Reflexões sobre Christopher Hitchens

As Escrituras dizem que é melhor descer à casa do luto do que à casa do riso (Eclesiastes 7.2). A razão dada nessa passagem é que isso permite que os vivos “apliquem isso ao coração”. A morte de Christopher Hitchens [1] deve, em primeiro lugar, nos lembrar da nosssa própria mortalidade. Nós devemos aplicar isso ao coração. Como Donne [2] tão memoravelmente disse: “pergunte, mas não a alguém por quem os sinos dobrem”. Todo funeral é o nosso próprio funeral. Essas questões devem afetar a cada um de nós.

Aqueles que defendem o Evangelho de Jesus Cristo, devem sempre lembrar que as boas novas de Cristo são colocadas em contraste com as más noticias — todos somos pecadores, e todos nós precisamos de purificação e perdão. Christopher Hitchens não precisava vir a Cristo para ter seus argumentos refutados (embora isso fosse acontecer). Ele precisava vir a Cristo para ter os seus pecados perdoados.

Aqui temos um pequeno video* onde eu previno os cristãos contra dois erros — e ambos sãos erros de especulação. A possibilidade de conversãos de última hora nunca devem se tornar em reais conversões de última hora. Ninguém vai para o Paraíso porque os outros querem. Muitos incrédulos têm sido colocados no Paraíso durante funerais, mas não devemos dar lugar à falsa ternura desse impulso. Ao mesmo tempo, a probabilidade de que Christopher nunca aceitou a Cristo não deve se tornar em uma declaração dogmática, linha dura, seguida por “um suspiro de alívio”. E ninguém vai para o inferno porque os outros querem. Não devemos receber a notícia da morte de Christopher da mesma maneira que ele recebeu a morte de Jerry Falwell, [3] por exemplo.

A má notícia é que nós todos estamos debaixo de julgamento. A boa noticia é que aquele que tem fé em Jesus pode ser perdoado. Nós devemos anunciar abertamente esses termos para o mundo inteiro — mas anunciar os termos do julgamento (que as Escrituras nos manda fazer) não é a mesma coisa que brincar de ser Juiz. Deixemos a alma de Christopher Hitchens (e ele tinha uma alma, apesar de todos seus argumentos) na mãos de Deus, que fará nada mais que o certo.

Naturalmente, tudo isso é consistente com o carinho que eu tinha por Christopher. Nossas orações e condolências estão com sua família e amigos.

[1] – Christopher Hitchens, jornalista, escritor e critico literário britânico, radicado nos Estados Unidos. Ateísta, Hitchens escreveu o livro “Deus não é grande. (1949-2011)

[2] – John Donne, poeta inglês (1572 – 1631)

[3] – Jerry Falwell, pastor americano (1933-2007). Hitchens, zomba, em um artigo, do fato de Falwell ter morrido, e não ter sido “arrebatado para fora da biosfera”(palavras suas)

*Vídeo de Doug Wilson (http://www.canonwired.com/featured/dw-hitchens/)

Douglas Wilson
Traduzido por Rafael Serqueira
In: Monergismo

2 comentários:

  1. Interessante. Eu comentaria sobre como os cristãos reagem ente si, mas acho que posso pular esta parte.

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  2. " Eu quero viver minha vida, correndo o risco de não saber o suficiente, de não ter entendido o suficiente e não poder saber o suficiente " Christopher Hitchens - 1949/2011.
    Você fará muita falta.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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