A fé cristã e a matemática

Com isto não negamos que crentes e não-crentes concordam com uma ampla gama de assuntos. Os não-crentes podem ser até mais capazes de construir edifícios, administrar bancos, fazer cirurgias ou compilar pro¬gramas de computador. A razão está fundamentada na doutrina da criação: Todos fomos feitos à imagem de Deus para habitar no mundo de Deus, e nossas faculdades foram designadas a nos dar o verdadeiro conhecimento desse mundo. Assim, em muitos campos pode haver significativa extensão de concordância entre crentes e não-crentes.

A Bíblia ensina a doutrina da graça comum. Considerando que a graça especial refere-se à salvação, a graça comum significa o cuidado providencial de Deus — o modo como Ele sustenta ativamente a totalidade da criação. Deus "faz que [...] a chuva desça sobre justos e injustos", diz a Bíblia (Mt 5.45). Quer dizer, os talentos de Deus são dados até aos não-crentes, inclusive os intelectuais. Foi por isso que Jesus disse que até os pecadores "[sabem] dar boas coisas aos [seus] filhos" (Mt 7.11) e podem ser bons pais, e pôde também repreender aos seus oponentes por não interpretarem os sinais dos tempos — considerando que sabiam interpretá-los, Ele esperava que também soubessem discernir os significados da história (Mt 16.1-4). Portanto, a própria Bíblia ensina que os não-crentes têm a capacidade de operar o mundo com eficiência, incluindo a função cognitiva.

Assim que tentamos explicar o que sabemos, então nossas pressuposições espirituais e filosóficas entram em cena. Por exemplo, consideremos a matemática.Talvez você ache que não haja uma visão cristã da matemática, mas há.Todos concordam que 5 + 7 = 12. Entretanto, quando você pede para justificar o conhecimento matemático, as pessoas se dividem em vários campos concorrentes.

Os gregos antigos, por estarem no amanhecer da história ocidental, são famosos por terem descoberto a geometria euclidiana. Porém, não acreditavam que o próprio mundo material exibisse ordem matemática precisa, porque consideravam a matéria como substância independentemente existente e recalcitrante, que nunca "obedeceria" a regras matemáticas. Por isso, mantinham a matemática presa em um "céu" abstrato platônico.

Em contrapartida, muitos dos primeiros cientistas modernos eram cristãos; eles acreditavam que a matéria não era preexistente, mas que viera da mão de Deus. Assim não havia poder que resistisse à sua vontade senão "obedecer" às regras que Ele estabelecera — com precisão matemática. O historiador R. G. Collingwood escreve: "A possibilidade de uma matemática aplicada é uma expressão, em termos de ciência natural, da crença cristã de que a natureza é a criação de um Deus onipotente".

Nancy Pearsey
In: Verdade Absoluta

11 comentários:

  1. Isnar

    Mais está um porém, não descordando que Deus deu talento ao homem que por sua vez tenha habilidades diversas e cada um desempenhe sua função com primazia, a questão aqui é: - quando essa relação,fé cristã e matématica,não é corretamente interpretada.
    Segundo um cientísta que é criacionista muito conhecido falou uma frase interessante: " A bíblia corretamente interpretada e a ciência devidamente estabelecida não há contradição".
    Mas já caso de que a matemática virou uma espécie de religião não muito bem administrada (se é que da pra enender o que eu quis dizer), pra tudo a pessoa tem uma resposta matemática, expressões com monomios e polinomios,probabilidade e estatistica,funções.Chega a ser engraçado.
    Sei que não é o caso mostrado no texto, só mostrei a inversão de valores que alguns matemáticos frenéticos fazem.O texto mostra a capacidade do homem dado por Deus por sua graça comum, gostei bastante.
    Vou só deixar essa pergunta:- quando a matemática passa a responder muito mais que a bíblia para os crentes?, para os não-crentes é normal(por assim dizer),mas quando nós sofremos com isso?.

    Té mais mano clóvis.

