Deus é soberano sobre as decisões humanas

imageDe acordo com muitas passagens das Escrituras, Deus controla as nossas decisões e atitudes livres, predizendo freqüentemente essas decisões muito antes de elas ocorrerem. Ele declarou que, quando os israelitas subissem a Jerusalém para as festas anuais, as nações inimigas não cobiçariam a sua terra (Ex 34.24). Deus estava afirmando que controlaria a mente e o coração daqueles pagãos para que, naquelas ocasiões, não causassem problemas ao povo de Israel.

Quando Gideão liderou o seu pequeno exército contra o acampamento midianita, "o SENHOR tornou a espada de um contra o outro, e isto em todo o arraial" (Jz 7.22). Durante o exílio, Deus "fez" um chefe oficial babilônico "conceder a Daniel misericórdia e compreensão" (Dn 1.9). Depois do exílio, o Senhor "os tinha alegrado, mudando o coração do rei da Assíria a favor deles (Israel)" (Ed 6.22).

No momento da crucificação de Jesus, os soldados decidiram livremente lançar sortes sobre a túnica de Jesus, em vez de rasgá-la. No entanto, Deus havia predestinado essa decisão:

para se cumprir a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. (Jo 19.24, citando SI 22.18; cf. Jo 19.31-37).

O argumento de João foi que Deus não só sabia antecipadamente o que iria acontecer, mas, mais propriamente, que o acontecimento se deu para que as Escrituras pudessem ser cumpridas. De quem era a intenção de cumprir a Escritura por meio desse acontecimento? A causa primária da decisão dos soldados não foi a intenção deles, mas a intenção de Deus.

Os evangelhos afirmam, repetidas vezes, que certas coisas aconteceram para que as Escrituras se cumprissem. Muitos desses acontecimentos envolviam decisões livres de seres humanos (veja p. ex., Mt 1.20-23; 2.14,15, 22,23; 4.12-16). Em alguns casos, seres humanos (tais como o próprio Jesus em 4.12-16) podem ter tido a intenção consciente de cumprir as Escrituras. Em outros casos, eles não tinham essa intenção ou nem mesmo sabiam que estavam cumprindo as Escrituras (p. ex., Mt21.1-5; 26.55,56; At 13.27-29). Em todo caso, as Escrituras devem ser cumpridas (Mc 14.49).

O quadro que é formado por essa grande quantidade de passagens é que o propósito de Deus está por trás das livres decisões dos seres humanos. Freqüentemente, e por vezes muito antes de o acontecimento ocorrer, Deus nos diz o que um ser humano decidirá livremente o que vai fazer. O ponto aqui não é meramente que Deus tem conhecimento antecipado de um acontecimento, mas que ele está cumprindo o seu próprio propósito por meio dele. Esse propósito divino transmite uma certa necessidade (Gr. dei, cf. Mt 16.21; 24.6; Mc 8.31; 9.11; 13.7,10,14; Lc 9.22; 17.25; 24.26) à decisão humana para que realize o acontecimento predito.

John Frame
In: Deus é soberano sobre as decisões humanas

God is sovereign over human decisions

According to many passages of Scripture, God controls our decisions and actions free, frequently predicting these decisions long before they occur. He stated that when the Israelis should go to Jerusalem for the annual feasts, the enemy nations not covet your neighbor's land (Exodus 34.24). God was saying it would control the minds and hearts of those pagans that, on those occasions, did not cause problems to the people of Israel.

When Gideon led his small army against the Midianite camp, "the LORD made the sword of one against another, and this throughout the camp" (Judges 7:22). During his exile, God "made" a senior official Babylonian "Daniel grant mercy and understanding" (Dan. 1.9). After the exile, the Lord "had made them joyful, changing the heart of the king of Assyria unto them (Israel)" (Ezra 6:22).

At the time of Jesus' crucifixion, the soldiers decided to freely cast lots for the robe of Jesus, instead of tearing it. However, God had predestined that decision: to fulfill the Scripture: 'They divided my garments among themselves and upon my vesture they cast lots. (John 19:24, quoting Ps 22:18, cf. Jn 19.31-37).

