Uso de imagens de Deus, de Cristo e dos santos

Imagens de Deus. Visto que Deus como Espírito é, em essência, invisível e imenso, não pode, certamente, ser expresso por qualquer arte ou imagem. Por essa razão, não tememos afirmar com a Escritura que imagens de Deus não passam de mentiras. Assim, rejeitamos não somente os ídolos dos gentios mas também as imagens dos cristãos.

Imagens de Cristo. Embora Cristo tenha assumo a natureza humana, não a assumiu para fornecer modelo a escultores e pintores. Afirmou que não veio “revogar a lei ou os profetas” (Mat 5.17). E as imagens são proibidas pela lei e pelos profetas (Deut 4.15; Is 44.9). Afirmou que a sua presença corporal não seria de proveito para a Igreja, e prometeu que estaria junto de nós, para sempre, pelo seu Espírito (João 16.7). Quem, pois, haveria de crer que uma sombra ou semelhança de seu corpo traria qualquer benefício para as almas piedosas? (II Co 5.5). Se ele vive em nós pelo seu Espírito, somos já os templos de Deus (I Co 3.16). Mas, “que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?” (II Co 6.16).

Imagens de santos. E desde que os espíritos bem-aventurados e os santos do céu, quando viviam aqui na terra, rejeitaram qualquer culto de si mesmos (At 3.12 ss; 14.11 ss; Apoc 14.7; 22.9) e condenaram as imagens, poderá alguém achar plausível que os santos e anjos celestiais se agradem com suas imagens, diante das quais os homens se ajoelham, descobrem as cabeças e dispensam outras honras?

Para instruir os homens na religião e relembrá-los das coisas divinas e da sua salvação, o Senhor ordenou que se pregasse o Evangelho (Mc 16.15) - e não que se pintassem quadros para ensinar os leigos. Instituiu também os sacramentos, mas em nenhum lugar estabeleceu imagens.

A escritura dos leigos. Demais, para onde quer que volvamos os olhos, vemos as criaturas de Deus, vivas e verdadeiras ao nosso olhar, as quais, se bem examinadas como convém, causam ao observador uma impressão muito mais viva do que todas as imagens ou pinturas vãs, imóveis, frágeis e mortas, feitas pelos homens, das quais com razão disse o profeta: “Têm olhos, e não vêem” (Sal 115.5).

Lactâncio, Epifânio e Jerônimo. Por isso aprovamos a opinião de Lactânio, escritor antigo, que diz: “Indubitavelmente nenhuma religião existe onde há uma imagem”. Afirmamos, também, que o bem-aventurado bispo Epifânio procedeu bem quando, ao encontrar nas portas de uma igreja um véu no qual estava pintada uma figura que se dizia ser de Cristo ou de algum santo, rasgou-o e o arrancou dali, por ver, contra a autoridade da Escritura, a figura de um homem afixada na Igreja de Cristo. Por isso, ele ordenou que dali por diante tais véus, que eram contrários à nossa religião, não fossem afixados na Igreja de Cristo, mas antes fossem removidas essas coisas duvidosas, indignas da Igreja de Cristo e dos fiéis. Além disso, aprovamos esta afirmação de Santo Agostinho sobre a verdadeira religião: “Não seja a nossa religião um culto de obras humanas: os próprios artistas que as fazem são melhores do que elas; no entanto, não devemos adorá-los” (De Vera Religione, IV, 108).

5 comentários:

  1. Imagens de Deus são mentira: correto.

    Rejeitamos as imagens dos cristãos: errado.

    Cristo, assumindo a natureza humana, inaugurou novo testamento. Embora as imagens não sejam necessárias, são bastante úteis.

    Imagens de Cristo, e dos santos, são permitidas, pois Cristo é a imagem do Deus invisível. Assim, imagem que O represente é verdadeira.

    A representação se dá pelo simbolo da natureza humana do Senhor, não da Sua divindade, que é invisível. O que é invisível torna-se visível pela humanidade. Então, basta simbolizar a humanidade do Senhor Jesus. É um recurso naturalmente são. No entanto, adorar imagens jamais.

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  2. Clóvis:
    Imagens de Cristo. Embora Cristo tenha "assumo" a natureza humana,
    "assumido"
    Gledson:
    Onde está então na Bíblia sagrada a imagem descritiva de Jesus Cristo?

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  3. Roberto, não há necessidade de descrição da imagem do Senhor na Bíblia. Por isso, escrevi que a representação se dá pelo símbolo.

    Ainda que as comparações são imperfeitas, são úteis. Então, veja o exemplo da bandeira brasileira: ela não está descrevendo o Brasil, não traz fotografia da nada, nem de ninguém, nem mesmo o mapa brasileiro, mas vendo-a em qualquer lugar que alguém estiver, esse se lembrará do Brasil, pois aprendemos que aquela bandeira, daquela forma, é símbolo da nossa pátria.

    As imagens de Cristo lembram a Ele, e isso é o que é importante.

    Até mais.

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  4. A Bíblia é bem clara ao dizer que devemos adorar a Deus em Espírito e em verdade.
    As imagens que dizem ser de Cristo não são de Cristo, pois não se sabe hoje qual era a imagem real de Cristo Jesus. Jesus não era negro e nem europeu,
    E ademais se fosse da vontade de Deus ou do próprio Jesus que se fizessem imagens dele como símbolos da fé, e que se fizesse imagens como representação pelo simbolo da natureza humana do Senhor, o próprio Senhor Jesus Cristo teria ordenado isso aos seus discípulos e isso estaria na Bíblia,
    Portanto, toda e qualquer alegação para justificar uso de imagens de Cristo ou de Santos para veneração não passa de puro sofisma humano para justificar a idolatria do próprio coração do homem perdido, que se recusa a abandonar suas práticas idolátricas.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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