“Pois disse a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome por toda a terra. Logo ele tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece” (Rm 9:17-18).
Muitos crentes não gostam da ideia de Deus endurecer o coração de alguém. Aliás, nem mesmo apreciam o fato de que Deus use de misericórdia com quem Ele quiser, ao invés de com todo mundo. Em que pese o desagrado de muitos, a Bíblia não apenas afirma que Deus tem misericórdia de quem Ele quer, mas também que endurece a quem deseja endurecer. Um exemplo desse último caso é Faraó.
É líquido e certo o fato do coração de Faraó ter sido o endurecido. Reiteradas vezes a Bíblia diz “endureceu-se o coração de Faraó, e não os ouviu” (Êx 7:3, 22; 8:19; 9:35). Endurecer significa fortalecer, prevalecer, firmar, tornar resoluto, persistente. Numa palavra bíblica: tornar obstinado: “o coração de Faraó estava obstinado, e não deixou ir o povo” (Ex 9:7). A questão é: quem endureceu o coração do rei?
Se nos deixarmos levar por nossos compromissos teológicos previamente assumidos, corremos os risco de selecionar e considerar relevante apenas as passagens que dizem que o próprio Faraó endureceu seu coração, ou então somente aquelas que afirmam que Deus endureceu o coração do rei do Egito. Ainda que um despimento completo de preconceito seja virtualmente impossível, convém que examinemos todas as passagens que falam do endurecimento do coração de Faraó, antes de afirmarmos uma posição.
A primeira referência direta (vide Ex 3:19 para uma indireta) ao endurecimento do coração de Faraó está em Êxodo 4:21: “Eu endurecerei o seu coração, e ele não deixará ir o povo”. Essa declaração divina se repete mais duas vezes (Ex 14:4, 17). Além disso as escrituras dizem “Jeová endureceu o coração de Faraó, e este não ouviu; como Jeová havia dito a Moisés” (Ex 9:12). Novamente, a declaração se repete algumas vezes (Ex 10:20; 11:10; 14:8). Não há como negar que Deus endureceu o coração de Faraó. E para os que dizem que Moisés estava se expressando condicionado ao modo de pensamento hebraico, Deus mesmo diz “Eu endureci o seu coração e o coração dos seus servos, para que eu manifeste estes meus prodígios no meio deles” (Ex 10:1).
Mas há também aquelas passagens que afirmam que Faraó endureceu o seu próprio coração e que não devem ser ignoradas. A primeira delas está em Êxodo 8:15: “Mas vendo Faraó que havia descanso, endureceu o seu coração, e não os ouviu; como Jeová havia dito”. Um pouco adiante diz “endureceu Faraó ainda esta vez o seu coração” (Ex 8:32) e finalmente “tendo Faraó visto que a chuva e a saraiva e os trovões haviam cessado, tornou a pecar e endureceu o seu coração” (Ex 9:34). Essas passagens bíblicas tomadas em seu conjunto devem nos levar à conclusão que tanto Deus endureceu o coração de Faraó, como ele próprio endurece-se a si mesmo. Porém, alguma coisa mais poderia ser dita a esse respeito.
Primeiro, a decisão de Deus de endurecer o coração de Faraó antecede o endurecimento por parte de Faraó. Deus tomou a iniciativa de endurecer o coração dele (Ex 4:21). Tanto é assim que quando a Bíblia refere-se ao endurecimento por parte de Faraó, acresce “como Jeová havia dito”. Segundo, o número de referências ao endurecimento produzido por Deus é significativamente maior. Estatísticamente falando, Deus endurece mais vezes que Faraó. Em terceiro lugar, no endurecimento de Faraó Deus age e ele reage. Deus não fez maravilhas no Egito para amolecer o coração duro de Faraó, fez sim para manifestar a Sua glória através do endurecimento gradual do coração do rei. Deus tinha um propósito, e o endurecimento do coração do rei servia a esse propósito. Finalmente, a escritura coloca a decisão de quem será endurecido e quem receberá misericórdia nas mãos de Deus. Conforme Paulo declara, depende da vontade de Deus e não da vontade do homem receber misericórdia ou ser endurecido.
Concluímos dizendo que Deus é soberano e exerce Seu domínio no coração do homem, seja dispondo para o bem, seja endurecendo para a Sua glória. Há várias passagens que colocam isso acima de qualquer dúvida sensata. E que não obstante isso ser assim, o homem ainda é responsável pelo próprio endurecimento do coração. Não entender como isso se dá não invalida o que a Bíblia diz a esse respeito e tampouco é desculpa para rejeitar ou tentar amenizar o que a Escritura afirma categoricamente.
