Um chamado à batalha


(...) No culto de abertura do curso, há quatro anos atrás, eu disse que pela graça de Deus chegaríamos a esta noite de formatura. Por isso, toda honra e toda glória deve ser dada a Ele, por este momento tão especial.

Dirijo-me aos agora formados. Tive o privilégio de estudar juntamente com vocês as 36 matérias do curso de teologia. Se alguma coisa ensinei, Deus o sabe. Sei que aprendi, e muito. E agora tenho a honra de me dirigir a vocês e faltam palavras para expressar minha alegria pelo convite para ser paraninfo da turma.

Procurei uma passagem bíblica que expressasse meu sentimento para esta noite, e me ocorreu a carta do pastor Judas, da qual lerei o verso 3:
“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos”.
O momento é festivo e o que eu mais queria agora era discorrer sobre a nossa comum salvação. Falar sobre aquilo que eu e vocês temos experimentado em Cristo. De como o Senhor nos tirou de um charco de lodo, firmou os nossos pés sobre uma Rocha e pôs um novo cântico em nossos lábios. Seria ótimo relembrar de como o Senhor nos tem transportado das trevas para o reino do Seu amor. E de como Ele nos tem abençoado enquanto buscamos descobrir a sua boa vontade para conosco.

Mas, assim como aconteceu com Judas, também me vejo sob a obrigação de vos falar de algo menos agradável, porém mais urgente: a necessidade de batalhar pela fé uma vez entregue aos santos. 

Do que se trata essa fé? Não se trata da fé pessoal, salvadora. E sim, da verdade essencial do evangelho, o que em outras partes é chamado de sã doutrina. Refere-se ao fundamento dos apóstolos, a revelação contida no Novo Testamento. Essa fé foi entregue de uma vez por todas, o que significa que nenhuma nova revelação normativa será dada até a volta do Senhor. 

Essa verdade foi entregue aos cuidados dos santos, ou seja, da igreja. Cabe à igreja guardar o depósito da fé, por isso ela é chamada de coluna e baluarte da verdade. A linguagem de Judas e o contexto da epístola sugerem que essa fé sofrerá ataques de “indivíduos que se introduzirão de forma dissimulada” no exército do Senhor. E por isso a igreja deve batalhar diligentemente, defendendo com garra a fé que nos foi passada de mãos em mãos, desde os apóstolos até chegar a nós.

É neste ponto que os teólogos, chamados na Bíblia de mestres, provam seu valor para Cristo. Sabendo que os inimigos da nossa fé se introduzem na igreja dissimuladamente e que procuram fazer suas presas através de filosofias e vãs sutilezas, mas conhecendo a verdade do evangelho os teólogos servem como atalaias ao povo de Deus e no momento da luta, colocam-se na linha de frente da batalha, defendendo a verdade com amor, e o amor com a verdade.

Vocês foram chamados pelo Senhor. Foram preparados e equipados por Ele. Assumam suas posições. Sirvam à igreja com amor e aos seus pastores com humildade, mas combatam os inimigos da fé com coragem. E que Deus os abençoe!

Soli Deo Gloria

PS.: Discurso de Formatura da Turma de Teologia "Pastor Pedro Cortez", Toledo, PR.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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