Nascidos para crescer

Em muitas igrejas, a mensagem de justificação — como ter uma relação certa com Deus — é pregada inúmeras vezes. Todavia, muito pouco é dito sobre a santificação — como viver depois que você se converte. Nas igrejas luteranas em que fui criada, parecia que sempre estávamos lidando com a Reforma — todo sermão era sobre a justificação pela fé. Logo após minha conversão, falando com minha tia-avó Alice, mulher temente a Deus e inteligente, comentei em tom de frustração que não precisávamos ouvir a mensagem básica da salvação pela fé todos os domingos.

Seus olhos se iluminaram ao me encarar por trás dos óculos de aro de arame, quando respondeu pacientemente: "Mas sempre precisamos nos lembrar, querida, por que a graça é tão contrária às nossas tendências humanas".

Claro que ela tinha razão, mas ainda é verdade que a maioria das igrejas é forte em ensinar acerca da conversão, mas fraca em ensinar sobre como viver depois da conversão. Pense na analogia: Em certo sentido, nosso nascimento físico é o acontecimento mais importante de nossa vida, porque é o começo de tudo. Ainda em outro sentido, é o acontecimento menos importante, porque é apenas o ponto de partida. Se alguém falasse todos os dias sobre a tremenda importância de termos nascido, acharíamos muito estranho. Já que entramos no mundo, a tarefa essencial é crescer e amadurecer. E é por isso mesmo que nascer de novo é o primeiro passo necessário em nossa vida espiritual, porém não deveríamos focar nossa mensagem constantemente em como ser salvo. É crucial que as igrejas incentivem as pessoas à maturidade espiritual e equipem os santos para cumprir a missão que Deus nos deu no mandato cultural.

Cada um de nós tem um papel a desempenhar no cultivo da criação e na execução das normas de Deus para uma sociedade justa e humanitária. Por pura necessidade, grande porcentagem de nosso tempo é dedicada a administrar negócios, lecionar em escolas, publicar jornais, tocar em orquestras e tudo que for necessário para manter uma civilização em desenvolvimento. Mesmo quem trabalha no "serviço cristão em tempo integral" precisa limpar a casa, cuidar dos filhos e cortar a grama. E imperativo que entendamos que ao realizarmos estas tarefas, não estamos fazendo trabalho inferior ou de segunda categoria em prol do Reino. Somos agentes da graça comum de Deus quando fazemos seu trabalho no mundo.

Nancy Pearsey
In: Verdade Absoluta

2 comentários:

  1. Paz e Graça Clóvis.

    "Mas sempre precisamos nos lembrar, querida, por que a graça é tão contrária às nossas tendências humanas". → Que comentário é esse. Se fosse respondido para mim ficaria sem palavras.

    Então vamos lá: A santificação não poderia ser um estado em que exija a retroação(feedback) da justificação?

    Devemos ser ensinados e glorificar sempre a Graça de Deus, mas a mesma reina pela justiça. Umas das grandes revoluções juntamente com SOLA SCRIPTURA na época da reforma é a GRAÇA DE DEUS tão proclamada pelo Apostolo Paulo, por isso que enfraqueceu um pouco o post, ficou parecendo que a Graça de Deus é uma continuidade da santificação, pelo menos no mais fundo passou esta ideia. Para mim a justificação são as primícias da santificação ou algo parecido.

    Muito Obrigado pela atenção.
    .::::Bryan::::.

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  2. Gostei imenso do trecho em questão.

    Creio que necessitamos também de pregar segundo o povo que está à nossa frente, pois se apenas pregarmos sobre o novo nascimento de forma contínua a pessoas que já nasceram de novo, poderemos criar pessoas que ao saírem da casa de oração vivem uma vida completamente descontextualizada.

    Abraços,

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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