Esta é a terceira parte de minha resposta ao artigo “Para psiquiatra, doutrina da “dupla predestinação” prejudica a mente”. Recomendo que leia a partir da primeira parte da série.
3. Resposta lógica
Se você entendeu o que foi dito sobre antítese como figura de linguagem deve ter percebido que não faz sentido colocar a predestinação como antítese do amor de Deus. A antítese de amor é ódio, assim como a da luz é trevas, a do espírito é carne, a da graça é lei, a da fé é obras, a de Cristo é o Anticristo, etc. Se antítese é uma palavra ou ideia oposta, qual é a palavra ou ideia oposta de predestinação? O psiquiatra citado parece propor que a ideia oposta à predestinação é livre-arbítrio. Enfim, percebe-se que levando-se em conta a definição de antítese, livre-arbítrio não é a antítese de predestinação, menos ainda amor e predestinação estão em contraste. De qualquer modo, para que antítese como figura de linguagem se caracterizasse, os conceitos deveriam ser justapostos, o que não é o caso.
Parece que Leandro Quadros percebe isso, pois logo mais ele carrega na definição de antítese o conceito de contradição. Timothy Jennings vai pelo mesmo caminho quando diz que as duas ideias (um Deus que ama e um Deus que predestina) são mutuamente excludentes. Portanto, desde o início ambos estão falando de contradição, e não de antítese como ideias contrárias justapostas. Então, a questão com a qual temos que lidar é se as duas ideias são necessariamente auto-excludentes, portanto, contraditórias.
Contradição é quando se afirma e se nega algo sobre a mesma coisa, ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Por exemplo, é uma contradição afirmar que Deus escolhe quem vai ser salvo e negar que Deus escolhe quem vai ser salvo. Ou afirmar que Deus é essencialmente amor e ódio, ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Mas afirmar que Deus é amor e que Deus escolhe quem vai ser salvo não é uma contradição. Talvez seja um paradoxo, e novamente aqui temos que afirmar que o cristão deve crer em paradoxos ou rejeitar o ensino bíblico sobre vários assuntos de vital importância, como a inspiração da Bíblia, as duas naturezas de Cristo, o reino que já/ainda não veio, etc.
Deus ser amor e predestinar para a salvação não são ideias auto-excludentes e ninguém fica louco por afirmar ambas as verdades, como insinua o psiquiatra adventista e divulga o Leandro Quadros.
Continua...
Soli Deo Gloria
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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