Um encorajamento para todos os que pregam


Longe de ser um professor de Bíblia apático, Calvino explicava as Escrituras de uma maneira viva e revigorante a ponto de estabelecer uma relação com seus ouvintes e causar grande impacto entre eles. Sua comunicação era vívida, memorável, clara, agradável e, às vezes, desafiadora ou até mesmo chocante. Sua pregação podia ter um tom pastoral ou profético. Além disso, a intensidade da concentração de Calvino atraía os ouvintes para suas palavras. Outros podem ter sido mais eloqüentes, entretanto, ninguém foi mais compenetrado e cativante do que ele.

Quando Calvino falava, ele sempre estava atento para a “harmonia que deve existir entre a mensagem e o modo pelo qual ela é expressa”. Em outras palavras, ele acreditava que “o modo” — ou seja, a forma como ele falava — “não deveria corromper a mensagem” — ou seja, aquilo que ele dizia. Ao contrário, o método deveria confirmar a essência da mensagem. O estilo literário de Calvino, sua educação em ciências humanas, sua própria personalidade, sua inteligência, e seu momento único na história — estes e outros fatores transformaram seus sermões em belas obras de arte; em obras-primas da habilidade de interpretação.

Apesar de os pastores de hoje estarem mais preocupados com seu próprio estilo de pregação, Calvino ainda permanece como uma fonte de grande encorajamento. Embora não fosse, por natureza, tão talentoso quanto outros para falar em público, o reformador de Genebra conseguiu marcar sua geração, e até mesmo o mundo, através de seu ministério de pregação. Que os expositores tirem força do exemplo de Calvino, pois, no fim, aspectos intangíveis como uma profunda convicção da verdade e vivacidade concentrada na Palavra ainda triunfarão. 

Steven J. Lawson
A arte expositiva de João Calvino, Editora Fiel

6 comentários:

  1. Este livro é fantástico. Deve ser lido e relido por todos aqueles que pregam a Palavra.

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    1. Eduardo,

      Sim, sem dúvida o livro é ótimo. O legal dele é que é bem didático, com as características organizadas em tópicos sequenciais. Leitura agradável e útil.

      Em Cristo,

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  2. Li em algum lugar que as biografias mencionavam que ele costumava andar no corredor da igreja enquanto pregava. Também fiquei sabendo que em um texto de 1583 os diáconos de Genebra diziam que ele pregava com "voz animada".

    Admita, quem não imaginava Calvino meio pacatão???? rsrss

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    1. Eu sempre pensei nele como um pregador que eu gostaria de ouvir pelo conteúdo. Segundo o livro, Schaf disse que Calvino “era desprovido de senso humorístico; ele era um cristão estóico: rigoroso, severo, inflexível, e ainda assim, por detrás da superfície de pedra, brilhavam entusiasmo e afeição ardentes”.

      Com a leitura desse livro vi, que apesar de primar pela precisão, a pregação de Calvino era expontânea, nem mesmo esboço ele levava para o púlpito.

      Em Cristo,

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  3. Com as devidas vênias, merece respeito como ícone teológico, alguém que consente na morte de outrem, se o principio do cristianismo é o amor ao ponto de se possível fora darmos a nossa vida pelo próximo e outra não menos importante é a questão de amor ao nosso inimigo conforme Mt.5.44.
    Grande abraço
    Adriano

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    1. Não creio que haja justificativa para o envolvimento (seja ele qual for) de Calvino na morte de Serveto. Talvez algumas explicações e muitos esclarecimentos que são necessários. De qualquer forma, o episódio Serveto vai ficar sempre como uma mancha na biografia do reformador.

      A questão é se isso o desqualifica como teólogo ou pregador. E se o mesmo critério aplicado a Davi nos forçaria a rejeitá-lo como homem de Deus merecedor de nosso respeito.

      Em Cristo,

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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