O Desafio da Filosofia para um Cristão

A filosofia apresenta um desafio específico para o cristão, de modo tanto positivo quanto negativo. A filosofia é útil na construção do sistema cristão e na refutação de pontos de vista contrários. Há um texto crucial no Novo Testamento que corresponde a estas duas tarefas. Paulo disse: "Anulamos sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus [aspecto negativo], levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo [aspecto positivo]" (2Co 10: 5). Sem um conhecimento eficiente da filosofia, o cristão está à mercê do não-cristão na arena intelectual. O desafio, portanto, é para o cristão "superar no pensamento" o não-cristão tanto na edificação da igreja quanto em derrubar sistemas do erro.

Se esta é a tarefa do cristão na filosofia, como, pois se explica a advertência do apóstolo Paulo no sentido de "cuidar que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia" (Cl 2:8)? Infelizmente, alguns cristãos têm entendido este versículo como sendo uma injunção contra o estudo da filosofia. Esta ideia é incorreta por várias razões. Primeiramente, o versículo não é uma proibição contra a filosofia propriamente dita, mas, sim, contra a falsa filosofia, pois Paulo acrescenta: "e [cuidado com] as vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens." Na realidade, Paulo está advertindo contra uma filosofia falsa específica, um tipo de gnosticismo incipiente que tinha infiltrado a igreja em Colossos (o grego tem um artigo definido que indica uma filosofia específica). 

Finalmente, não podemos realmente "acautelar-nos" da falsa filosofia a não ser que primeiramente tenhamos consciência dela. Um cristão deve reconhecer o erro antes de poder ir contra ele, assim como um médico deve estudar a doença antes de poder tratá-la com o devido conhecimento. A igreja cristã tem sido ocasionalmente penetrada por falsos ensinos exatamente porque os cristãos não foram adequadamente treinados a detectar a "enfermidade" do erro. Uma boa falsificação ficará tão perto da verdade quanto possível. É por isto que as filosofias falsas, não-cristãs, que estão vestidas com roupagem cristã são especialmente perigosas. Realmente, o cristão que mais provavelmente se tornará presa da filosofia falsa é o cristão ignorante.

Norman Geisler & Paul Feinberg
In: Introdução à Filosofia

20 comentários:

  1. A falsa filosofia nos afasta do conhecimento de Deus. A filosofia no sentido de simpatia com o conhecimento, nos faz pensar e refletir. É preciso ver além da letra, portanto filosofia é uma espécie de investigação que nos leva a buscar porquês, mas nunca deixando o conhecimento de Deus de fora, pois neste sentido entramos em uma área intelectual, destituída da verdade que vem do alto.
    O senso comum, em uma humanidade sem a sabedoria divina, pode ser riquíssimo em suas tradições, mas ainda é um campo de incertezas e manipulações, onde o jogo do poder e das ideias, nos faz cativos a instituições e homens. Quando estes são pelo menos íntegros e valorosos, tudo bem, o problema é quando conseguem impedir, através da retórica, que enxerguemos as suas imperfeições.

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    1. Asicq Artes,

      Eu ainda estou procurando compreender a relação entre teologia e filosofia. Neste ano, programei minhas leituras nessa linha.

      Mas já sei que há a boa filosofia e a vã filosofia.

      Em Cristo,

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    2. Eu sempre fui preconceituoso com a filosofia até conhecer um pastor filósofo. Tivemos umas considerações e passei a entender que a filosofia é uma espécie de investigação do conhecimento, portanto pode ser usada no expandir da mente em relação às escrituras.
      O problema é quando a filosofia busca um conhecimento dissociado da revelação e Deus. Pensar é uma arte e fazer os outros pensarem é melhor ainda. Gosto de pessoas que pensam e questionam. Neste ponto eu sou desafiado, o problema é quando não conseguimos uma geografia de respeito, pois podemos discordar em tudo, mas admirar as colocações em sua estrutura.

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    3. Acho que quem quer aprender precisa entender que a verdade não tem dono, existe uma questão absoluta que não se discute, mas existem também coisas que embora aconteçam, precisam ter o atestado das escrituras. A filosofia nos faz mais Bereanos e investigadores do que está escrito, embora nem sempre o que está escrito, lemos como está escrito e sim em função do universo que nos dá segurança.
      Posso colocar um texto claro, absoluto, sem margem de interpretação, literal, mas quando enredado por um conhecimento tendencioso, a letra é decodificada em acordo com os meus paradigmas.
      Precisamos deixar o Senhor quebrar os nossos paradigmas e mesmo se momentaneamente ficarmos sem a visão espiritual, ou caídos a beira do caminho, sempre existirá um recomeço e uma nova e surpreendente trajetória. Renovar é sempre preciso, mesmo se a dor da mudança for necessária.

