Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á. (Mt 10.37–39, RA).
Os fatos, como colocados por Cristo nesta passagem, sob certas circunstâncias, podem tornar necessária uma decisão muito penosa entre os parentes e a verdade. Quando surgem dissensões na família, a política e a experiência sugerem que se siga o meio-termo, sendo esta a maneira, geralmente aceita, em nossos dias para acomodar tudo. Isto, muitas vezes, significa a rendição por parte dos crentes que redunda em negação a Cristo. Isto dá a entender, que laços terrenos, que o amor dos pais e o afeto entre irmãos e irmãs são mais fortes e se arraigaram mais firmemente no coração, do que os comandos expressos de Jesus.
Quando sucede qualquer frouxidão de princípios, da leitura das Escrituras, da oração em particular, de ir aos cultos divinos, de ressentir-se com blasfêmias, então acontece uma negação expressa, ou ao menos implícita, de Cristo por parte daquele que não é digno dele. Esta é uma ordem expressa da preferência acima de todos os interesses terrenos. Na verdade, a confissão escrupulosa de Cristo resultará em não ser agradável e colocará muitas cruzes sobre o cristão sincero, tais como os romanos impunham àqueles que eram condenados ao lenho da maldição.
Há aqui também uma referência profética. O Senhor, usando expressões como estas, estava preparando seus discípulos para o fado que os esperava. Ele, confessando-nos, suportou tudo, até a morte na cruz. A crucificação era uma morte terrível. Mas, por mais horrível que seja, ela significa para nós salvação. Acaso, seus discípulos se mostrariam indignos, recusando-se a segui-lo no caminho do sofrimento, sabendo que uma tribulação de poucos anos lhes trará eterna alegria? A vida do discípulo de Cristo não lhe pertence para fins egoístas.
Jesus usa aqui a palavra “vida” alternadamente pela vida corporal e a vida eterna, a salvação da alma. Aquele que busca e, aparentemente, ganha sua vida aqui no mundo, na busca de lucros temporais, e se esquece de cuidar de sua alma, perderá a salvação de sua alma. Mas, caso alguém, por causa de Cristo e em sua confissão firme, perde a vida terrena com tudo o que ela oferece, este achará mais do que uma compensação total e satisfatória no prêmio de misericórdia da mão de seu Senhor, a saber as glórias da vida eterna.
Paul E. Kretzmann
In: Comentário Popular Mateus a Lucas
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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