A morte de um bebê e a glória de Deus

É fácil discutir teologia à roda de uma mesa ou blog. Defender a soberania de Deus sobre todas as coisas, quando essas coisas são acontecimentos à nossa volta. Mas, e quando a mão poderosa que fere? E quando somos atingidos pela dor da perda de um filho, conseguimos ver nisso a glória de Deus e nos alegrar no Senhor?

O que segue é apenas uma parágrafo do relato de um pai que perdeu um bebê, ainda não nascido. É uma aula de teologia, mas sobretudo, é uma lição de como um servo do Altíssimo deve adorar a Deus mesmo quando Ele tira de nós o que mais amamos.

Minha sugestão é que você vá direto para o Retrato por Escrito e leia a íntegra do testemunho do André, que sei, fala pela Norma também.

Naturalmente, nada do que acabo de dizer descreve bem a situação de nosso filho. A principal diferença reside no fato de que ninguém lhe fez mal algum, nem pretendeu fazê-lo. Ao contrário, nosso bebê foi muito amado, e fizemos tudo o que pudemos - e que, na verdade, não foi tanto assim - para conservá-lo conosco. Foi o próprio Deus quem o levou, e ninguém mais. E isso faz toda a diferença, pois Deus, na qualidade de autor da vida, é o único que tem direitos irrestritos sobre ela. Oito meses atrás, ao redigir a página de agradecimentos de minha dissertação de mestrado sobre o diagnóstico de doenças em laranjeiras, fiz uma menção algo bem-humorada ao "Deus Trino, Autor de toda vida, humana ou cítrica". Eu nem sonhava em quão cedo as pesadas implicações desse fato se manifestariam em minha própria família. O Senhor exerceu seu direito exatamente conforme a descrição de Moisés em seu famoso salmo sobre a transitoriedade da vida humana: "Tu reduzes o homem ao pó e dizes: tornai, filhos dos homens". O versículo evoca com fidelidade a linguagem do Gênesis, na ocasião em que Deus amaldiçoou Adão: "No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás". Moisés se referia ao poder que Deus possui e exerce de fazer tornar ao pó a vida humana que Ele mesmo criara - dezenove semanas antes, no caso em questão. E aqui nosso dever é o de responder como Jó, que não perdeu um bebê no ventre, e sim dez filhos já crescidos, além de todos os seus muitos bens: "o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor".

Ao André e à Norma: obrigado pela lição. Só posso imaginar o quanto lhes custou nos dar. Mas isso também, é para a glória de Deus.

5 comentários:

  1. Teologia verdadeira é teologia vivida.

    Que Deus abençoe os dois com muitas bençãos espirituais em Cristo.

    E, se for da Sua vontade, outro filho.

    Abração.

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  2. Irmão Clóvis, se possivel, e se temos algum crédito, nos ajude a divulgar o trabalho do irmão Cláudio, do Aprendei/MCA?
    Ele disponibilizou o estudo sobre a Trindade em pdf(390 pg).
    Caso julgue-nos fiel, agradeceremos...

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  3. Luciano,

    Você sabe que tem crédito comigo. Mas qual é o link do trabalho, para que eu tome conhecimento e possa divulgar?

    Está no seu blog?

    Em Cristo,

    Clóvis

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  4. Caro Clóvis,

    Ótima lembrança!

    Parabéns pela recomendação do artigo!

    Um forte abraço,
    Marcos Sampaio

    http://voltemosaocaminho.wordpress.com

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  5. Prezado Clóvis,

    Quero agradecer pelo seu comentário lá no meu blog e por sua postagem feita aqui. Escrevi aquele texto de modo totalmente pessoal e despretensioso, achaidno que seria lido por três ou quatro amigos. Eu não imaginava a repercussão que ele teria, e muito menos esperava que pudesse ocupar o posto de aula de teologia. Mas, como eu disse outro dia ao Roberto, as duas coisas que mais pedimos a Deus durante a gravidez foram: primeiro, que nosso filho fosse salvo; e segundo, que sua vida fosse abundantemente útil ao Reino de Deus. O Senhor atendeu a ambas as petições, embora bem mais cedo e de maneira muito diferente do que esperávamos. E nisso também há motivo para alegria em meio à dor.

    Conehço-me o suficiente para saber que não me é natural reagir com tanta serenidade - e mesmo alegria - em uma situação como essa. O que temos vivido só pode ser o resultado da graça de Deus, que tem jorrado na medida exata de nossa necessidade. Uma das coisas importantes que aprendi com esse episódio de nossa vida é que Deus é poderoso para nos dar alegria em Si mesmo até nessas situações.

    Deus permita que seu maior medo não se realize. Mas, independentemente disso, que a esperança na graça de Deus possa tornar seu medo menos doloroso.

    Um grande abraço!

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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