Soli Deo Gloria
Clóvis, paz!
ResponderExcluirEstamos diante de um fato isolado sem nenhuma implicação soteriológica.
Abraços mano!
Mano Zwinglio,
ResponderExcluirQue seu ano seja abençoado!
Não creio que se trate de caso isolado. Há várias outras referências a Deus controlando o coração de alguém para alcançar seus propósitos.
Quanto a isso não ter implicações soteriológicas, parece que Paulo não via assim, haja vista suas palavras seguintes:
"Que diremos, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória sobre os vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a glória, os quais somos nós, a quem ele também chamou não só dos judeus, mas também dos gentios?" (Rm 9:22-24)
Em Cristo,
Clóvis
Que 2012 seja abençoado pra ti também.
ResponderExcluirAcho perfeitamente plausível a seguinte interpretação de Romanos 9 defendida por WL Craig:
http://www.blogdokimos.com/molinismo-e-romanos-9
O que achas?
Olá Zwinglio
ResponderExcluirLi o texto do Craig e gostaria de colocar duas observações que me ocorrem durante a leitura (já havia lido o texto anteriormente e tive os mesmo questionamentos agora).
1) Todo aquele que invocar o nome do SENHOR... a) não diz porque invocaram e não sugere necessariamente aquela questão do livre arbítrio. Todo peixe que tiver guelras poderá respirar debaixo d'água. Isso não quer dizer que todos os peixes são assim se quiserem. Mei peixinho beta precisa vir no espelho d'água periodicamente para respirar. b) O texto é extraído de Joel 2:32, mas Paulo cita apenas o início. Parece-me que os que invocarão e serão salvos serão justamente aqueles que o SENHOR chamou dos remanescentes.
2) "a culpa não está em Deus que algumas pessoas livremente resistem à graça e todo o esforço de Deus para salvá-las; antes, eles, como Israel, deixaram de obter a salvação porque recusaram ter fé." Aqui temos um caso igualzinho do de faraó. O coração de israel fora endurecido propositalmente, ou não era esse o plano desde o início para enxertar os gentios na videira? Isaías fala que o coração do povo seria endurecido para rejeitar a salvação por meio da fé em Cristo, e Paulo apenas confirma isso com todo esse discurso de Romanos.
Alguma consideração quanto a esses pontos?
Zwinglio,
ResponderExcluirJá fiz uma primeira leitura do texto do Craig e preciso refletir sobre.
Enquanto isso, você afirmou que o caso do endurecimento do coração de Faraó trata-se de um caso isolado sem nenhuma implicação soteriológica. Discordei de ambas afirmações suas.
Estranhei que em resposta você indicasse um texto (bom, por sinal) do Craig em que ele trata a questão por uma ótica completamente soteriológica.
Devo presumir que entramos num acordo sobre isso?
Em Cristo,
Clóvis
Muito bom o artigo, Clóvis!
ResponderExcluirBíblico e imparcial nos pressupostos.
Clóvis, o texto sobre Faraó nada tem haver com soteriologia. Minha indicação é que você com essa referência deseja envolvê-lo nesta questão específica. Coisa que não faço. Me entendes?
ResponderExcluir________
Zwinglio,
ResponderExcluira Paz!
Irmão, se esse trecho de Êxodo não tem a ver com soteriologia, porque Paulo cita essa passagem em Romanos 9? O assunto era Salvação.
Um abraço.
Neto, a referência a Faraó ali é apenas análoga. Note que tanto em Êxodo como em Romanos não se diz nada sobre a [não] salvação de Faraó. Ou estou lendo errado?
ResponderExcluirO texto de Romanos como um todo trata sim de salvação. Porém, a maneira como o calvinismo o interpreta não me soa melhor que a interpretação do WL Craig. Esse é o meu ponto sobre Romanos 9 e a citação do argumento de Craig.
Abraços!
André, paz!
ResponderExcluira) não diz porque invocaram e não sugere necessariamente aquela questão do livre arbítrio.
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Acho que essa sua afirmação precisa de uma explicação. Caso contrário, soará a priori. A analogia pisciana na cabe, a meu ver, porque “Todo” quer dizer “Todo” mesmo. Sentido comum e usual da palavra – regra básica de hermenêutica.