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    4. Eu não diria que tenho ou tive preconceito. Minha questão é mais que não priorizei esse estudo e quero fazê-lo agora. Não pretendendo me aprofundar, mas ter um "mínimo para não ser um idiota".

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  2. Na verdade Paulo sabia o chão que pisava e tentava ensinar a igreja a não se impressionar com a sabedoria deste mundo, pois é uma linha tênue a que separa a filosofia, a verdade e o conhecimento da verdade. Podemos saber onde está a verdade, mas não adianta saber onde está a verdade e até mesmo conhecer a verdade, se a luz que nos ilumina quando na verdade, não for a que vem do alto.
    Por isto mas importante que conhecer e andar na verdade, é andar na luz, como Ele na luz está, pois desta forma poderemos nos distanciar da sabedoria do mundo e das trevas interiores, quando embriagados pelo conhecimento sem a revelação divina.

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  3. Muito boa a sua abordagem e realmente precisamos incentivar as pessoas a pensarem. Pensar é uma prova da nossa existência, quer seja ela intelectual, religiosa, psicológica, mas existimos e refletimos um com a imagem do outro.
    Pensar é transgredir é quebrar paradígmas, é um desafio que embora estáticos, nos faz em movimento, nos leva a lugares que ainda não conhecemos dentro de nós.

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    1. Sou do meio pentecostal e sofremos com o anti-intelectualismo em nosso DNA. Graças a Deus isto está mudando.

      Em Cristo,

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    2. Meus primeiros anos foram no pentecostalismo. Eu entendo o que você está falando, mas com certeza pessoas como você sempre serão a minoria. Digo isto sem o menor constrangimento. O meio pentecostal é muito dado as experiências e com certeza são válidas! Eu tenho as minhas, mas não quero fazer delas teologia, cada caso é um caso. Em um meio onde o céu precisa descer, em todo culto, para que se sinta a presença de Deus, fica difícil quere ouvir o que se fala. Lembra-se de Pedro quando queria montar uma tenda no monte da transfiguração?
      Deus sempre fala, mesmo quando não fala, ele manifesta o som do meu coração diante da sua palavra. Desta feita eu ouço o que reverbera nas paredes do meu coração e me acalento.

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    3. Por outro lado as igrejas “ ditas Históricas” perderam o cheiro do sobrenatural, das experiências com Deus e se fixam muito na doutrina reformada. Eu aprendi nos últimos anos que só sei que nada sei!!! Tanto de Deus, como da teologia e suas doutrinas e principalmente do ser humano e suas multiformes máscaras existenciais.
      Aprendi a viver como Fenix, ressurgindo das cinzas pelo poder de Deus e confundindo o mundo espiritual sobre a capacidade humana em superar a dor e as tragédias.

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    4. Sou um ser em processo e neste período da minha existência tenho sido alvo de algo que não se limita apenas a fé, mas principalmente em conhecer a mim mesmo, ao meu próximo e principalmente aos que me relaciono mais de perto.
      Descobri que o tempo não existe, sendo apenas uma maneira encontrada para nos submetermos a uma ordem e quando nela, nos limitamos em nós mesmos. Quando percebi que o tempo é a eternidade deixei de lado muitas questiúnculas e passei a olhar com o coração e ouvir a voz do coração, tanto do meu quanto dos outros.

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    5. Colocando os meus pecados diante do meu Senhor e me envergonhando a cada dia por saber que apesar do que sou, pois eu sei coisas horríveis sobre mim mesmo que ninguém sabe e nem vai saber, ele me acalma com seu perdão, ficando a minha natureza caída, junto com o meu ego, pendurada no madeiro pelo sacrifício do meu Senhor.
      Ou seja, embora justificado pelo seu sangue, continuo pecador, mas salvo da contaminação do pecado, que embora ainda habite em mim, não tem mais poder de me dar prazer, alegria e no fim dor e morte.
      Um grande abraço Clóvis!!! Eu tenho aprendido muito com o que você escreve e não se abata diante das argumentações sem sentido,pois no fundo no fundo, quem desdenha quer comprar!!!

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    6. Carlos,

      Achei interessante o que você comentou sobre o tempo. Parece que a discussão geralmente se refere ao "eterno agora" ou "tempo sem fim". Que "o tempo não existe" parece uma ideia nova para mim.

      Poderia comentar um pouco mais sobre isso?

