a morte de Cristo não é em si eficaz, ele precisa ser tornada eficaz por um outro ato, este realizado pelo homem.

Além disso, a posição assumida é incoerente. Segundo o arminianismo, Deus previu desde a eternidade quem iria crer, ou seja, quais indivíduos seriam os fiéis que participariam dessa redenção e, por implicação, os indivíduos que não creriam.  Mesmo sabendo disso, Deus designou que Seu Filho pagasse o preço da redenção daqueles que Ele sabia que não seriam redimidos de forma alguma. Tal ideia depõe contra a sabedoria divina.

Outra implicação é a de que, como Cristo pagou e o Pai recebeu o preço de redenção de quem não será salvo, pessoas cuja penalidade pelo pecado foi paga irão para o inferno. No inferno haverá pessoas por quem Cristo pagou plenamente o preço devido à salvação delas! Isso significa que para tais pessoas o sacrifício de Cristo foi em si mesmo em vão, pois nem a obra do Filho e nem a vontade do Pai juntas foram capazes de tornar o sacrifício válido para elas.

Soli Deo Gloria

10 comentários:

  1. Simplesmente muito bom Clóvis, Deus o abençoe.

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  2. Engraçado, para que Deus sonda os corações? Não determinou desde a eternidade, os que seriam salvos e receberiam o novo coração? Para que sondar o coração dos homens? Acaso Ele pretendia achar algo diferente do que determinou que estivesse lá (coração de pedra ou coração de carne a partir de determinado momento da vida daquela pessoa)?. Os argumentos para desmerecer o arminianismo são "sem pé nem cabeça", Deus, através de Jesus pagou pelo pecado e ofereceu a graça da oportunidade da reconciliação (o véu se rasgou, acesso livre a todos, sem intermediários), vai a Ele quem quer, recebe quem quer, se abre quem quer. Se render ao presente é assumir nossa incapacidade e miserabilidade, resistir, pura soberba, orgulho e apego as trevas. Creio que todo homem nasce com um minímo de sensibilidade a Graça, uns se apegam as trevas e perdem completamente a sensibilidade (se endurecem), outros guardam minimamente o seu coração e se rendem. Por isso faz diferença ensinar o caminho que se deve andar desde a infancia. Realmente Deus previu, por isso Ele sonda os corações e é essa nossa condenação somos pecadores e alguns além de pecadores, preferiram se manter orgulhosos e soberbos (assim como Faraó que se endureceu primeiro) se apegando as trevas até o fim e ao invés de se submeter resistiram a maior demonstração de amor de Deus a humanidade e escolherem seus destinos separados de Deus. O Arminianismo propôe uma justa condenação, de quem não é apenas pecador, mas um pecador obstinado, profundamente apegado as trevas que se fez filho do Diabo e completamente insensível as coisas de Deus.

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    1. Marcio,

      Paz seja contigo e obrigado pelo seu comentário. Vamos a ele.

      Deus tem conhecimento completo, perfeito e imediato de todas as coisas, reais ou possíveis. Portanto, Ele não precisa sondar os corações dos homens para descobrir o que há neles, pois não adquire conhecimento como nós. Quando a Bíblia diz que Deus esquadrinha os corações, não é para nos informar de como ele conhece os nossos segredos, e sim para declarar que nada está oculto aos Seus olhos. Por assim diz, é um modo de falar, que se acomoda à nossa maneira de entender.

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    2. Em meu texto, de modo algum desmereço o arminianismo. Embora discorde dele em vários pontos, concordo em outros tantos. E nos pontos em que discordo, o faço de forma respeitosa, sem menosprezo.

      Porém, afirmar que "todo homem nasce com um mínimo de sensibilidade à graça" e que os que os diferencia é o uso que fazem dessa sensibilidade, afasta-se do arminianismo que ensina a depravação total do homem caído.

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  3. interessante, o sangue de Jesus só salvou aqueles a quem Ele quis.

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    1. E qual seria a alternativa? O sangue de Cristo salvou os que Ele não queria salvar ou não foi capaz de salvar aqueles que Ele queria?

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    2. Um argumento contra a expiação limitada 1 timoteo 2:6

      que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.
      1 Timóteo 2:4

      Muitos calvinistas dizem que 1 timoteo 2:4 é a vontade de desejo de Deus e nao a sua vontade de decreto, que é a sua vontade revelada e nao a secreta , que Deus em sua vontade de desejo, deseja que ninguem peque, deseja que todos os homens se arrependam e que todos eles sejam salvos. Mas o meu ponto é que se paulo no versiculo 4 diz que são todos da humanidade que Deus deseja salvar, então no versiculo 6 só pode ser que Jesus morreu por todos da humanidade.

      Mas se paulo diz que são todas as classes de pessoas, isso significa que quando voce prega o evangelho Deus nao deseja salvar a todos que recebem o convite, alem de nao ser uma oferta sincera , mas segundo ezequiel e mateus 23:37, quando voces pregam o evangelho, Deus deseja que todos eles que escutam sejam salvos pois ele morreu por todos eles, conforme paulo diz no versiculo 6


      qual se entregou a si mesmo como resgate por todos.
      1 Timóteo 2:6


      Se todos no versiculo 4 são todos da humanidade então no versiculo 6 só pode ser todos por quem jesus morreu, mas se todos no versiculo 4 não são todos na humanidade então significa que Deus nao possui nenhum desejo salvador para com o nao-eleito e por tanto a oferta de perdao do evangelho é falso

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  4. Perfeito para analise,e balanceamento de ideias...
    Abraços e Paz!!!
    http://lulopesfada.blogspot.com.br

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  5. Olá Clóvis

    Boa tarde

    A Graça de Deus é algo impessoal e vem de um Ser Pessoal ( Deus) e atua em um ser pessoal ( ser humano) logo a própria ação da Graça de Deus depende da ação humana pois se faz necessária uma atuação e cooperação de um ser pessoal assim como Deus sendo um Ser Pessoal age colocando a Graça o crente no Senhor coopera e cooperando também age então temos que pessoalidade e ação existem no seres pessoais e a Graça só não atua pois a mesma depende do ato consciente tanto de Deus como do homem. Temos então duas ações de seres pessoais Deus e o crente no Senhor.

    Um grande abraço

    Luiz

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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