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  2. Isnar,

    Não entendi muito bem (como você previu) o que você quis dizer com "a matemática virou uma espécie de religião não muito bem administrada" e "quando a matemática passa a responder muito mais que a bíblia". Creio que há outras áreas do conhecimento com mais potencial de substituir a Bíblia. No caso do texto, parece-me aceitar os enunciados matemáticos, especialmente os relacionados às leis físicas, implica pressupor um Deus onipotente.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  3. isnar

    A questão da religião - não falo do sentido original de reconectar, se ligar novamente.Mas sim de formatos e padrões que estamos acostumados a ver nas igrejas que auto-denominam (e são denominados) cristã.E por padrões alguns matemáticos associam qualquer coisa a fórmulas,esses caras que eu digo,parece que a matemática viro uma religião para eles.
    A parte de "não muito bem administrada" - e que eles simplesmente não vão ter isso como fé, credo ou crença particular, eles apenas racionalizam tudo.
    É claro a outras àreas,concordo plenamente com você, que podem nos fazer indagar mais sobre as coisas.A física por exemplo, a questão do surgimento do universo, as leis que que a natureza obedece.Einstein que não acredita em um Deus pessoal levantou bastante dúvidas das pessoas em geral se ele acreditava em Deus ou não.Enfim esses dois assuntos desse parágrafo geraria outra discussão somente para eles.
    E também acredito que todo tipo de ciência só revela uma mente inteligente por trás de todas as coisas.
    Como falei antes, gostei do texto.
    A questão foi(aproveitando a abordagem matemática,mas poderia se qualquer outra àrea)quando não conseguimos, mesmo que nosso discurso seja outro, saber lidar com a matemática e com a bíblia.
    Espero ter sido claro.

    falou mano Clóvis aprendo muito com seu blog, tenho outras questões envolvendo outros assuntos,se pudermos conversar mais...

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  4. Isnar,

    Estou a disposição. Não estou tendo tempo para me aprofundar demais nem grande capacidade para responder à contento, mas posso tentar.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  5. Tranquilo, quando puder conversamos mais e obrigado, desculpa qualquer coisa.

    grato

    Isnar

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  6. isnar

    só corrigindo
    quando puder conversaremos mais

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  7. Paz querido Clóvis!
    Quero dizer que sou expectador de seu blog, e msm sendo arminiano sempre leio seus ports sem preconceito teologico! Sou pentecostal e gostei muito do que você discorreu sobre a natureza e atualidade do falr em linguas, estou esperando a segunda parte, e gostaria q vc falasse sobre a tese cessacionista defendidada pelos adventistas do setimo dia e por uns batistas fundamentalistas, que afirmam que as linguas que falamos são resultado final de um êxtase emocional.
    Fica na benção e um grande abraço!

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  8. Emmanuel,

    Seja bem vindo e que bom que acompanha os posts do Cinco Solas. Agradeço que leia sem preconceitos os artigos, mas recomendo que o faça sempre de forma crítica, tendo a Bíblia como juíza entre que você pensa e o que eu escrevo. Levando em conta que ambos podemos errar.

    Sobre o segundo artigo, preciso revisá-lo e postarei em breve. E a resposta a essa crítica vai aparecer em algum momento da série.

    Deus o abençoe.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  9. Olá Clóvis,

    Já tenho visitado seu blog há algum tempo, porém nunca tinha comentado. Tenho somente a parabenizá-lo pelo ótimo trabalho desenvolvido e pela boa exposição da Palavra.

    Que esse trabalho seja melhorado a cada dia mais para honra e glória de Nosso Deus, e que a Palavra de Deus seja a única e exclusiva medida para nos achegarmos mais a Deus por intermédio do Espírito Santo que em nós habita.

    Em Cristo,

    Heverton

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  10. Heverton,

    Soli Deo Gloria. Espero sempre poder servir com textos que sejam edificantes.

    Deus o abençoe.

    Clóvis

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  11. Olá gostaria que alguém assistisse a este vídeo e deixasse uma crítica.

    No Youtube: Números primos 2015: A descoberta dos "números compostos de interceptação"

    O link é: https://www.youtube.com/watch?v=PIPjjBNM4lk

    Willames

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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