Por que não sou pedobatista? - Final


Problemas do pedobatismo

Um problema do pedobatismo é que pessoas podem fazer parte da igreja sem fé consciente. Por serem incluídas na igreja quando criança, quando crescerem podem permanecer incrédulas e continuarem pertencendo à igreja. O pedobatismo consistente terá que aceitar que uma pessoa batizada na infância deve ser considerada cristã até que dê evidência em contrário. Ao invés de se buscar frutos dignos de arrependimento, busca-se evidências de apostasia. Porém, o que se espera com a pregação do evangelho é a conversão e não o desvio dos ouvintes.

Uma segunda consideração, ligada à primeira, é que o pedobatismo baseado na aliança requer duas maneiras de proclamar o evangelho: aos não batizados para crerem e se juntarem ao povo da aliança e aos batizados para se arrependerem porque já fazem parte da aliança. A implicação é que se teria dois evangelhos, uma para batizados e outros para não batizados. Como fica a unidade do evangelho, uma vez que o conteúdo da pregação deve ser sempre o mesmo? 

Um terceiro ponto é que, ao contrário do ensinou Calvino, o batismo infantil desvaloriza a graça de Deus, por reduzir o cristianismo a um fenômeno puramente social. Na prática, ocorre uma secularização do batismo, onde pais descrentes "aprontam o bebê" para o batismo por mero costume ou convenção social. Sem contar que em alguns países a pessoa se torna cidadã por ser batizado numa igreja estatal. Ou seja, o batismo infantil pode ser praticado sem referência alguma à graça de Deus.

A resposta à objeção acima nos leva ao quarto item da nossa lista de problemas provocados pela prática do batismo infantil. Afirma-se que o batismo infantil só é administrado a filhos de pais crentes. Isto significa que o batismo de uma criança não se baseia no amor de Deus, nem no fato de que Jesus abençoou as crianças e nem mesmo na certeza de que a graça precede a fé, mas no fato de que tem determinados pais. E na prática, decidir quais pais são cristãos é mais difícil do que avaliar quem pede o batismo alegando fé consciente.

O quinto problema de nossa lista tem a ver com a pedocomunhão. A maoria das igrejas que batizam os filhos de crentes por considerar que o batismo é sucedâneo da circuncisão não recebem esses mesmos filhos à mesa da comunhão. Ora, mais certo que o batismo substitui a circuncisão é de que a ceia do Senhor substitui a páscoa. E a família inteira comia da páscoa, o único requisito era que todos os homens tivessem sido circuncidados. Portanto, por que não administrar a ceia a quem já recebeu a "circuncisão cristã"?

Novamente, a resposta oferecida, que a ceia do Senhor requer capacidade de discernimento, o que é definido a partir da cerimônia chamada de confirmação, traz seus problemas a reboque. A prática tem fundamento bíblico igual a zero e entrou no protestantismo da mesma forma que o batismo infantil: via catolicismo romano. A origem da confirmação ou crisma vem do fato que o batismo era essencial para a salvação e deveria ser realizado por um bispo, o que nem sempre era possível. Então o batismo era administrado por outra pessoa e quando o bispo visitasse a paróquia confirmava o mesmo, ocasião em que a pessoa "recebia" o Espírito Santo. Os reformadores não compreenderam ou não ligaram para essa origem torta da prática, mas a adotaram como um rito de iniciação à mesa do Senhor.

Conclusão

Em conclusão artigo, reafirmo que por não estar fundamentado em proposições bíblicas, por ter se estabelecido não antes do terceiro século como prática da igreja e ainda assim amalgamadao com erros soteriológicos, por ter sido questionado, embora mantido pelos reformadores magisteriais, por depender de argumentos teológicos baseados em premissas que não levam necessariamente à conclusão que o confirmem e por apresentar mais dificuldades que soluções é que eu não adoto o batismo infantil.

Contudo, isto não significa que eu não aceito como irmão em Cristo ou que defenda o rabatismo aqueles que foram batizados em uma igreja evangélica quando crianças, muito pelo contrário. O batismo de adulto para mim é uma prática bíblica, mas não um dogma de fé que deva separar irmão em Cristo.

Soli Deo Gloria

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29 comentários:

  1. Grande, Clóvis!
    Mais uma vez excelente artigo!
    Muito boa sua exposição de ideias, citações e reflexões.

    p.s.: há dois erros em seu texto final. Você escreveu "amalgamadao e rabatismo", creio que você quis dizer "amalgamado e rebatismo".