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b) O texto é extraído de Joel 2:32 [...] o SENHOR chamou dos remanescentes.
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Não fala dos remanescentes de Isarel [9:27]. Mas fala de judeu e grego.
“pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.” Rm 10:12
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2) [...] O coração de israel fora endurecido propositalmente, ou não era esse o plano desde o início para enxertar os gentios na videira? [...]
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A isso respondo com a seguinte cláusula:
“Eles também, SE NÃO PERMANECEREM NA INCREDULIDADE, serão enxertados, pois Deus é poderoso para os enxertar novamente. Rm 11:23
Paulo diz que alguns ramos foram quebrados devido a incredulidade deles [Rm 11:19] e isso não é necessariamente definitivo. Basta eles reconsiderarem as coisas para poderem ser novamente enxertados. Observe que ele deixa que em última análise depende dos “cortados” continuarem assim ou não.
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Me fiz entender?
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ResponderExcluirZwinglio
ResponderExcluirSIM! Entendido.
Mas considere o seguinte:
1) Eu não disse que o endurecimento é definitivo. A coisa pode se reverter, não entendo porque sempre levam para esse lado...
2) Esse seu "todo" hermenêutico é questionável. Todo aquele que invocar... Todos invocarão? Não! alguns sim, mas todos dos alguns invocarão e serão salvos. E isso não quer dizer como esses alguns do todo decidiram ou puderam invocar. Compreende? Não vejo erro hermenêutico nisso, ao menos que você esteja considerando uma hermenêutica arminiana particular...
Deixa-me colocar um exemplo em que já estive envolvido. Estava fazendo faculdade de letras e já tinha proficiência em inglês. A faculdade precisava de um monitor para ajudar os alunos com dificuldades. Parte do pronunciamento que me motivou a me candidatar foi o seguinte: Todo aquele que trabalhar como monitor do curso de letras receberá um desconto em sua mensalidade. Muitos gostariam de gozar do benefício mas somente alguns alunos foram recomendados pelo professor da turma como aptos para a função. Fui selecionado porque o critério não era apenas dispor-se mas enquadrar-se nos critérios de avaliação e ser recomendado pelo professor, obviamente o professor sabia quem estava em condições de ajudar alguém e não no de ser ajudado.
Portanto, "todo aquele que trabalhar como monitor..." não quer dizer necessariamente que todos estão aptos ou que todos seriam escolhidos e poderiam atuar como monitor. Havia um critério, uma condição, por trás daquele "todos que trabalharem como monitores". "todo aquele que trabalhar receberá o desconto" é verdadeiro, porque recebi o desconto. Mas jamais significou que qualquer aluno da sala poderia ter sido monitor.
O exemplo foi claro? Tem que ver com o texto ou sua regra hermenêutica invalidará os critérios da faculdade para selecionar um monitor?
3) Ainda que não seja definitivo como você mesmo colocou, no que isso impede que o endurecimento tenha sido causado por Deus como está nos profetas e Jesus mesmo fez questão de enfatizar? Só pode ter origem no querer divino se for imutável?
André,
ResponderExcluir“Todo”, em Romanos 10:13 não indica de fato que “todos” invocarão. É diferente, por exemplo, de Marcos 14:24: “[...] que por MUITOS (todos) é derramado [...]” onde “muitos” quer dizer a “raça humana inteira” como explicou Calvino. Ou como em 1 Timóteo 2:4: “o qual deseja que todos os homens sejam salvos [...]” O entendimento é diferente.
Porém, é igual a, por exemplo, o que diz Isaías 55:1: “Ah! Todos vós que tendes sede, vinde às águas [...]” e Mateus 11:28: “Vinde a mim todos os que estais cansados [...]”.
Nestas referências “todos” são “todos” mesmos, mas como nem “todos” atenderão os convites, alguns, INDISTINTAMENTE (se admito que é indistintamente, não admito qualquer exclusivismo salvífico pré-determinado), responderão positivamente aos chamados.
Em termos de salvação, as Escrituras iniciam a discussão sempre com o universalimso qualificado, fato que em hipótese garante a salvação de “todos”, pois é necessário optar ou não por crer, por desedentar-se, por descansar, por invocar.
Devido a isso, o “todo” deixa de referir-se à totalidade da “raça humana inteira” para indicar a totalidade de uma parte, a saber, a que crê.
Sobre o endurecimento da parte divina, não neguei que tal coisa possa acontecer. Apenas nego-o pensando no viés soteriológico calvinista.
