Quando a perseguição chega


E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. At 8:3-4

Perseguição é uma palavra quase sem sentido para uma igreja ufanista, mais habituada a termos como vitória, prosperidade, sonhos e sobre ser cabeça e não cauda. Quando eventualmente se fala de perseguição, logo se diz "despreze e zombe do inimigo enquanto ele foge" e assegura-se que "quem jogou pedras nem se lembra de você, quem te viu e quem te vê, está na plateia de camarote, aplaudindo você vencer".

Perseguição é a realidade de 100 milhões de cristãos, segundo a missão Portas Abertas. Em muitos países muçulmanos, budistas e ateístas, crer em Jesus é a maneira mais segura de ser expulso e denunciado pela família, ser espancado e morto ou ser jogado numa prisão. Tais pessoas desconhecem um tal evangelho da saúde e prosperidade, vivem um evangelho de provação e testemunho, não raro ao custo da própria vida.

Perseguição é um catalizador da evangelização e da vida cristã genuína. A comodidade leva à acomodação. A perseguição força a ação. Foi assim quando Paulo ainda era Saulo. Foi assim ao longo da história da igreja. É assim hoje. Sempre que a igreja é dispersada, os dispersos falam da Palavra de Deus por onde passam.

Perseguição é uma coisa que faz falta à igreja brasileiraUma igreja perseguida não perde tempo com coisas deste mundo, mas se apega à esperança da volta de Jesus. Em uma igreja sob perseguição, a teologia da prosperidade não vinga. E se algum Gondim convidasse pastores para ouvir sobre a volta de Jesus como "um horizonte utópico", não encontraria audiência alguma.

2 comentários:

  1. Gostei muito, Clóvis. Parabéns!

    Um cristão que não sofre perseguição precisa de mais oração do que o que sofre (e normalmente achamos o contrário!)
    Pois o que não sofre corre muito mais risco de morrer espiritualmente do que o sofredor. É o maior de todos os perigos.

    Um abraço.

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  2. Neto,

    A comodidade e o conforto geralmente é deletério para os relacionamentos. Muitos casais que suportam juntos as maiores agruras, não raro se divorciam em épocas de conforto financeiro.

    O mesmo acontece com a igreja.

    Em Cristo,

    Clóvis

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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