    Um abraços! Filipe - 2timoteo316.blogspot.com

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  2. Clóvis,

    Exatamente a mesma visão que eu tenho. Exatamente. Durante a série toda eu acompanhei "assinando" e te dando "Ponto positivo"! rs

    Mas a parte que eu mais esperei foi a do fundamento bíblico que, ao meu ver, é a parte principal.

    CLARO que a série toda foi muito mais aprofundada e sólida do que eu escreveria.

    Peço permissão para postar sua série no fórum monergismo, no tópico sobre pedobatismo.

    Deus o abençoe.

    Assinando a série toda: NETO

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  3. Clóvis,

    Comecei a escrever no Blog dos Eleitos uma série de postagens sobre o pedobatismo. Lá eu levarei em conta seus argumentos. Peço que vc acompanhe e, quem sabe, possamos crescer e nos fortralecer mais nas Escrituras.

    Abraços.

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  4. Essa foi uma das assinaturas com mais "gosto" que eu já dei! rs

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  5. Clovis,

    Talvez saiba que estou do seu lado na questão do pedobatismo. Portanto, minha postagem aqui tem mais a intenção de refinar seus argumentos do que invalidá-los.

    Você diz que "Um problema do pedobatismo é que pessoas podem fazer parte da igreja sem fé consciente. Por serem incluídas na igreja quando criança, quando crescerem podem permanecer incrédulas e continuarem pertencendo à igreja".

    Mas isso também não acontece com o batismo de adolescentes/adultos? Eu sei que a proporção de casos entre um e outro é enorme, mas em ambos esses casos acontecem.

    Agora, também pode ser que estou sendo muito tolo fazendo esse comentário já que por 'igreja' você deve estar pensando em um grupo mais restrito e seleto. Se for, desconsidere esta parte.

    Você diz que não defende o rebatismo daqueles que foram batizados na infância. Ok. Mas o que você diria a um adulto, batizado na infância, que queira ser rebatizado? Você o desestimularia?

    Mas se não defende o rebatismo, então eu acredito que você vê o batismo infantil como válido. Mas não seria estranho considerar válida uma prática que você mesmo diz, em seu terceiro ponto, que "desvaloriza a graça de Deus"?

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  6. Clovis,

    Farei apenas pequenos comentários acerca desse último post, reconhecendo, antes, a sua capacidade, e boa explanação das suas razões para ser não-pedobatista (explicarei mais tarde essa expressão!), tentarei ser sucinto, pois aqui é o seu blog e é seu direito expor as suas crenças. Assim, como existe outros blogs (livros, artigos e pastores) que defendam o pedobatismo, cabe a mim apenas não ficar calado para não suscitar o pensamento que desconsidero o debate (ou o valor de suas palavras quando me são contrárias) ou que fui convencido (reconhecendo, também, que não foi essa a sua intenção e escrever esses artigos).

    Farei, então, comentários de cada parágrafo, não necessariamente ao assunto pedobatista vs credobatista:

    1.Obviamente esse problema é comum em qualquer tradição batismal. É possível que um professo não seja convertido (réprobo) ou que esse mesmo (batizado) não demonstre na vida prática tal compromisso assumido nas ‘águas’, assim tanto os que crescem (já batizados) podem continuar na igreja mesmo não sendo salvos como os que professam falsamente (e então são batizados).

    Na verdade ninguém (ou em nenhuma tradição batismal) deve fazer inferência sobre a conversão de alguém. Nem mesmo pelo não evidente fruto (será que somos capazes de ver os frutos? – negar nossa miopia espiritual pode esbarrar na heresia da impecabilidade do crente, no mínimo!). Devemos tomar cuidado com a busca do resultado pragmático da pregação. Essa abordagem pareceu mais Finney do Calvino. O labutar da Igreja deve ser tanto instruir o já salvo (professo ou considerado, reconhecendo a nossa incapacidade de ver interior) a abandonar as praticas da carne, e conhecer a verdades da Bíblia, bem como de buscar na massa dos incrédulos os eleitos (e tão somente esses) que ainda por não saberem que são Filhos, jazem perdidos. Em ambos os casos a pregação da Verdade (obediência a Deus) é o objetivo (o que se espera!), o resultado só pertence a Deus, bem como o juízo da eventual aceitação. Mas há um valor (ou resultado) duplo na pregação: chamar os eleitos e afastar os réprobos; salvação e condenação.