André,
ResponderExcluirdesconsidere esta fala:
"É diferente, por exemplo, de Marcos 14:24: “[...] que por MUITOS (todos) é derramado [...]” onde “muitos” quer dizer a “raça humana inteira” como explicou Calvino. Ou como em 1 Timóteo 2:4: “o qual deseja que todos os homens sejam salvos [...]” O entendimento é diferente."
Estou lhe respondendo com a atenção dividida por um trabalho de maior importância e urgência. Por isso as coisas talvez pareçam confusas.
Bom, mesmo assim, acho que dá pra você entender minha resposta.
Um comment sobre os comments:
ResponderExcluir1 - Há implicações soteriológicas, mas não são exatamente elas que são referidas no texto de Paulo. O texto fala de soberania, e não de uma pretensa arbitrariedade divina.
2 -
Não creio que se trate de caso isolado. Há várias outras referências a Deus controlando o coração de alguém para alcançar seus propósitos.
Na concepção voluntarista, é exatamente isto: os fins justificam os meios. Não, acho que não é este o modelo de "sede santos pois EU SOU santo" que Deus se refere...
Em todas elas, há algumas semelhanças:
* o dito controle nem sempre (ouso dizer que quase nunca) é irresistível. Afinal, Davi diz "guia-me pelo caminho eterno".
* No caso de endurecimento, Deus não endureceu pessoas "boazinhas", santas. Por exemplo, Faraó não era um carinha legal, que Deus disse "ah, hoje eu preciso endurecer alguém, só pra provar que sou O Cara...". E, ainda que se afirme que Deus endureceu o coração de Faraó de maneira ativa, não é como se Deus fizesse isso sem nenhum motivo moral. Basta analisar a passagem e conhecer um pouco de história para saber que os reis do Egito eram, por formação, duros e inflexíveis de coração - e que Faraó zombava de Deus (e sem ser "coagido", afinal no determinismo Deus determina exaustivamente até o pecado).
Ademais, o fato de esta passagem afirmar que Deus endureceu o coração, não afirma que as tais pessoas não teriam o coração endurecido se não fosse por Deus. Isto é ir muito mais longe do que os textos propoem.
* Quanto a isso não ter implicações soteriológicas, parece que Paulo não via assim, haja vista suas palavras seguintes:
"Que diremos, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória sobre os vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a glória, os quais somos nós, a quem ele também chamou não só dos judeus, mas também dos gentios?" (Rm 9:22-24)
Interessante: Deus suportou com muita paciência os vasos de ira. Mas a leitura voluntarista coloca Deus como que odiando os vasos de ira!
E Ele suportou os vasos de ira para que os vasos de honra conhecessem a Sua riqueza. Interessante, né? Um Deus odiador não daria nem chance. E Ele na verdade mostra que tem misericórdia mesmo de quem não merece - os vasos de ira!
Se Deus não ama os vasos de ira, por que ser paciente com eles?
Isto me faz lembrar da fala de Jesus: "perdoa, eles não sabem o que fazem" (e antes que digam INCAPACIDADE!, aqui se trata claramente que Jesus fala da gravidade do ato de matar o filho de Deus, e não de alguma incapacidade pelo pecado).
Mas isto está me fazendo desviar do assunto: creio que qualquer coisa na Bíblia tenha implicações na salvação do ser humano. Desde Gn até Ap, afirmar que isto ou aquilo não tem implicações soteriológicas é simplesmente desprezar a Bíblia.
Em Cristo,
Clóvis
Amém!
A passagem considerada "indireta" é a primeira sobre o assunto e diz: "Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir, nem ainda por uma mão forte."(Êxodo 3,19).
ResponderExcluirÉ uma predição de que o Faraó não permitirá a saída do povo mesmo sob pressão [de Deus]!
Deus, então, endurece-lhe o coração: "...mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo"
Ambas as posições (católica e calvinista) parecem concordar que o Faraó endureceu o coração e Deus endureceu-lhe o coração, ou melhor, nos dois endurecimentos. O calvinista afirma que Deus endurece primeiro, é a causa desse endurecimento.
(De fato, Vincent Cheung coloca Deus na posição de controlador do pecado: do tentador, da tentação e do tentado!!!)
A questão da responsabilidade também é pacífica.
O "entendimento" da questão: "Não entender como isso se dá não invalida o que a Bíblia diz a esse respeito e tampouco é desculpa para rejeitar ou tentar amenizar o que a Escritura afirma categoricamente", permanece, no MÍNIMO, empatado.
