Depravação de todos e a eleição de muitos


O homem foi criado bom, justo e santo, feito à imagem e semelhança do Criador, com o objetivo de ser amigo de Deus, servi-lo com alegria, dignificá-lo, adorá-lo e honrá-lo para sempre com seu ego sem mancha, com seu amor incondicional, com seu trabalho produtivo, mantenedor e criativo para a exaltação do Pai celeste e bem-estar pessoal e social. Deus ordenou o labor diário, com descanso semanal, para que houvesse produção distributiva destinada à sobrevivência dos seres humanos em absoluta igualdade. Não haveria subordinação de um homem a outro homem ou de cidadão a um poder estatal, pois todos estariam submetidos exclusivamente a um único Senhor, o Deus Criador, de quem todos seriam filhos e servos.

Manter-se neste estado, porém, dependia do cumprimento do pacto de obras da parte do homem. E isto se faria pelo exercício prático da fidelidade, da honestidade, do respeito, da submissão, da consideração, do reconhecimento, da obediência e da filiação. Tudo por estrito amor, sem qualquer componente sacrificial, doloroso, humilhante ou degradante. Homem e Deus viviam, antes da queda, numa parceria de laboração extremamente construtiva, realizadora e feliz. A paz reinava entre a criatura e o Criador. O homem, no entanto, num ato de rebeldia consciente, quebrou o pacto, tornando-se inimigo de Deus, culpado e culpável, desafeiçoado e corrompido, alienado e propenso ao mal. As influências externas do maligno foram fortes, mas não irresistíveis. A culpa da ab-rogação do pacto não pode ser imputada ao tentador, mas ao homem, que entendeu conveniente e proveitoso retirar Deus do senhorio de sua vida, colocando no lugar o seu próprio ego. 

Ao assumir o seu destino, o homem perdeu o rumo, desorientou-se, perdeu-se, depravou-se. Entregue a si mesmo, e sem equipamentos para lutar e vencer, tornou-se vítima de Satanás e de suas tentações. A sua capacidade criativa direciona-se tanto para o bem como para o mal. A batalha entre as forças opostas trava-se no seu interior e no seu território vivencial; o bem somente vencerá pela misericórdia de Deus instrumentalizada pelo seu Santo Espírito.

Na peregrinação terrena o regenerado, reconquistado por Jesus Cristo e por ele reconciliado com Deus, sofre os males externos e as influências internas do pecado. Ele tem, no entanto, a concessão da graça de ser justificado e regenerado mediante a morte vicária do Cordeiro, cujos benefícios são-lhe aplicados pelo Espírito Santo. O réprobo, desprovido da graça, permanece no estado de depravação, gloriando-se no mal e fazendo, consciente ou não, a vontade do Diabo, o mentiroso por natureza. Não há como negar a diferença entre o redimido e o irregenerado: "O que é nascido da carne é carne; o que nascido do Espírito é espírito" (Jo 3.6). "Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" (Jo 3.3 cf Is 53.6; Jó 14.4; 15.14,16,35; I Co 12.3; II Co 3.5).

Em Adão todos caíram; em Cristo os escolhidos são reconciliados com Deus mediante o pagamento de suas dívidas culposas e delituosas pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, para que não destrua, embora afete, os seus eternamente eleitos, vocacionados, justificados, regenerados e adotados como filhos do Pai celeste. Muitos são chamados, mas poucos escolhidos; estes são preservados no meio de todas as tentações e provações Aquele que tem a graça de estar na Igreja de Jesus Cristo, possui a bênção da alegria espiritual, o conforto do Espírito Santo que nele habita, a certeza da fé, a firmeza da esperança, a paz que nada tem a ver com o presente século, embora viva num mundo posto no maligno e ainda experimente os sofrimentos de continuar fazendo parte da humanidade, co-responsável socialmente, sofrendo as conseqüências da corrupção geral. 

O pecado entrou no mundo por Adão, mas somente por Cristo poderá ser retirado, e certamente o será (Ver Rm 5.12,18,19). O pecado matou Adão e nele, todos os seus descendentes. A inevitável cumplicidade nos pecados fatuais e a herança da culpa original afetam todas as criaturas humanas, mas os escolhidos do Pai e justificados pelo Filho são perdoados e aceitos, não por méritos próprios, mas pela misericórdia de Deus. O Cordeiro sem mácula, sem pecado, assumindo a culpa dos predestinados à salvação, salva-os e os preserva eternamente redimidos.

Autor Desconhecido

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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