    2. Como disse; a proclamação do evangelho, ou melhor, pregar toda a Bíblia e a Bíblia toda, tem um caráter duplo. Julgar (condenar) e Salvar. Condenar o pecado e os que o praticam, chamando ao arrependimento fatual dos que já são batizados é, também, a atitude presente (ou pelo menos deveria ser) nas igrejas credobatista. Se, entretanto, o pensamento é que chamar ao arrependimento é fazer um apelo à conversão, mais uma vez o discurso beira Finney, e não é uma prática reformada. Devemos expor a Verdade independente da fé professada, ou há temas (passagens bíblicas) que não devem ser pregadas aos batizados? Ambos os grupos devem sempre ouvir a pregação da morte expiatória de Cristo e serem conclamados a viverem de acordo com essa verdade. Não é assim que o apostolo Paulo faz em diversas partes de suas cartas? Na verdade a exposição da Palavra – ou se você preferia – proclamação do evangelho objetiva positivamente os eleitos, e a condenação aos réprobos, nada mais!

    continua...

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  7. 3. Bom, com a secularização do batismo em alguns países eu tenho que concordar, mas não pelo fato do batismo infantil, mas, sim pela capacidade do homem perverter tudo. Vou extrapolar! Quantos são os que fingem o batismo no Espírito Santo (embora não creia dessa forma), para galgar cargos nas igrejas pentecostais? Ou seja, a incapacidade de uns seguirem o caminho não torna o caminho errado. A secularização nada tem com o rito (batismo), e mais, esse fenômeno ocorre, também, com os credobatistas. Quantos são os desviados que foram batizados, chegando a ser obreiros? Basta a sociedade ser, em geral, adepta a um seguimento religioso que muitos se farão participantes por mera conveniência.


    4.Não é verdade que o batismo infantil é somente administrado aos filhos de pais crestes. O enfoque é outro. O batismo infantil deve ser administrado a todos que são do povo de Deus. A questão é que um pai (ou mãe) que professa a fé, também crê (ou deveria crer) que seus filhos são participantes dessa graça especial de Deus. Ora, se há um reconhecimento que é pela Graça que os filhos são alcançados e não por uma capacidade de professarem a fé, o batismo infantil não pode, em hipótese nenhuma, ser igualada a mero acaso. Não há acasos!. O batismo infantil baseia-se no fato de que Deus é o administrador da Graça e elegeu os filhos de pais eleitos, segundo expressamente consta na Bíblia. Fazemos (eu incluso como pai de criança batizada e pastor que batiza crianças) o batismo de uma criança pelo credo dos pais. Em suma na fé no amor de Deus. E mais, se há algum grau de certeza da fé em um professando para que este seja, então, batizado, há o mesmo nível de certeza – se não maior – nos pais que declaram a sua fé na Eleição dos seus filhos.

    5. Quanto a pedocomunhão a questão é simples. A quem deve ser oferecido o Corpo e o Sangue de Cristo? A todos, sem exceção! A mesa é de Cristo e a rigor qualquer um poderia participar dela. Mas há certo entendimento que somente os batizados devem participar, o interessante é que esse entendimento não advém de nenhuma exposição clara da Bíblia. Ora, há única orientação é sim que haja discernimento do que pratica tal rito, sob pena de castigo, moléstia e morte (se espiritual ou real não vem ao caso). Em nada fica claro a necessidade do prévio batismo. Aqui a afirmação (do seu parágrafo) é nula, pois serve para afirmar muita coisa em relação a necessidade do batismo, inclusive a pressuposição do batismo infantil. Ora, as igrejas pedobatistas admitem que alguém depois de expor publicamente, uma única vez que discerne o Corpo e o Sangue de Cristo, pode participar da Ceia do Senhor. E é assim na maioria dos credobatista. A pública profissão de fé é feita concomitantemente ao batismo, daí credobatismo. Normalmente na distribuição dos elementos é feito um convite para participarem todos os que discernem o Corpo e o Sangue que estão em plena comunhão com Deus e Sua igreja, mas no âmago ela é irrestrita. Há igreja que a Ceia e feita de modo particular, mas em geral, mesmo nelas, a confirmação do discernimento é único, no ato do batismo! Mais uma vez, a forma ou tradição histórica não é o que se impõem. Mas sim a convicção, um credo!

