48 Textos Mal utilizados por Leandro Quadros - Gn 18:25

"Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?"
Nesta passagem Abraão apela em favor de seu sobrinho Ló e de sua família. Deus havia dito que destruiria as cidades da planície, onde Ló morava. Abraão argumenta com Deus que não seria justo que o justo perecesse juntamente e por causa do ímpio. Deus então concede que se fosse encontrado ali dez justos Ele pouparia as cidades, mas o relato diz que não havia tantos justos ali. E por isso destruiu as cidades, não sem antes tirar dali Ló e sua família. O texto não fala de uma predestinação universal, nem de livre-arbítrio, portanto não serve à tese do professor. Por outro lado, o fato de Deus não encontrar ali dez justos pesa em favor da depravação total, que nega o livre-arbítrio do homem. Além disso, o registro de que "aqueles homens lhe pegaram pela mão, e pela mão de sua mulher e de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor misericordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da cidade" (Gn 19:16) é uma boa ideia da eleição graciosa e da chamada eficaz. E a afirmação de que "destruindo Deus as cidades da campina, lembrou-se Deus de Abraão, e tirou a Ló do meio da destruição" (Gn 19:29) representa bem a segurança que os salvos desfrutam por causa da justiça de Cristo. Portanto, se a passagem reforça alguma doutrina, reforça as chamadas doutrinas da graça.


Soli Deo Gloria

Posts da Série: [Gn 3:15] [Gn 12:3

5 comentários:

  1. "é uma boa ideia[o texto de Gn 19:16] da eleição graciosa e da chamada eficaz."

    Mas o contexto não. A mulher de Ló sofreu o mesmo juízo daquele povo, sendo que a mesma foi igualmente conduzida frente aos que foram salvos. Um Hard-Arminiano iria facilmente argumentar em favor da Graça Resistível e o Livre-Arbitro de acordo com este contexto. O Calvinista neste texto só pode fugir para o Favor Comum ou a Livre Oferta do Evangelho. Não é um texto adequado para afirmar Graça Irresistível(Mostrando a não regeneração da mulher de Ló e a regeneração de Ló e das suas filhas). Essa salvação de Ló foi mais providencial do que escatologica.

    No mais a paz.

    .:::Bryan::::.

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    1. Acrescente-se que não dá para evidenciar uma eleição incondicional ('a única forma de eleição que não envolve merecimento algum da parte do eleito e dá 100% da glória a Deus' - de acordo com o calvinismo) só com isso. Afinal, Ló já era justo *antes* de ser salvo da destruição (eu poderia usar o texto de Pedro, mas o simples fato que Deus providenciou escape para Ló mediante as súplicas de Abraão aponta também nesse sentido). Não é como se Deus tivesse escolhido, 'sem levar em conta bem e mal', de uma massa homogênea de pecadores, um grupo seleto, e deixado o restante em sua merecida destruição. Ló teria que ser um pecador tão asqueroso quanto os sodomitas, no momento da sua salvação, para que o paralelo de alguma forma funcionasse.

      No caso da estátua de sal: se acaso o calvinista apelasse para um 'mas ela não foi verdadeiramente salva; o fato de ela ter se virado prova que ela jamais saiu da cidade' (coisa que eu já vi fazerem, em outros textos, e sem nenhuma prova a não ser aquele texto-prova de 1Jo) seria uma decepção ao ensino da segurança do crente.

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    2. No mais, bom texto. De fato este verso não é dos mais úteis contra as doutrinas do calvinismo.

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    3. Hahahaha sim, bem lembrado credulo. O texto realmente foi muito bom. Mesmo porque vale lembrar o Clóvis somente esta argumentando em cima de um texto pessimamente utilizado pelo Leandro Quadros.

      .::::Bryan::::.

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    4. Obrigado por contribuir com o tema, Bryan, suas considerações são pertinentes.

      Peço, contudo, que note que eu não afirmei que tal passagem ensina as doutrinas da graça conforme entendem os calvinistas. Note as expressões "é uma boa ideia", "representa" "e reforça", que utilizei. Assim como texto não se presta a provar a predestinação universal e o livre-arbítrio, tampouco tem a intenção de provar a TULIP, exceto talvez a depravação total. Se eu afirmasse isso, estaria incorrendo no mesmo erro do professor. No próximo texto da série talvez eu possa ser mais ousado nesse sentido.

      Mesmo assim, a passagem não contradiz as doutrinas da graça. Se sugere o livre-arbítrio, é apenas no sentido de rejeitar a salvação, o que um calvinista admite. E o que pode parecer graça irresistível, talvez não passe de um não-regenerado que volta ao seu estado anterior, ou seja, não caiu da graça por não ter de fato entrado nela, apenas aparentemente.

      Enfim, a história serve como ilustração, com as limitações que esta apresenta.

      Em Cristo,

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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