Uma expectação vívida da Parousia deveria ser encontrada na Igreja hoje, como era encontrada na Igreja Primitiva. Qual é o significado desta expectação? Os críticos do Cristianismo, freqüentemente, gostam de dizer que esta expectação leva a um tipo de “vida de outro mundo” ou, seja, a uma vida improdutiva - uma espera passiva pela vida por vir, inclusive negligenciando nossas responsabilidades neste mundo atual. Será isso verdadeiro? Não de acordo com a Bíblia. Herman Ridderbos, escrevendo acerca do ensino e pregação de Paulo, tem isto a dizer: “O motivo escatológico, a consciência da vinda do senhor como algo próximo, tem não uma negativa mas sim uma positiva significação para a vida no tempo presente. Ele não faz a responsabilidade por esta vida ser relativa, mas antes a aumenta". O que ele diz acerca de Paulo pode ser dito sobre todo o Novo Testamento. Que os escritores do Novo Testamento têm a dizer acerca da significação prática da expectação da Parousia para a fé e a vida?
A ênfase mais comum é que nossa expectação, pela volta do senhor, serve como um incentivo para um viver santo. Assim, ouvimos Paulo nos dizer, em Romanos 13, que a proximidade dessa volta deveria nos motivar a expulsar as obras das trevas e vestir as armas da luz; a não fazer provisão para a carne, mas conduzir-nos a nós mesmos convenientemente como em pleno dia (vs. 12-14). Em Tito 2.11-13, Paulo destaca o fato de que nossa vida, entre as duas vindas de Cristo, significa que devemos renunciar às paixões mundanas e viver sensata, justa e piedosamente neste mundo atual. Pedro, em sua primeira epístola, nos diz que lançar nossa esperança totalmente sobre a graça que vem a nós, pela revelação de Cristo, significa para nós a busca diligente do auto-controle, obediência e santidade (1 Pe 1.13-15). E em sua segunda carta ele diz o seguinte: “Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, operando e apressando (ou desejando ardentemente, variante textual) a vinda do dia de Deus...” (2 Pe 3.11-12). O Apóstolo João, em sua primeira epístola, depois de nos dizer quando Cristo se manifestar em glória nós seremos iguais a ele, adiciona: “E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro” (1 João 3.2,3).
De várias outras maneiras nossa expectativa da Segunda Vinda deveria afetar o nosso modo de viver. A manifestação futura do nosso Senhor deveria nos levar ser fieis à comissão que Deus nos deu, assim como Timóteo o fez (1 Tm 6.14). Se continuarmos a permanecer em Cristo, nós deveremos estar confiantes e sem ter do que nos envergonhar diante dele, quando ele aparecer (1 Jo 2.28). A percepção de que, quando o Senhor vier, ele revelará os propósitos dos nossos corações, implica em que não devemos pronunciar julgamentos prematuros sobre outras pessoas (1 Co 4.5). Sermos fiéis e sábios mordomos de tudo o que o Senhor nos tiver confiado para cuidar é outro meio de mostrar que estamos prontos para a volta do Senhor (Lc 12.41-48). Na parábola dos talentos e das minas dá-se ênfase a que a prontidão para a volta de Cristo significa trabalhar diligentemente para ele com os dons e habilidades que ele nos tem dado (Mt 25.1-40; Lc 19.11-27). E, à luz do juízo final, encontrado em Mt 25.31-46, o melhor modo de se estar preparado para a Segunda Vinda, é estar continuamente mostrando amor àqueles que são irmãos de Cristo.
Nossa expectação pela volta do Senhor, portanto, deveria ser um incentivo constante para viver para Cristo e para o seu Reino, e para buscar as coisas que são lá do alto, não as coisas que estão sobre a terra. Mas o melhor modo de buscar as coisas lá de cima é estar ocupado para o Senhor aqui e agora.
Anthony Hoekema
In: A Bíblia e o Futuro.
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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