    Quanto à consideração de que o batismo é circuncisão e a páscoa a Santa Ceia, devemos lembra que o cordeiro pascal e Cristo e ter comunhão com ele é participar da verdadeira páscoa. Então invertendo o sentido da afirmação... ou seja, todos os que são de Cristo deve ser batizados e não somente os que professam. Se o ato simbólico, na nova aliança, é a Ceia, todos que são Povo devem participar. Ai eu perguntaria e a Ceia não é a Páscoa por excelência rememorada? Mais uma vez em qualquer tradição batismal que entenda o Pacto, a Ceia será a mesma celebração da Páscoa. No VT pela esperança, no NT pela certeza. Por conseqüência o batismo...

    continua...

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  8. Conclusão: se por proposições bíblicas, você quer dizer citação direta, devo lembra que trindade também não está na Bíblia. É também, necessário lembrar que você apenas não tem certeza, por não haver indicações históricas confiáveis que expressem claramente que antes do terceiro século praticava-se o batismo infantil. Sobre erros teológicos e antiguidade, é necessário lembrar que até mesmo o Canon foi definido depois do sec. III. Erros acontecem é a forma errada não invalida a verdade expressada. Esse foi o trabalho dos reformadores dos sec.XVI, ao negarem muitos erros comuns, entretanto mantendo a certeza de Única Igreja.

    É seu direito propor e pensar diferente deles(os reformadores) não havia consenso em tudo mesmo.

    Contudo, minhas considerações, não significa que eu não o aceito como irmão em Cristo ou que defenda a matança dos Credobatistas (proponentes), ou daqueles que foram batizados em uma igreja evangélica somente depois de professarem a fé mesmo sendo da igreja quando crianças, muito pelo contrário, até por que isso acontece, por diversas razões dentro da IPB. O batismo de adulto (que professa a fé cristã) para mim é uma prática bíblica, mas não um dogma de fé que deva separar irmão em Cristo, da mesma forma que a correta administração do sacramento aos infantes, filhos de pais crentes que professam a verdadeira religião cristã e crêem que seus filhos, por serem do Povo de Deus, têm o direito de receberem o símbolo dessa fé.

    Assim ousaria me afirmar como Credopedobatista !!!

    Em Cristo

    Esli Soares
    Soli Deo Gloria

    p.s.Acho que a última proposição do PCA, deixa claro or que me referi a você como sendo um não-pedobatista, entendeu?... rsrsrs

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  9. Querido Credopedobatista,

    Você disse "pais que declaram a sua fé na Eleição dos seus filhos".
    E disse que tal Eleição "expressamente consta na Bíblia".

    Meu desafio é: Onde consta na Bíblia a Eleição dos filhos de pais crentes?

    Um abraço, hermano.

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  10. Neto, espero que entenda a minha pergunta:
    >Você como crente pode pensar em seus filhos como filhos do diabo?
    Minha crença na eleição de meus filhos tem seu teor na teologia da aliança, em que o próprio Deus declarou-os santos.
    A promessa é para eu, e para meus filhos, segundo a bíblia. Se essa referencia fosse aos meus filhos capazes de crer, não precisava falar para 'Seus filhos', visto que eles seriam aqueles a quem o Senhor chamaria. ( At 2.38-40 ).

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  11. Irmão Clóvis, julgo que essas palavras suas, na introdução, foram as mais infelizes. Eu não iria comentar sobre esse assunto, mas não aguentei... Você foi simplismente, gratutito nesse seu argumento;
    " Um problema do pedobatismo é que pessoas podem fazer parte da igreja sem fé consciente.( >Isso significa que os filhos dos 'batistas' Não fazem parte da igreja, sendo logicamente parte de quem???) Por serem incluídas na igreja quando crianças, quando crescerem podem permanecer incrédulas e continuarem pertencendo à igreja.( >Podem permanecer? O que busca os pais pedobatistas? Não é o memo dos pais batistas?) O pedobatismo consistente terá que aceitar que uma pessoa batizada na infância deve ser considerada cristã até que dê evidência em contrário. Ao invés de se buscar frutos dignos de arrependimento, busca-se evidências de apostasia.( >Horrivél ! Horrivél ! Isso não é conclusão irmão Clóvis, é inferência ilegitima. Minha filha de 5 anos, porém na época tinha 3, chegou em mim e disse que estva orando sozinha !Eu inculco isso nela, eu norteio a vida dela para que ela produza frutos da aliança cristã. O batismo infantil não introduz isso, mas me responsabiliza.) Porém, o que se espera com a pregação do evangelho é a conversão e não o desvio dos ouvintes.( Recentemente meu pastor disse que quando via suas filhas lendo a bíblia e orando,demonstrando sinais da eleição, ele se lembrava de suas orações. )
    Irmão Clóvis eu acredito que essas suas palavras foram nas melhores das intensões para contribuir com a discusão. Olhando como um pedobatista 'consistente', achei elas improprias.
    Mas para vc sentir o que eu senti, vou mostar algumas conclusões que chego como pedobatista, olhando para os 'credobatismo'.
    1) Os filhos deles são filhos do diabo até exercerem fé.
    2) Nenhuma criança será salva, visto que arrependimento e fé são necessarios para salvação.
    3) Não importa em nada todo o contexto familiar da bíblia. Isso não ensina nada para nós.
    4) O batismo infantil é um desvio sem evidencia de desvio na historia da igreja.
    5) Em Romanos 4.11 foi estabelecido que a circuncisão era sinal da fé de Abrãao. Mas ele deu esse sinal da fé em seu filho sem ter fé?

