Por que divergimos na interpretação da Bíblia?

A doutrina da clareza da Escritura tem uma implicação prática muito importante e extremamente encorajadora. Ela nos diz que onde há áreas de discordância doutrinária ou ética (por exemplo, sobre o batismo, predestinação ou governo da igreja), há somente duas causas possíveis de discordância: 
 
1) De um lado, pode ser que estejamos procurando fazer afirmações onde a Escritura silencia. Em tais casos, devemos estar mais preparados para admitir que Deus não tem dado resposta à nossa investigação e permitir que haja diferentes perspectivas dentro da igreja. (Esse muitas vezes é o caso com respeito a diversas questões práticas, como métodos de evangelização, estilos de ensino bíblico ou tamanho apropriado de igreja). 
 
2) De outro lado, é possível que tenhamos cometido erros em nossa interpretação da Escritura. Isso pode ter acontecido porque os dados que usamos para decidir uma questão de interpretação foram inexatos ou incompletos. Ou isso se deve a algumas insuficiências pessoais de nossa parte, como orgulho pessoal, avidez, falta de fé, egoísmo, ou mesmo falha em dedicar tempo suficiente à leitura e estudo da Escritura acompanhados de oração.
 
Mas em nenhum caso somos livres para dizer que o ensino da Bíblia sobre qualquer assunto seja confuso ou não seja passível de ser entendido corretamente. Em nenhum caso devemos pensar que as discordâncias persistentes sobre algum assunto no decorrer da história da igreja signifiquem que não sejamos capazes de chegar à conclusão correta sobre a questão. Antes, se a preocupação genuína a respeito de tal assunto surge em nossa vida, devemos sinceramente buscar a ajuda de Deus e, então, ir à Escritura, pesquisando com toda a nossa aptidão, crendo que Deus irá nos capacitar para termos o entendimento correto.
 
Wayne Grudem
In: Teologia Sistemático

3 comentários:

  1. Tal como expus em meu 'blog', há uma reflexão, que creio ser bastante pertinente a todos os cristãos:"E se no Jardim do Éden ADÃO tivesse dito NÃO quando Eva lhe deu o fruto"?
    Se assim houvesse sido a Bíblia não existiria. Partindo desse pressuposto, entendo que a Bíblia é Deus se revelando aos homens mortos em delitos e pecados, e, não Deus fazendo revelações, como muitos gostam de ensinar. Entendo que MORTO não recebe revelações enquanto não for vivificado pela luz do Revelador. Portanto, aceito e concordo plenamente com o ensino de Wayne Grudem, principalmente quando diz que não somos livres para dizer que o ensino da Bíblia sobre qualquer assunto seja confuso. Creio que a caminhada que tem como alvo o Reino de Deus é como se fosse um 'subir de escada'. A cada degrau divisamos algo que ainda não havia sido visto. Aquele que sai da escada ou que não muda para o degrau superior, jamais poderá ver o novo panorama. Também entendo que: "se não dimensionarmos com precisão maior a intensidade da força destruidora do Pecado, jamais iremos conseguir ter uma noção real da grandiosidade da Graça."
    Abraços.
    Fabio, cristaodebereia.blogspot.com

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  2. Paz e Graça Clóvis.

    Muito bom este post. Tem um post antigo deste blog em que eu quria que vc tirasse uma duvida mimha. O nome do post é: Como escolher uma Biblia de estudo?

    .:::Bryan::::.

    SOLA SCRIPTURA

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  3. Clóvis, muito bom o artigo. Um assunto que foi e ainda é discutido hoje é sobre imanência ou transcendência de Deus. Pesquisei na Wikipedia sobre um filósofo chamado Bento de Espinoza e infelizmente vi que ele teve uma visão totalmente errada de Deus mesmo sendo estudioso da Bíblia. Mas esse entendimento que ele teve foi por causa de seu aprofundado estudo sobre as filosofias pagãs antigas, ele com certeza juntou seu estudo de filosofia pagã com a verdade de Deus e chegou a conclusão de um Deus imanente! Fiquei muito triste de ver isso e o pior é que essa crença falsa ainda existe.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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