Deus age numa concatenação indissolúvel


Quatro frases de estrutura análoga atestam admiradas como Deus procede de modo objetivo e conseqüente, longe de qualquer capricho. A primeira concatenação refere-se a dois atos antes dos tempos. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou (de antemão). O termo “reconhecer” não possui aqui seu sentido corrente, mas está marcado pelo AT: Descobrir alguém, reconhecendo-o para si, ou seja, separar para uma relação de confiança pessoal, em suma, eleger. Os que se acercaram uma vez, nesse sentido, do campo de visão de Deus, também chegam ao seu campo de força: São determinados por ele, ou seja, “programados” por ele.

Neste ponto Paulo interrompe a seqüência, a fim de delinear brevemente esse programa: para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. As passagens do NT que falam de uma conformação com a imagem de Cristo pertencem à esfera de Gn 1.27. Giram em torno da destinação do ser humano para ser imagem e semelhança de Deus. O primeiro Adão falhou em ser essa imagem, Cristo a cumpriu. É por isso que ele também recebe a designação de Filho: O Filho espelha o Pai (Jo 14.9). Cristo é, portanto, o novo Adão (1Co 15.47), o cabeça de uma nova família humana, primogênito entre muitos irmãos. Na Bíblia a primogenitura inclui igualdade com os nascidos depois, mas igualmente superioridade no grau e na dignidade. Por conseqüência, a igreja cristã se considera incluída nesse projeto para a humanidade.

Passemos à segunda concatenação: E aos que (de antemão) predestinou, a esses também chamou (vocacionou). A atuação de Deus ultrapassa agora o limiar da história e aparece em biografias terrenas como vocação. Ela é recebida pela pregação do evangelho e na obediência da fé. A terceira concatenação: aos que chamou (vocacionou), a esses também justificou. Por causa de Jesus, Deus os declara santos (Rm 1.7; 8.27). De acordo com Rm 4.17 trata-se de um agir criador: “(Deus) chama à existência as coisas que não existem” (Rm 4.17). Por fim, a quarta concatenação: aos que justificou, a esses também glorificou. Em outras unidades textuais, Paulo também fala da glória que já atua em nós no presente (2Co 3.18). Aqui, porém, a linha de pensamento desde os v. 17,18 leva a uma glorificação ainda esperada para o fim. O fato de trazer algo vindouro na forma do pretérito perfeito explica-se pelo estilo profético. Nessa forma lingüística ele expressa o grau máximo de certeza. “Diante de Deus também a última glorificação já é 'perfeita'” (Werner de Boor).

Adolf Pohl
In: Carta aos Romanos - Comentário Esperança

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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