    É facil dizer isso e muito mais, quando eu não vivo o espírito batista, e nem respiro essa realidade.

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  12. Luciano,

    você perguntou:
    "Você como crente pode pensar em seus filhos como filhos do diabo?"
    Não tenho filhos, mas se quero ser fiel ao que a Bíblia diz, eles nascem pecadores e depravados, por mais "malvado" que isso possa parecer.

    Quando a Bíblia declara meus filhos "santos", não creio que seja se referindo que eles são "eleitos". Mas que, por serem filhos de crentes, já fazem parte da igreja terrena. Eles são abençoados comparados com outras crianças, que talvez jamais cheguem a conhecer a Palavra de Deus e um viver piedoso.
    Não dá pra negar que uma criança que nasça sobre um teto legitimamente cristão tem uma vantagem absurdamente maior para conhecer a verdade de Deus do que uma que nasce em um teto impio. Claro que TUDO depende da ação soberana de Deus. Pois eu mesmo me enquadro na segunda opção.

    Dizer que os filhos de crentes são "eleitos", é tentar "eleger os eleitos" por nós mesmos. Filhos de pais crentes podem ser não eleitos, e a história da igreja e a própria Bíblia nos garantem isso.

    Quando Pedro disse o que disse em Atos 2.39, ele falava com "judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu" (vs 5).
    Aí ele fala no verso 39: "Porque a promessa [de Salvação] vos diz respeito a vós [Judeus], a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar." Ou seja, a promessa de Salvação era para os judeus, aqueles que creem, de todas as gerações, de todos os lugares.

    Sabemos, depois, que os judeus rejeitaram ao Senhor Jesus. E aí se inicia a divulgação do Evangelho aos gentios, graças a Deus!

    Portanto, esse verso não significa que filhos de crentes são eleitos, Luciano.

    Um abraço, Deus abençoe.

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  13. Neto e Luciano...

    Está havendo um erro comum no entendimento das expressões. Sendo que isso veio a tona pelas mihas palavras, digo:

    1- A eleição é, somente, dirigida por Deus;
    2- nem Credo e nem Pedo tem certeza da salvação (eleição) de ninguém;
    3- o fato de um pai crer que seu filho é Eleito não torna (e nem é seguro argumento de...)seu filho ser realmente Eleito;
    4- pode parecer maldade, mas e daí, há também pais réprobos com filhos Eleitos;
    5- não há (em minha fala) o argumento de que filho de Eleito (crente), é automaticamente Eleito;
    6- porém, eu, que sou Eleito (disso tenho certeza, pela Graça), também, creio que meu filho é Eleito, por isso o batizei;
    7- Se me perguntar como tenho certeza, respondo: com a mesma certeza de que nesse mundo eu não sou o único Eleito, ou seja, tão somente pela fé.

    Na Paz,

    Esli Soares

    p.s.: O erro comum é ir além do que foi dito, inferências ao meu comentário, ou seja, vocês (Neto e Luciano), no que tange o meu comentário, "pularam o córrego".

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  14. Neto, obrigado pela resposta, mas vc sem querer disse o que pensamos de nosso filhos batizados -Suas palavras: " Mas que, por serem filhos de crentes, já fazem parte da igreja terrena." Isso não é ser batista, não mesmo !!!
    E assim que pensamos, ou seja, nossos filhos são da igreja >visível, pensamos E agimos assim, por isso batizamos nossos filhos.

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  15. Olá Luciano,

    Não entendi muito bem seu ultimo comentário...
    Você quis dizer que um batista não crê que "por serem filhos de crentes, já fazem parte da igreja terrena"?

    Um abraço.

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  16. Caro Esli,

    Me referi mesmo somente ao comentário do Luciano, pois deu a impressão, no comentário dele, que filhos de crentes = eleitos.

