Os três elementos da evangelização


1. A apresentação dos fatos do evangelho e dos meios de salvação. A obra que Cristo realizou pela nossa salvação precisa ser clara e cuidadosamente colocada. Isso deve ser feito em linguagem compreensível ao povo de hoje e relevante às necessidades e problemas presentes. Tão importante quanto isso é que o pregador precisa, antes de tudo, ser fiel às Escrituras. Num sentido, a mensagem do Cristo crucificado vai parecer sempre irrelevante e ofensiva. Não é prazeroso escutar que somos pecadores, por natureza objetos da ira de Deus e incapazes de, por nossa própria força, escapar desse juízo. Paulo cria dessa forma: mesmo assim, continuava a pregar o evangelho que ofendia a alguns: “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus" (I Co 1.23,24).

2. Um convite para vir a Cristo em arrependimento e fé. O convite do evangelho precisa ser mais que uma apresentação; precisa incluir um convite honesto. Jesus mesmo convida pessoas a virem a ele em arrependimento e fé: "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mt 11.28). O pregador não pode minimizar a seriedade do pecado, mas precisa enfatizar a importância do genuíno arrependimento.

Deve ser deixado claro que fé não é apenas um assentimento intelectual a certas verdades, mas o vir a Cristo com todo o ser, incluindo compromisso de serviço. A vocação evangélica é ao mesmo tempo uma ordem, como uma convocação vinda de um rei. Observe como Jesus expressa isso na Parábola da Grande Ceia: “Respondeu-lhes Jesus: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que a casa fique cheia". O convite do evangelho não é algo que deixe a pessoa livre para aceitar ou declinar, como alguém que é convidado para o futebol, mas é uma ordem do soberano Senhor de toda a criação que manda que venhamos a ele para salvação — uma ordem que não pode ser ignorada a custo de uma eterna perdição.

É um erro sério pensar que pastores que pregam a membros de igrejas estabelecidas não precisam fazer convites para receberem a Cristo como Salvador. Herman Bavinck conduz significante discussão sobre extremos a serem evitados na pregação. Pregação equilibrada, diz ele, precisa combinar a ênfase sobre o pacto e sobre o evangelismo. Em sermões dirigidos a pessoas que não tenham ouvido antes o evangelho, o pregador precisa não apenas convidar seus ouvintes a crer e se arrepender; precisa também edificá-los na fé. Em sermões dirigidos a membros de igrejas estabelecidas, por outro lado, o pregador não deve se satisfazer em edificar os crentes na fé, meramente esboçando as implicações da fé que devem ter. É necessário, e sempre será, mesmo na pregação dirigida a crentes, um apelo sério ao arrependimento e à fé. Nenhum pregador pode ingenuamente presumir que todos em sua igreja sejam salvos. Sempre haverá crianças e jovens que ainda não assumiram o compromisso com Cristo, e haverá adultos que não fizeram uma decisão clara pelo Senhor. Esses também precisam ouvir e serem chamados ao Senhor.

3. A promessa do perdão e da salvação. O convite do evangelho precisa também incluir a promessa de que aquele que responde propriamente ao chamado receberá o perdão e a vida eterna em comunhão com Cristo. Essa promessa é, contudo, condicional: você recebe perdão e salvação se você arrepende-se e crê. Mais adiante discutiremos com mais detalhes sobre arrependimento e fé. Quando digo que a promessa incluída no evangelho é condicional, não quero dizer que seja uma condição que um ser humano possa preencher em sua própria força. Só Deus pode capacitar o ouvinte do convite do evangelho a se arrepender e crer. O ouvinte precisa, portanto, orar pedindo a Deus que lhe dê poder, e precisa louvar a Deus quando ele o fizer. Essa condição precisa ser cumprida para que a bênção seja recebida — isso o pregador precisa deixar claro.

Anthony Hoekema
In: A vocação do evangelho

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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