Teologia para quê?

Esta é uma noite de alegria e de gratidão a Deus.

Alegria nossa, formandos, que após três anos de dificuldades e estudos, atingimos o objetivo almejado. Alegria de nossos familiares, que nos apoiaram e incentivaram a prosseguir até o fim. Alegria da igreja, que sustentou com oração o grupo de estudantes e hoje pode presenciar esta formatura, que é a primeira mas não será a última. E acreditamos que os céus também se alegram com esta vitória concedida a seus filhos.

Entretanto, a ocasião pede mais do que festa, é momento de refletirmos sobre a necessidade e o papel da teologia na igreja local. A primeira questão que se nos apresenta é: precisamos de teologia?

Quando olhamos para a Palavra de Deus não vemos teólogos listados entre apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Logo concluímos que teólogo não é um ministério.

O estudo da teologia não é um fim em si mesmo e obter um título teológico não deve ser o objetivo final de nenhum crente. O estudo teológico é uma preparação necessária para melhor exercermos nossos ministérios e dons na igreja. É uma ferramenta para realizar a obra que Deus nos confiar de maneira mais frutífera e que honre mais o nome dEle. Um curso de teologia não acrescenta nada à igreja, se o conhecimento obtido não for colocado a serviço do Mestre e do povo de Deus.

Talvez você pense que para aplicar o conhecimento obtido você tenha que se tornar um pastor. Mas isso não é verdade, há muitas áreas na igreja em que o conhecimento teológico se faz necessário.

Se você canta no grupo de louvor, pode aplicar seu conhecimento na escolha dos cânticos, evitando que letras com erros doutrinários sejam entoadas no culto. Se você lidera um departamento da igreja, pode aplicar o que aprendeu para se tornar um líder segundo o exemplo de Jesus. Se você faz parte do grupo de intercessão, saberá orar mais de acordo com a Bíblia Sagrada. Se você evangeliza, poderá comunicar com mais precisão o evangelho aos perdidos. Se você profetiza na igreja, poderá fazê-lo mais conforme aos ensinamentos bíblicos. Enfim, tudo o que você pode fazer na igreja, pode fazer melhor, aplicando o que aprendeu no curso teológico.

Hoje, mais do que em qualquer outra época, a verdade bíblica precisa ser defendida contra os ataques dos de fora e dos de dentro da igreja. Pois os ensinos mais destruidores e as práticas mais bizarras tem surgido do meio do povo de Deus. E todas elas com uma linguagem aparentemente bíblica, produzindo cristãos egoístas e imaturos na fé. Por isso precisamos de pessoas preparadas, não apenas para a apontar o erro onde ele se manifesta, mas para ensinar preventivamente a verdade bíblica.

O conhecimento aumenta a responsabilidade. Seremos julgados de acordo com a luz que recebemos. A quem muito é dado, muito será cobrado. Vamos festejar esta vitória hoje. Mas amanhã bem cedo estejamos preparados para batalhar pela fé uma vez entregue aos santos, até o último dia de nossa vida na terra.

Que o Senhor nos ajude nesta empreitada!

*Discurso de formatura, proferido por Sandra de Macedo, em nome da turma Missionário Manoel de Melo, do Curso Pleno de Teologia do Instituto Bíblico O Brasil Para Cristo, extensão de Medianeira, PR.

Um comentário:

  1. Muito bom. Os problemas da Igreja, em sua maioria, nascem da falta de teologia; ou melhor, de uma teologia equivocada, afinal, todos têm uma teologia, reconheçam ou não o fato.

    Uma questão que precisa ser abordada é a seguinte: por qual razão um jovem deveria dedicar-se ao estudo da teologia formal, ou seja, num seminário?

    Guardo grandes decepções da minha epoca de professor. Um dia, quem sabe, eu escreva lá no bolg Olhar Reformado, algumas razões para NÃO estudar teologia - não pela teologia, mas pelos motivos e afinidades do candidato a teológo.

    Infelizmente, boa parte dos cursos de teologia, principalmente internos a Igreja, e seus estudantes, são uma... vergonha!

    Graça e Paz!

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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