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  17. O problema dos 'batistas' reformados é esse. Gostam de confundir, ou confundem por engano, batismo, regenração, eleição etc. Simplismente para fugirem do obvio.
    Os filhos de pedobatistas, fazem parte da igreja visivel. Isso os batistas não sabem dizer se sim se não. Se são, como adentraram? Por nascimento ordinario? Se não, então são membros do mundo do diabo, o que eles jamais terão coragem de dizer...Existe um meio termo? Nem da igreja visivél nem do mundo? (é claro que não estamos aqui adentrando nas cortes celestiais p/ investigarmos a eleição propriamente dita, isso até mesmo os batistas sabem que nem todo o que batiza é salvo ou será salvo, mas faz parte da igreja visivél e assim deve ser tratado! ).
    um abraço irmão Neto.

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  18. Eu tento me afastar do debate, mas não consigo!! rsrsrs

    Vou enumerar aqui as bênçãos espirituais que os crentes recebem por fazer parte do povo de Deus (Ef 1.3):

    1. Fomos escolhidos em Cristo;
    2. Somos filhos adotados por Deus;
    3. Temos a redenção, o perdão dos pecados;
    4. Somos feitos herança;
    5. Fomos selados com o Espírito Santo da promessa (que promessa é essa???).


    Além destas bênçãos que Efésios fala, há também:

    6. A bênção da Justificação;
    7. A bênção da Santificação;
    8. A bênção da Glorificação (cuja bênção a Bíblia fala como se já estivéssemos glorifiados com Cristo no céu) etc, etc, etc...


    Ora, todos nós somos de comum acordo que todas essas bênçãos é adquirida através da fé em Cristo Jesus. Se a lógica batista é verdadeira, então presume-se que a criança não tem parte alguma nestas bênçãos. Se alguém afirmar que tem, como ela adquire então?

    Ninguém está disposto a dizer que o filhinho pequeno pertence a Satanás. Ninguém está disposto a dizer que se a criancinha morrer na infãncia ela vai pro inferno. Porém, todos admitem que a criancinha adquire todas essas bênçãos e ainda vai pro céu se morrer na infância. Resta saber como!

    Por causa da idade? Por causa da inocência?

    Eu sei que o debate é sobre o batismo, mas todas essas questões sobrevem quando o assunto envolve fé e crianças.

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  19. Amigos...

    Leiam o post seguinte a este, "Canones de Dort - 15", acho que esse é o argumento do Clóvis, ou seja, defendido aqui! defendendo a Eleição (pelo menos a fé na Eleição) dos nossos filhos... hehehe

    Como eu disse o Clóvis é "não-pedobatista"!!!

    Esli Soares

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  20. Cleber e Heitor,

    É interessante como facilmente confundimos a forma pela função. A luz de Mt 28;18, o batismo deve ser administrado para todo aquele que se torna discípulo. Até mesmo em Mc 16;16 essa expressão é confirmada de maneira tácita, afinal, embora correlato, o texto afirma a salvação do que crê e a condenação do não-crente, e paralelamente demonstra que o crente, o que segue a Cristo – portanto discípulo – é naturalmente batizado (inferir um relação de causa e feito aqui, no mínimo é temerário).

    No desenrolar de Atos (a historia da igreja primitiva) é isso que se vê, todo o que adere a Fé, rapidamente é batizado (negando a idéia de uma longa preparação – classe de catecúmenos – para só depois ser batizado). É assim como a multidão de At 2;38, os que deram credito as palavras de Felipe (At 8;12), o próprio Simão (o mágico que tenta comprar o poder do E.S) foi batizado por aderir a fé (tornar-se discípulo). Da mesma forma é com o eunuco, Paulo, o carcereiro, Crispo e etc. Ou seja, são batizados por que se tornaram discípulos de Jesus.

    É de se notar que há uma inferência (que seja inferência inclusive para outra coisas, mas há) histórico-textual fortíssima para a prática do pedobatismo, pelo menos em duas ocasiões (At 16;15 e 18;8). Nessas referências de que todos da casa foram batizados é de se pressupor (plausivelmente) a administração do sacramento aos infantes. Corrobora com essa prática o entendimento da continuidade da Aliança (ou Pacto) no AT e no NT e a comunicação entre circuncisão e batismo (que por ser a cosmovisão bíblica, é obviamente longa, não demonstrarei aqui – mas uma leitura dos principais pensadores reformados basta; ele expõem melhor, muito melhor que eu).

    continua...

