O Espírito expressamente diz. Diz o que?

O apóstolo tem transmitido a Timóteo conselhos criteriosos sobre muitos temas, e agora mostra por que tal cuidado era necessário, visto ser sensato tomar medidas contra um perigo que o Espírito Santo declara estar chegando, a saber, que viriam falsos mestres oferecendo suas próprias invenções fúteis como se as mesmas fossem o ensino da fé, e que, ao transformar a santidade em observâncias externas, obscureceriam aquele culto espiritual devido a Deus, o qual é o único legítimo. 

E nesse ponto tem-se realmente travado constante batalha entre os servos de Deus e os homens tais como os descritos por Paulo aqui. Pois, visto que os homens são naturalmente inclinados à hipocrisia, Satanás facilmente os persuade, dizendo que Deus pode ser corretamente cultuado através de cerimônias, disciplinas e coisas externas. Realmente, sem necessidade de mestre, quase todos têm esta convicção profundamente arraigada em seus corações. Afinal, a astúcia de Satanás é adicionada para completar o erro, e o resultado é que em todas as épocas tem existido impostores que recomendam o falso culto, através do qual a verdadeira piedade é levada à ruína. Afinal, essa praga traz outra em seu comboio, pela qual usa a compulsão para sobrecarregar os homens em relação a questões que são indiferentes. Pois o mundo facilmente permite a proibição de coisas que Deus tem declarado lícitas, a fim de que seja permitido transgredir as leis de Deus impunemente. 

Aqui, pois, Paulo adverte não só a igreja de Efeso através de Timóteo, mas também a todas as igrejas, em todos os lugares, contra os falsos mestres que, introduzindo o falso culto e emaranhando as consciências com novas leis, adulteram o verdadeiro culto divino e corrompem a genuína doutrina da fé. Eis o propósito real desta passagem, o qual devemos especialmente conservar em nossas mentes.

João Calvino
In: Comentário sobre 1Tm 4:1

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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