Estamos perdendo nossos filhos


"Perdemos a cultura" e continuamos perdendo nossos filhos. A história trágica e repetitiva é que os jovens crentes, criados em lares cristãos, vão para a faculdade e abandonam a fé. Por que este padrão é tão comum? Em grande parte, porque eles não foram ensinados a desenvolver uma cosmovisão bíblica. Em vez disso, o cristianismo é restrito a uma área especializada de crença religiosa e devoção pessoal.

Recentemente li um exemplo notável. Em certa escola secundária cristã americana, um professor de teologia colocou-se à frente da sala de aula e, de um lado do quadro-negro, desenhou um coração e, do outro, um cérebro. Os dois desenhos ocupavam partes iguais do quadro. Virando-se para a classe, disse: O coração é o que usamos para a religião, ao passo que fazemos uso do cérebro para a ciência. Uma história apócrifa? Uma caricatura de anti-intelectualismo cristão? Não, a história foi narrada por uma jovem que naquele dia estava na sala. Pior, entre uns duzentos alunos, e ela foi a única que contestou. Pelo visto, os demais não acharam nada incomum restringir a religião ao domínio do "coração".

Na função de pais, pastores, professores e líderes cristãos de grupo de mocidade, vemos constantemente os jovens humilhados pela contracorrente de tendências culturais poderosas. Se tudo que lhes dermos for uma religião do "coração", não serão bastante fortes para se oporem à isca de idéias atraentes e perigosas. Os jovens crentes também precisam de uma religião do "cérebro" — educação em cosmovisão e apologética — para equipá-los na análise e crítica de cosmovisões concorrentes que eles encontrarão no mundo afora. Se estiverem prevenidos e armados, os jovens pelo menos terão a chance de lutar quando forem a minoria entre os companheiros de classe ou colegas de trabalho. Educar os jovens a desenvolver uma mente cristã já não é opção; é parte indispensável do equipamento de sobrevivência.

Nancy Pearcey
In: Verdade Absoluta, CPAD

13 comentários:

  1. Maravilhosa postagem, maravilhoso livro de Nancy Pearcey, mas um triste diagnóstico!

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    1. Triste e verdadeiro. Mas acredito que no Brasil começamos a perder nossos filhos no ensino médio.

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  2. Acredito que o fundamentalismo comum em igrejas nacionais é o pior direcionamento religioso que os jovens têm recebido.

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    1. Caro anônimo,

      O que te faz pensar isso? O que você entende por "fundamentalismo" (é um termos sempre carente de definição) e como os jovens tem sido afetado por eles?

      Em Cristo,

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    2. Primeiro os jovens aprendem a entender a Bíblia em todos seus aspectos literalmente; diante de algums provas históricas, filosóficas, sociológicas, filosóficas e científicas, não há apologia que suporte.

      Segundo: todo tipo de diversão é condenada em igrejas evangélicas; na faculdade o leque de opções é maior que o enganoso e deturpado louvorzão, patrocinado indiretamente para aliviar a tensão desses jovens.

      Enfraquecido em suas crenças e práticas sociais, o jovem se vê distante do seu antigo lar, a igreja.

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    3. Sr. Clóvis, estou no facebook,Cinco Solas. Sou o Kleber Gustavo.

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    4. Kleber,

      Devo reconhecer que sou fundamentalista, se isto significa interpretar a Bíblia de modo literal (ainda que use linguagem fenomenológica). Por outro lado, não fecho os olhos para provas científicas. Creio firmemente que Deus tem dois livros, e sendo autor de ambos, não há contradições entre ambos.

      Portanto, discordo de você quando sugere que a Bíblia tomada literalmente colide com "provas históricas, filosóficas, sociológicas e científicas". Você poderia apresentar algumas dessas provas, a título de ilustração?

      Quanto ao tipo de diversão, acho que você pode estar generalizando o que é ensinado num determinado gueto para toda a comunidade da fé. Erra, por exemplo, ao apresentar o "louvorzão" como diversão. Não o é, especialmente nas igrejas em que você chama de fundamentalistas.

      O problema apontado pela Dra. Pearcey, com quem concordo, não é o conflito entre a cosmovisão cristã e a do sistema educacional. De fato, há tal conflito. Mas o problema é a falta de desenvolvimento da cosmovisão bíblica. "Ensina o manino... e quando for velho não se desviará".

      Em Cristo,

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    5. Como exemplo sobre a fé: a base para a doutrina da eleição é a queda. Se cremos em evolução - para a qual há, em minha opinião, provas claras de que se deu - a ideia de queda, base para a doutrina da salvação, se esvai.

      Sobre o louvorzão, o que eu quis dizer é que ele, de fato, não se presta para entretenimento, mas no vácuo que fica da atividade social, ele é um quase um tampão. Por isso, a dificuldade de muita gente em separar cultura secular e cultura sacra.

      Quanto à educação não tenho o que dizer, concordo plenamente. Contudo as escolas dominicais não recebem o seu devido valor em nossas igrejas - tanto a educação bíblica-teológica, a histórica e a musica - essa última, nula.

