O maior mal que existe!

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Se você comparar o mal do pecado com os outros males, verá quão pequeno os outros males são em relação ao pecado.

1. Antes de tudo mais, os outros males são somente externos. São relacionados somente ao corpo, o estado, o nome, porém o pecado é um mal interior, um mal da alma, e este é o pior dos males.

2. Todos os outros males são somente de natureza temporal, eles têm um fim. Pobreza, doença, desgraça, todos esses são grandes males, mas estes e todos os outros, têm um fim. A morte põe um fim em todos eles. Contudo, o mal do pecado é de natureza eterna e nunca terá fim. A eternidade em si nunca porá um fim nisso.

3. Todos os outros males não fazem do homem o objeto da ira e da inimizade de Deus. O homem pode ter todos os outros males e ainda assim permanecer no amor de Deus. Você pode ser pobre e ainda ser precioso na avaliação de Deus. Você pode estar debaixo de toda espécie de miséria e ainda assim ser amado por Deus. Todavia existe um mal que faz da alma o objeto da ira e da inimizade de Deus. A ausência de todos os outros bens, e a presença de todos os males criados, não tornará você abominável para Deus se não houver pecado, contudo, a presença de todos os outros bens e a ausência de todos os outros males não irão tornar você amado se houver pecado.

4. Todos os outros males somente se oporiam ao seu bem-estar presente, porque eles não podem roubar as suas futuras alegrias, mas o pecado se oporia ao seu bem-estar para sempre. Você não pode ser feliz se não for santo. E ainda mais, este se opõe ao seu ser. Ele o leva a morte. Você pecaria até morrer, caso Deus não o impedisse e fizesse com que se sentisse um miserável, por causa do seu pecado.

5. Todos os outros males são destrutivos para o homem em si; eles lutam contra particularidades. Entretanto este é contrário ao bem universal, sendo contrário a Deus, e é, até onde pode ser, destrutivo ao próprio ser de Deus, como mostrarei doravante.

6. Todos os outros males são criações de Deus, e portanto bons. Ele é o possuidor de tudo; Ele é o autor de tudo o mais. "... sucederá qualquer mal à cidade, e o Senhor não o terá feito?" (Am 3:6), significando todos os males de punição penal, não mal pecaminoso, pois este é criação do diabo e realmente pior do que tudo mais, sendo todo pecado.

7. Todos os outros males são medicina de Deus e são usados como remédios, tanto para a prevenção, como para a cura do pecado. Como prevenção do pecado: para que você não seja condenado com o mundo, Ele envia aflições e males sobre você (I Cor. 11:32). Ele permitiu a satanás tentar Paulo e o entregou aos seus ataques, o que no entanto é o maior mal no mundo e o mais próximo do pecado, o maior mal punível no mundo. E para que impedisse o pecado, como disse o apóstolo em II Cor. 12:7, Deus enviou um mensageiro de satanás para esbofeteá-lo, e qual era o motivo? Só para prevenir o pecado, para que nao se exaltasse, isto é, para que não ficasse orgulhoso.

E como Ele usa todos os outros males para prevenção, do mesmo modo Ele os usa para a cura do pecado. Não se conhece nenhum remédio que possa ser tão ruim como é essa doença. Todos os outros males Deus tem permitido sobre o Seu povo para a cura ou para a recuperação do estado pecaminoso. E para falar sem exagero, não há tanto mal na condenação de mil mundos de homens como existe no menor pecado, no menor pensamento pecaminoso que se levante no espírito, visto que o bem destes carece do bem e da glória de
Deus.

Pela comparação deste mal com os outros males, pode ver que de todos, o pecado é o mal supremo.

Samuel Bolton
In: Os puritanos e a conversão

10 comentários:

  1. "Todos os outros males são medicina de Deus e são usados como remédios, tanto para a prevenção, como para a cura do pecado."

    Essa é uma realidade que muitos são INCAPAZES de entender. Deus é Pai, e disciplina os filhos. Toda disciplina gera dor, mal-estar, sofrimento, e etc., mas tem o objetivo corrigir.

    O grego antigo traz πύρ (pir) como fogo, o latim apresenta o termo "purgare" como limpar etc. Alguém lembra da ideia tirada do fogo que PURifica? Pois é, a palavra está na etimologia para PURGARTÓRIO, essa revela uma ação de purificação.

    Quando se diz que Deus usa o sofrimento como "medicina", para "cura do pecado", está-se tratando diretamente do purgatório!!!

    Até logo.

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    1. Dessa vez acho que você deu um duplo twist carpado exegético!

      Vai de cura para o pecado para fogo, de fogo para seu termo grego πύρ e dele para purgatório.

      O problema é que li todas as ocorrências para πύρ no NT e de todos os sentidos possíveis, em nenhuma delas há a sugestão de purgatório no sentido católico romano do termo.

      Em Cristo,

      Clóvis

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  2. Deixando de lado o twist duplo que realizei, o fato é que a noção de purgatório é a mesma de cura para o pecado.

    Até logo.

