O dois últimos mandamentos

• Nono Mandamento

"Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (Êx 20:16, ACF).

O Senhor condena aqui todas as maldições e injúrias com as que se ultraja a boa fama de nosso irmão, e todas as mentiras com as quais, de qualquer forma que seja, se fere o próximo. Pois se a boa fama é mais preciosa que qualquer outro tesouro, não recebemos menos dano ao sermos despojados da integridade de nossa boa fama que ao sê-lo de nossos bens. Com freqüência se consegue tirar os bens a um irmão com falsos testemunhos, tão perfeitamente como com a cobiça das mãos. Por isso fica amarrada nossa língua por este mandamento, como o estão nossas mãos pelo anterior.
• Décimo Mandamento

"Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo" (Êx 20:17, ACF).

Por este mandamento o Senhor coloca como um freio a todos os desejos que ultrapassam os limites da caridade. Pois todo o que os outros mandamentos proíbem cometer em forma de atos contra a regra do amor, este proíbe concebê-lo no coração. Assim, este mandamento condena o ódio, a inveja, a malevolência, do mesmo modo que antes estava condenado o homicídio. Tão proibidos estão os afetos impuros e as máculas internas do coração como a libertinagem. Onde já estavam proibidos o engano e a cobiça, aqui o está a avareza; onde já se proibia a murmuração, aqui se reprime inclusive a malevolência.

Vemos, pois, quão geral é a intenção deste mandamento, e como se estende ao longo e ao largo. Pois o Senhor exige que amemos nossos irmãos com um afeto maravilhoso e sumamente ardoroso, e quer que não se veja turvado pela mais mínima cobiça contra o bem e proveito do próximo. Em resumo, este mandamento consiste, portanto, em que amemos o próximo de tal modo que nenhuma cobiça contrária à lei do amor nos afague, e que estejamos dispostos a dar de bom grau a cada um o que lhe pertence. Agora bem, devemos considerar como pertencente a cada um o que pelo mesmo dever de nosso cargo estamos obrigados a dá-lhe.

João Calvino
In: Breve Instrução Cristã

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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