John's argument was that God not only knew in advance what would happen, but, rather, that the event occurred so that the Scripture might be fulfilled. Whose was the intention to fulfill the Scripture through this event? The primary cause of the decision of the soldiers was not their intention but the intention of God.

The Gospels say repeatedly that certain things happened so that the Scripture might be fulfilled. Many of these events involve free decisions of human beings (see eg., Mt 1.20-23; 2.14,15, 22.23, 4.12-16). In some cases, humans (such as Jesus in 4.12-16) may have had a conscious intent to fulfill the Scriptures. In other cases, they had no such intention or even knew they were fulfilling the Scriptures (p. ex., Mt21.1-5; 26.55,56, Acts 13.27-29). In any case, Scripture must be fulfilled (Mark 14:49).

The table is formed by the large number of passages is that God's purpose behind the free decisions of human beings. Frequently, and sometimes long before the event occurs, God tells us that a human will freely decide what to do. The point here is not merely that God has foreknowledge of an event, but that he is fulfilling his own purpose through him. This divine purpose conveys a certain need (Gr. I, cf. Mt 16:21; 06.24, Mark 8:31, 9:11; 13.7,10,14, Luke 9:22, 17:25, 24.26) to the human decision to conduct the event predicted.


2 comentários:

  1. Tenho algumas dúvidas quanto a esse tema sobre a soberania de Deus. Se Deus é soberano sobre a decisão do homem então significa que tudo acontece segundo um plano prévio de Deus? E quanto a culpabilidade humana, como seríamos culpados de algo que já está determinado, como por exemplo fazermos escolhas que desagradem a vontade de Deus? Se Deus é soberano até sobre o pensamento humano, então Deus criou pessoas que já de antemão o rejeitaríam? E por último, se Deus é soberano, criador, senhor da história, então Ele mesmo foi quem criou o mal? Donde surgiu o orgulho e posterior pecado de Lúcifer? Com excessão de Jó onde a passagem declara o diálogo de satanás com Deus, e as outras pessoas que eram consideradas justas por Deus e sofreram por qual motivo?
    Ana Elisa Dantas de Souza Pires

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  2. Ana Elisa,

    Seja bem vinda e obrigado por postar seus questionamentos aqui. Tentarei responder, de forma sucinta.

    "Tenho algumas dúvidas quanto a esse tema sobre a soberania de Deus."

    Isso é normal. Os caminhos de Deus não são os nossos caminhos e os pensamentos dEle não são os nossos.

    "Se Deus é soberano sobre a decisão do homem então significa que tudo acontece segundo um plano prévio de Deus?"

    Exatamente.

    "E quanto a culpabilidade humana, como seríamos culpados de algo que já está determinado, como por exemplo fazermos escolhas que desagradem a vontade de Deus?"

    A determinação divina não exime o homem de sua responsabilidade. A Bíblia ensina, num mesmo versículo, tanto a determinação divina de um evento como a responsabilidade humana em realizá-lo. Leia o artigo publicado semana passada sobre o assunto: Sem livre-arbítrio não há julgamento justo?.

    "Se Deus é soberano até sobre o pensamento humano, então Deus criou pessoas que já de antemão o rejeitaríam?"

    Sim. Todos, os que o rejeitam e os que O aceitam foram criados por Ele.

    "E por último, se Deus é soberano, criador, senhor da história, então Ele mesmo foi quem criou o mal? Donde surgiu o orgulho e posterior pecado de Lúcifer?"

    O problema do mal é difícil de expor satisfatoriamente. Basta-nos saber que a Bíblia não apresenta Deus como o autor do mal.

    "Com excessão de Jó onde a passagem declara o diálogo de satanás com Deus, e as outras pessoas que eram consideradas justas por Deus e sofreram por qual motivo?"

    As pessoas sofrem como consequencia de seus pecados, os crentes como parte do "programa de treinamento" de Deus. Ninguém é justo diante de Deus a ponto de não merecer o sofrimento. É pela graça somente que nos safamos do sofrimento que nossos pecados merecem.

    Em Cristo,

    Clóvis

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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