    Gledson.

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    1. Gledson,

      Sim, o conceito de purificar é o mesmo. A questão é quanto ao quando. O crente é purificado nesta vida e não num estado intermediário a este mundo e o céu.

      Em Cristo,

      Clóvis

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  3. Clóvis, suas palavras ajudam a compreender muita coisa. Concordamos que o conceito de purgatório é bíblico!(o termo é que não se encontra na Escritura).

    Quando leio críticas quanto ao purgatório tachando-o de "segunda oportunidade de salvação"(Renato Vargens), incompatível com a doutrina da cruz de Cristo, e coisas assim, fico perplexo!

    É bom encontrar quem entende que a nossa divergência localiza-se no QUANDO, isso sim é compreender a questão, e ponto de partida para melhores esclarecimentos.

    Permita-me analisar mais um pouco o texto de Samuel Bolton.

    a) "o pecado é um mal interior" b)"o mal do pecado é de natureza eterna e nunca terá fim" c) "a presença de todos os outros bens e a ausência de todos os outros males não irão tornar você amado se houver pecado" d) "o pecado se oporia ao seu bem-estar para sempre" e) "contrário a Deus, e é, até onde pode ser, destrutivo ao próprio ser de Deus" f)"criação do diabo e realmente pior do que tudo mais, sendo todo pecado" g) " não há tanto mal na condenação de mil mundos de homens como existe no menor pecado".

    É terrível o pecado!!!

    Sendo o pecador perdoado por Deus, com base no sacrifício perfeito de Cristo, Deus ainda trata-o com amor, aplicando medida preventiva, como meio de cura ou para a recuperação do estado pecaminoso.

    Então, a medicina de Deus é para a santificação do pecador já perdoado. Poderíamos dizer, para fins de melhor compreensão, que tal proceder divino nada tem a ver com a salvação.

    Isso porque o perdão já concedido torna o homem apto para a vida eterna, e a santificação é para que esteja preparado adequadamente para ver a Deus.

    Votando ao ponto: acredito que esse processo "medicinal" de Deus continua mesmo após a morte(por quanto tempo(em relação ao tempo que conhecemos) não sei, não está revelado).

    Até logo.

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  4. Gledson,

    Gostaria de saber a base de sua crença de que o processo de purificação continua após a morte. Ela é bíblica?

    Em Cristo,

    Clóvis

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  5. Clóvis,

    sim, felizmente, a resposta é positiva.

    Por sua boa vontade em saber, vou resumir algumas objeções contrárias, respondendo-as, e apresentar a base bíblica para a fé nessa doutrina.

    Até mais.

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  6. Purgatório: vem de purgar, limpar.

    Origem: bíblica.

    Fogo: de onde veio essa noção? Veremos.

    Objeções: muitos falam de supostas origens pagãs. Essas objeções não refutam a doutrina. Por quê? Entre outras cosias, também porque muitos inimigos do Cristianismo utilizam a mesma estratégia de comparação de doutrinas cristãs e pagãs para desacreditar a verdade! É um meio falho!

    O sangue de Cristo é que nos purifica: essa verdade nada contraria a ideia de que Deus use meios medicinais para curar o pecado, não é? Então, tal objeção erra o alvo.

    Ideia comum e falsa: muitos, baseados no senso comum e em estudos teológicos(protestantes), crêem que o purgatório é uma “chance” de ser salvo. Pensam assim: a alguém não tão mau nem tão bom seria possível salvar-se, e o fogo purificaria os pecados para que se pudesse entrar no paraíso.

    Doutrina verdadeira: a noção de purificação é a mesma que apresentou Samuel Bolton acima. Isso pode ser feito durante a vida, o que é normal, mas pode ser que após a morte o processo continue ainda na alma do salvo.

    Juízo: vem após a morte (Hb 9,27). Cada um receberá segundo o que tiver feito no corpo (Rm 5,10). Nesse julgamento certamente muitos salvos sofrem perda por causa de pecados. Na linguagem católica: por causa das penas de pecados ou pecados leves.

    Por que então são salvos? Por estarem em Jesus Cristo (1 Cor 3,15). Já estavam salvos quando morreram. Nessa passagem, a santificação se dá por meio do fogo(simbolicamente, o fogo purifica). Aquele, em Cristo, que levou sua vida toda conforme a vontade de Deus não sofre com o fogo, mas é santificado totalmente. Os que tinham obras imperfeitas(o que denota pecado) tem essas obras queimadas(e o pecado não é separado do pecador), portanto, sofrendo perda(esse sofrimento é para o bem, purificador). No final, ele é salvo, porque estava no fundamento verdadeiro: Jesus Cristo. Aí está a razão para a simbologia do fogo.

    Essa é a base bíblica para crer que o processo de santificação é levado mesmo depois da morte, antes de entrar na presença de Deus.

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  7. Acima, onde indica Rm 5,10 deve-se ler em 1 Cor 5,10: "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal."

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    1. Ou melhor: 2 Cor 5,10. Talvez seja a pressa.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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