Quem muito tem, de muito precisa

Quanto mais variadas suas preciosas posses, tanto mais ajuda você precisa para protegê-las, e mostra-se verdadeira aquela velha frase: quem muito tem de muito precisa. O contrário também é verdadeiro: de menos precisa quem mede a riqueza segundo as necessidades da natureza, e não pelo excesso de ostentação.

Quando um ser dotado de uma qualidade divina em virtude da sua natureza racional pensa que seu 'nico esplendor reside na posso de bens inanimados, temos a inversão da ordem natural. Outras criaturas se contentam com o que lhes cabe como seu, mas você, cuja mente foi criada à imagem de Deus, procura adornar a sua natureza superior com objetos inferiores, esquecido da grande ofensa que você comete contra o seu Criador. Foi a vontade dele que a linhagem humana dominasse todas as criaturas da terra, mas você se rebaixou a uma posição abaixo da mais vil de todas.

Se concordarmos que todo bem tem mais valor do que aquilo a que ele pertence, então pela sua própria avaliação, quando você considera os objetos mais desprezíveis como bens seus, você se torna mais vil do que esses mesmos objetos, e é isso que você merece. De fato, a condição da natureza humana é exatamente isso. O homem se eleva acima do resto da criação desde que reconheça a sua própria natureza, e quando ele se esquece disso cai a um nível inferior ao dos animais. Para outros seres vivos, o desconhecimento de si mesmo é natural; mas para o homem é um defeito.

Boécio
In: A consolação da filosofia

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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