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    7. Eu entendo que precisamos estabelecer marcos.A idéia do ano novo é apenas para pensarmos que existe um início e um fim, ou seja, um novo ciclo. Na realidade tudo continua, o que muda é a nossa expectativa para o novo. No campo das idéias já nascemos conscientes e em um dado momento somos apresentados a um universo de informações, que tradicionalmente recebemos como verdades. Com o tempo acreditamos que aprendemos mas na realidade a coisa é como sinais de rádio, só que ondas cerebrais. Alguns conseguem nesta mente universal ir além. Alguns chamam de espertize, ou conhecimento comprimido, ou bom senso, ou seja uma maneira brilhante, que o senso comum não comporta. Quando somos jovens as coisas demoram mais, pois este tipo de conhecimento ainda não é percebido.Com a idade a espertize nos mostra que o tempo transcende o calendário e a nosso própria existência. Quando nascemos do alto temos agora essa consciência da eteternidade . Não que sejamos pre-existentes, pois primeiro foi o natural, depois o espiritual, mas agora o tempo já não nos limita, pois nossa mente, ligada a de Cristo, nos mostra que não é mais necessário a ansiedade, pois até a estatura de varão perfeito, o tempo que nos está destinado, neste tabernaculo, não pode nos limitar em nós mesmos, em nossas questões .Podemos agora entender que as coisas que os olhos não viram e os uvidos não ouviram, embora não se conforme a nossa dimensão, encontramos na eternidade, pois já é a dimensão divina, que habita em nós, nos dando a certeza que o nosso tempo será sempre o agora, pois o que não tem fim, , não encontra medida, comparação e aferidor. Por isso deixamos com a maturidade, a vitimizacao, as questiúnculas e descansamos no gozo da soberania de Deus, sendo ele o Alfa e o omega, o principio e o fim, não podemos permitir a ansiedade da limitação, causada pelo tempo, , enquanto entendemos tudo apenas pela fé.

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    8. Portanto a existência do tempo está limitada a esta dimensão natural.Quando na natureza divina, nascidos de Deus, somos atemporais. É mais ou menos isspara mim a inexistência do tempo, pois embora o homem exterior se corrompe , o interior se renova a cada dia. Espero não ter sido prolixo, pois a questão é forum íntimo, portanto pode ser contestada, sendo apenas a minha interpretação do universo que me entendo inserido.

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  4. Asicq Artes disse:

    Eu não estou defendendo o Clóvis, mas a geografia do debate, pois o Clóvis tem quem o defenda, da mesma forma que eu e você.

    Observando o viés das postagens de Asicq, o seu perfil, e a ausência de crítica a uma bobagem monumental afirmada por Clóvis, dá pra perceber o tamanho da isenção desse rapazkkkk.

    Vocês, calvinistas, são um bando de covardes, isso sim!

    Clóvis teve a audácia de reafirmar o absurdo, mas não tem a coragem de abordar o antagonismo contido na afirmação oriunda de sua pena!Nem ele e nem ninguém de bom senso!
    Já disse isso, mas vou repetir : Vão crescer, bando de muleques!

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    1. Alexandre,

      Se você ainda não percebeu, estou te ignorando solenemente. Só não te excluo de minhas orações.

      Fique em paz.

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    2. Quanto a me ignorar, pouco me importa.
      Na verdade, nem você e nem ninguém desse blog vai tratar da bobagem que você afirmou.Vão ficar aí, hora jogando a responsabilidade nas minhas costas, hora, escrevendo sobre tudo, menos sobre a questão proposta, e hora dando um jeitinho de sair bem na pose.

      Seja corajoso, e em poucas linhas, trate do contraditório, do antagonismo presente na sua afirmação, não sobre outra coisa qualquer, como já fez aqui.
      Assim, até eu viro apologista, saio por cima num debate.
      Você reafirmou o que disse.O Asicq acha que fui muito duro.Ele quer simplesmente que se esqueça o assunto.Aí fica fácil.

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    3. Antes de tudo...a Paz do Senhor a todos

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    4. Não entendi nada!!! Cai do navio, Desculpem-me pela ignorância e pela intromissão. Para mim apagaram as luzes. Venho lendo o bolg, sendo abençoado, tanto com o assunto, que é muito pertinente e também as dissertaçoes, tanto da parte do Irmão Clovis, quanto da parte do Irmão Carlos, principalmente falando sobre o tempo, e de repente, meio que desastrosa, não entendi nada. Alexandre, me desculpe, merecemos maiores explicacoes.
      obrigado
      N'Ele que é a Verdade e não há sombra de dúvidas

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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