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    6. Kleber,

      Pelo que entendi de suas palavras, o seu raciocínio é o seguinte:

      1. A evolução "se deu";
      2. A evolução contradiz a doutrina bíblica da Queda;
      3. Logo, a doutrina da salvação se esvai.

      Para que a conclusão seja válida, as premissas precisam ser verdadeiras. Quanto à primeira você diz "se cremos em evolução" e "em minha opinião". Com isso você faz da evolução um artigo de fé e torna válida as alegadas provas pelo subjetivismo de uma opinião. Fé por fé, prefiro a que repousa na Palavra de Deus, e opinião por opinião, gosto mais da minha.

      Além disso, não considero que as provas da evolução sejam assim tão claras e conclusivas. Se fossem, a teoria da evolução seria unanimidade como o são a segunda lei da termodinâmica e a lei da gravitação universal. Porém, existem até mesmo cientistas e filósofos ateus que discordam do evolucionismo. E por que o sistema educacional mais avançado do mundo retirou a teoria da evolução de seus currículos?

      Mas quero lhe dar o benefício da dúvida. Vou lhe dar a oportunidade de apresentar (pode ser apenas referências) de provas evolucionistas que sejam claras e definitivas para explicar:

      1. A origem da matéria a partir do nada;
      2. A origem da vida a partir da matéria; e
      3. A origem da consciência a partir da vida animal.

      A segunda premissa sua, eu me refiro no próximo comentário.

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    7. Kleber,

      Admitamos que você explique por que um alegado fato científico não é consenso na comunidade cientista e que indique as provas evolucionistas para origem da matéria, da vida e da consciência, fazendo do darwinismo algo mais que sua crença e opinião pessoais. Neste caso, resta analisarmos a segunda premissa.

      A evolução pretende explicar o surgimento da vida a partir de matéria inanimada e o surgimento de organismos complexos a partir de formas de vida mais simples, até chegarmos no estágio atual do homem. A doutrina da Queda, por sua vez, é o ensinamento bíblico que o homem transgrediu uma ordem de Deus e com isso comprometeu a ordem do kosmos, afetando toda a criação, inclusive ele mesmo. Onde a contradição?

      Suponhamos que Deus tenha criado o homem através de um processo evolutivo que levou milhões de anos, até ele atingir a consciência. Quando finalmente chegou a esse estágio, o homem estava pronto para receber o mandato do Senhor. Recebeu e o desobedeceu. Pense numa montanha. A evolução seria a subida, até chegar no topo. A queda, seria a descida.

      Portanto, mesmo supondo que a evolução reúna as provas que você diz serem claras, ela não contradiz necessariamente a Queda e portanto a doutrina da salvação não se esvai como em seu raciocínio.

      Mas que fique claro que nego a premissa 1, e não estou sozinho.

      Clóvis

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    8. Bom, você pode crer em que quiser, eu não estou contestando a verdade ou a mentira de qualquer coisa, apenas disse o que acontece na faculade com muitos alunos que estão na Igreja - aliás, a temática da proposta.

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    9. Kleber,

      Para mim pareceu bem claro que você contestou a verdade do fundamentalismo, da interpretação literal da Bíblia, da doutrina da queda, ao mesmo tempo que defendeu a evolução, inclusive dizendo que havia provas claras em favor dela.

      Mas se não deseja mais continuar a defender seu ponto de vista, tanto melhor. Por outro lado, caso queira sustentar o que afirmou contra o fundamentalismo e a favor do evolucionismo, as questões continuam abertas, aguardando sua resposta.

      Em Cristo,

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  3. Sim...creio que o fundamentalismo fez tantas vítimas quanto o secularismo escolar...mas não podemos esquecer que o cientificismo nasceu na esfera protestante...pouca gente sabe,mas a única formação acadêmica de Charles Darwin era a Teologia...na realidade,o Darwinismo surgiu no mundo calvinista...
    O termo 'fundamentalista' veio de um manifesto de 12 panfletos publicados por protestantes norte-americanos em 1902,onde rejeitavam várias modernidades vindas das ciências(principalmente evolutivas),e fincaram vários princípios cientificamente retardados.
    Mas,por outro lado, o catolicismo na mesma época,fincava coisas bem mais 'neantherdais' e o Estado Papal no século XIX era o Estado mais retrógrado da Europa,onde o Papa falava contra ferrovias,gás,iluminação,pontes pênseis e coisas semelhantes.Então o Protestantismo,mesmo com a reação fundamentalista,continua sendo o baluarte do desenvolvimento.
    Muitas pessoas nem sabem,mas a história de que a terra tem milhões de anos nem é de Darwin,é de um geólogo chamado William Smith,que fez uma leitura do subsolo na Inglaterra.Leitura essa,bem duvidosa.Essa leitura está relatada no livro 'O Mapa que Mudou o Mundo', de Simon Winchester.
    Eu ainda acho que essas coisas podem ser conciliadas....e parabéns Clóvis pelo relato..."Suponhamos que Deus tenha criado o homem através de um processo evolutivo que levou milhões de anos, até ele atingir a consciência. Quando finalmente chegou a esse estágio, o homem estava pronto para receber o mandato do Senhor."
    Gostei de ver...parabéns...

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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