Como entender a responsabilidade quando o homem não é livre? A resposta seria que a Bíblia afirma que ele é responsável, isso basta. (Cheung chega a afirmar que ser responsável não requer liberdade....)
Como entender que o homem possa ser livre e endurecer, por si mesmo, o seu coração, e Deus endurecer-lhe após sua recusa e endurecimento, como dois endurecimentos de coração distintos, sem que Deus seja o Autor do primeiro?
Aquela primeira menção bíblica (Êxodo 3,19), que evidencia o motivo do endurecimento do coração, parece favorecer essa última posição.
A Bíblia afirma isso, e isso bata.
"A Bíblia afirma, e isto basta".
ResponderExcluirIsto não deve ser suficiente.
Afinal, calvinistas de cinco pontos vivem explicando de tudo que é jeito que "todos significa alguns" quando discutem a Expiação Limitada com quem discorde disto.
A Bíblia afirma, diversas vezes e de todas as maneiras, que Deus morreu por todos, não apenas nós mas o mundo todo, como diria João. Se só isto bastasse, este ponto não seria tido como o mais emocionalmente reprovável do calvinismo.
Aliás, se só o "a Bíblia afirma, e isto basta" fosse suficiente, não teríamos tantas denominações cristãs, não é verdade?
[Ademais, a posição hiper de Cheung tem pouquíssimo apoio bíblico. Tem até calvinista que esfacela seus "argumentos filosóficos", como o cessacionismo de línguas, haha!]
Deus controla o coração das pessoas, e isso é um fato. É um salto imenso, porém, afirmar que sempre e em todo momento quaisquer processos mentais e ações humanas são causadas por Deus, incluindo, o pecado. O axioma prescinde dos dados bíblicos.
ResponderExcluirÊxodo 3,19 é o contexto de Êxodo 4,21, o que torna compreensível toda a questão. E Deus decide endurecer o coração a partir do endurecimento por parte do Faraó.
A Escritura apresenta as coisas de forma bastante diferente do calvinismo.
E as parteiras disseram a Faraó: É que as mulheres hebreias não são como as egípcias; porque são vivas, e já têm dado à luz antes que a parteira venha a elas. Portanto Deus fez bem às parteiras. E o povo se aumentou, e se fortaleceu muito. (Êxodo 1,19-20).
Soberanamente Deus age conforme a liberdade dada ao homem. Essa passagem não afirmou que Deus fez com que as parteiras deixassem os meninos viver, mas que por terem feito isso Ele fez bem a elas.
E mais: E aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, ele estabeleceu-lhes casas. (v. 21).
Em Êxodo 4,10-13 Moisés argumenta com Deus sobre sua pouca habilidade para falar. Deus responde mostrando que o ajudará nessa questão (v.12). Moisés continua recusando e Deus se ira com isso (v. 14), mas, no final, aceita que Aarão fale. Pelo pressuposto do livre-arbítrio, a agência humana é verdadeira aqui,juntamente com a soberania divina.
Pelo princípio calvinista, Deus teria feito com que Moisés levantasse tantas objeções, dito:serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar(v.12), decretado irar-se contra Ele para que concedesse o que pedia, depois fazendo com que Aarão se alegrasse em seu coração, constituindo tudo um concurso aparente de vários atores, quando na verdade só havia UM: Deus. O restante, não fazia nada.
E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, que estava mais perto; porque Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra, e volte ao Egito.(Êxodo 13,17)
Deus poderia ter feito, de acordo com o calvinismo, que o povo não se arrependesse indo por qualquer caminho, mas quis levá-lo por caminho diferente para que isso não ocorresse. Lendo sob a ótica calvinista o texto tem pouco sentido.
Considerando a soberania divina, guiando o povo, e a liberdade do mesmo, tudo faz sentido: Deus agiu nas circunstâncias para que o povo não se arrependesse.
É líquido e certo o fato do coração de Faraó ter sido o endurecido. Reiteradas vezes a Bíblia diz “endureceu-se o coração de Faraó, e não os ouviu” (Gn 7:3, 22; 8:19; 9:35).
ResponderExcluir(ex 7:3, 22; 8:19; 9:35)?????
Obrigado por ter notado o erro. Não é Gênesis, mas Êxodo. Vou corrigir no texto.
ExcluirÔ Neto, meu revisor- mor: como você deixou passar essa?
Em Cristo,