A diferença entre a verdadeira e a falsa religião

Ninguém desejará ser considerado como absolutamente indiferente à piedade e ao conhecimento de Deus, já que está demonstrado, por consentimento geral, que se levarmos uma vida sem religião, vivemos miseravelmente e não nos distinguimos em nada das bestas.


Mas existem maneiras muito diversas de manifestar a religião de cada um; pois a maioria dos homens não operam precisamente movidos pelo temor de Deus. E já que, gostem ou não, sentem-se como ofuscados por esta idéia que continuamente lhes vem è mente: "que existe alguma outra divindade cujo poder os mantêm em pé ou os faz cair"; impressionados, de um ou de outro modo, pelo pensamento de um poder tão grande, lhe professam certa veneração por medo que se ire contra eles mesmos se o desprezam demasiado. Contudo, o viver fora de Sua lei e rejeitar toda honestidade, demonstram uma grande despreocupação, pois estão menosprezando o juízo de Deus. Do resto, como não concebem a Deus segundo sua infinita Majestade, senão segundo a louca e irrefletida vaidade de sua mente, de fato se afastam do verdadeiro Deus. Eis aqui o por quê, ainda quando realizem um esforço cuidadoso por servir a Deus, isso não lhes vale de nada, já que em vez de adorar o Deus eterno, adoram, em seu lugar, os sonhos e imaginações de seu coração.

Agora bem, a verdadeira piedade não consiste no temor, o qual muito gostosamente evitaria o juízo de Deus, pois tem tanto mais horror quanto que não pode fugir dele; senão antes bem um puro e autêntico zelo que ama a Deus como a um verdadeiro Pai e o reverencia como a verdadeiro Senhor, abraça sua justiça e tem mas horror de ofendê-lO que de morrer. E quantos possuem este zelo não tentam forjar-se um deus de acordo com seus desejos e segundo sua temeridade, senão que buscam o conhecimento do verdadeiro Deus em Deus mesmo, e não o concebem senão tal e como se manifesta e se dá a conhecer a eles.

João Calvino
In: Breve Instrução Cristã

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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