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  22. Também favoresse esse entendimento que (segundo uma breve pesquisa indicada em p.s): IRINEU (do 1 século) - Escreveu sobre o batismo infantil dizendo que Cristo mandou a igreja batizar todos os que foram alvos do evangelho, e assim, as criancinhas deveriam ser batizadas, ele declara isso em seu livro “Contra as Heresias, Livro III, Capítulo 9”; JUSTINO, O MARTIR – Confirma o testemunho de Irineu dizendo que ele está referindo-se ao batismo de Criancinhas, ele diz isso no seu livro “Apologia I”; TERTULIANO – Ele é um teólogo do 3 século, defendia que seria melhor aos homens serem batizados mais tarde, pois, entendia que o batismo perdoa os pecados, e assim diz que as criancinhas deveriam ser batizadas mais tarde. Pelo testemunho de Tertuliano percebemos que o batismo de Crianças era uma prática comum na história da Igreja; ORIGENES – Escreve dizendo que a “Igreja tinha dos apóstolos a tradição(ordem) para administrar o batismo as criancinhas”.As tradições não devem ser abandonadas, especialmente, aquelas advindas dos apóstolos 2 Tess. 2.15;3.6; O CONCILIO DE CATARGO – Esse concílio responde a uma carta de Fido sobre que tempo deve-se esperar para batizar uma criancinha, o concílio com 66 bispos, decidiram unanimente que a Criança poderia ser batizada antes do oitavo dia de nascido; PELÁGIO – No ano 350 escreveu o seguinte:”Nunca tive conhecimento de alguém, nem mesmo o mais ímpio herege, que negasse o batismo às criancinhas”; AGOSTINHO – Conhecido como o doutor da graça escreveu defendendo o Batismo infantil como sendo a fonte de redenção dos pequeninos.
    Ou seja, a historicidade do batismo infantil não pode ser levianamente questionada como propõem alguns. E mesmo que o ato não fosse praticado universalmente (ou mesmo conscientemente igual a proposta atual – leia-se reformada) é preciso notar que a teologia da Igreja estava em desenvolvimento. Assim até mesmo o Canon e a doutrina acerca da natureza de Cristo estavam sendo definidas nos primeiros séculos da era cristã, não perfazendo por isso, menos dignas de aceitação (um exemplo fortíssimo é a própria teologia reformada, que embora seja ontologicamente apenas um resgate e não uma novidade, tem, ou apresenta muitas coisas realmente ‘novas’, ou melhor revela o cerne da tradição bíblica por excelência)

    Mas é interessante que em Mt 28;18 (expressão normativa do batismo cristão) não há o requisito fé (ou profissão). Talvez (na verdade é minha fé – ‘risos discretos’), a simplicidade seja a melhor explicação para o ato do batismo infantil (dos filhos de crentes). Eles devem ser batizados pelo simples fato de que são discípulos de Jesus. Ou será que não são?

    Na paz de nosso Senhor Jesus,
    Esli Soares

    p.s.: Esse comentário também foi postado no blog do Heitor, que esta postando sobre o assunto, e como a discussão aqui é que gerou o post dele, faço-me justo comentando lá e cá. Em: http://blogdoseleitos.blogspot.com/2010/04/o-batismo-infantil-quem-faz-parte-da.html
    p.p.s.: a breve pesquisa foi feita em http://presbiterianoscalvinistas.blogspot.com/2008/06/batismo-infantil-uma-doutrina-peculiar.html, por falta de tempo e recursos (não possuo os livros) me torno cativo, nessas afirmações dessa fonte secundaria. Não obstante, tenho por alta conta tal fonte mesmo reconhecendo que não é o ideal.

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  23. PCA,

    Estou muitíssimamente atrasado com os comentários, mas vamos lá.

    "Talvez saiba que estou do seu lado na questão do pedobatismo."

    Sim, eu sei. E seu refinamento é bem vindo.

    "Mas isso também não acontece com o batismo de adolescentes/adultos?"

    Sim, pode haver uma confissão falsa. Porém, note que há uma diferença, que creio faz diferença. No que confessa crer, busca-se evidenciar frutos de conversão para que se torne membro da igreja. Nos batizados na infância, busca-se evidenciar frutos de que foram regenerados.

    "Agora, também pode ser que estou sendo muito tolo fazendo esse comentário já que por 'igreja' você deve estar pensando em um grupo mais restrito e seleto. Se for, desconsidere esta parte."

    Não sei o que você entende por igreja como grupo restrito e seleto. Mesmo a igreja visível é assim. E eu estou me referindo a ela.

    "Mas o que você diria a um adulto, batizado na infância, que queira ser rebatizado? Você o desestimularia?"

    Sim. Em minha igreja, se um presbiteriano ou metodista quiser ser batizado porque só o foi na infância, seria dissuadido disso. Ou pelo menos se tentaria. Nós recebemos membro de igreja pedobatistas mediante confissão de fé ou simples carta de transferência.

    Deixa eu aproveitar para esclarecer uma coisa aqui, que penso ter referido em outra parte mas não custa e é bom reforçar: sou credobatista, mas não anti-pedobatista. Se eu fosse pastor de uma igreja, e um membro fosse casado com alguém da presbiteriana e o casal concordasse entre si de batizar seu bebê, depois de dar os artigos do Cinco Solas para eles lerem se eles ainda quisessem eu o batizaria e se minha igreja não tivesse maturidade para isso, eu recomendaria ao pastor do cônjuge que o fizesse.

    "Mas se não defende o rebatismo, então eu acredito que você vê o batismo infantil como válido. Mas não seria estranho considerar válida uma prática que você mesmo diz, em seu terceiro ponto, que "desvaloriza a graça de Deus"?"

    Sim, eu considero o batismo infantil válido, ainda que não realizado da forma prescrita na Bíblia. Eu estaria supervalorizando o aspecto externo se desconsiderasse isso. Quanto ao "desvalorizar da graça", eu também considero que fazer apelo para "aceitar Jesus" também o faz, mas não desconsidero a conversão de quem foi à frente comovido por um apelo fortemente emocional. A obra do Espírito é secreta, e muitas vezes Ele opera "apesar do homem".

    Em Cristo,

    Clóvis

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  24. Errata:

    Nos batizados na infância, busca-se evidenciar frutos de que não foram regenerados.

    Clóvis

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  25. Esli,

    Não pretendo por em dúvida suas citações. Apenas esclarecer que Ireneu viveu entre 130 e 202 d.C, portanto ele era do século II.

    Quanto à citação, não consegui encontrá-la. Tem certeza que este referência mesmo? Li o capítulo 9 do livro III e não encontrei tal mandamento de Cristo à Igreja.

    Já num texto católico vi a citação de que "A igreja aprendeu dos apóstolos a ministrar o Batismo de crianças”, citando como referência o livro II. Porém como não indicou o capítulo e não dá para ler Ireneu em inglês às 2 da matina, não posso afirmar com certeza. Mas o mais próximo que se chega do batismo infantil em Ireneu é:

    "For He came to save all through means of Himself—all, I say, who through Him are born again to God —infants, and children, and boys, and youths, and old men."

    Minha tradução tosca:

    "Ele veio para salvar a todos por meio de Si mesmo, digo, através dele nasceram de novo para Deus - infantes, e crianças, e meninos, e jovens, e homens e velhos."

    A aplicação ao batismo depende de se tomar "nasceram de novo para Deus" como "foram batizados", o que o contexto imediato não suporta. Irineu está falando da encarnação de Jesus e não do batismo de pessoas. Ele afirma que como Jesus foi um bebe, depois uma criança pequena, então um menino, um jovem e finalmente um adulto, na idade de Mestre, Ele pode por si mesmo salvar pessoas de todas as idades.

    Mas pode ser que procurando um pouco mais, se ache apoio ao batismo infantil em Ireneu. Só estou dizendo que eu não achei.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  26. Esli,

    Outro ponto a ser considerado é o endosso de Justino Martir e o esclarecimento que ele supostamente dá ao escrito de Ireneu. Qual o problema?

    Contra Heresias foi escrito entre 182 e 189 d.C. E Justino foi martirizado em 165 d.C. A menos que ele seja um segundo Abel, que depois de morto ainda fala, há um equívoco considerável no uso de Ireneu e Justino no artigo.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  27. Clovis,


    Veja que eu fiz questão de dizer que não tinha feito uma pesquisa melhor. apenas citei uma fonte externa. Mas apenas a título de endosso histórico da prática do pedobatismo.

    Mas esse não é o meu argumento. E sim o simples fato dos pequeninos serem discipulos de Jesus, assim devendo ser batizados.

    Esli Soares

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  28. É interessante que os reformados afirmam que os arminianos fazem uma "adaptação" bíblica para tornar a válida sua teologia, mas alguns reformados também fazem a para defender o pedobatismo!!! =D

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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