A Globo, os evangélicos e o alerta de Jesus

"Ai de vós quando todos os homens falarem bem de vós, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas!" Lc 6:26

Nós evangélicos temos uma relação de amor e ódio com a mídia. Da mesma forma que nos sentimos vitimados por reportagens e representações negativas, rapidamente ficamos eufóricos com qualquer menção positiva dos mesmos meios de comunicação. Pendulamos ora entre o exorcismo da mídia quando somos denunciados ou ridicularizados e ora quase a beatificamos quando nos conferem cinco minutos ou cinco linhas de referência positiva.

Foi o que se viu na semana passada com a série de reportagens sobre os evangélicos, exibida pelo Jornal Nacional. Não vou entrar no mérito das primeiras ou segundas intenções da vênus platinada, nem analisar as reportagens individualmente, mesmo porque assistir, tipo assistir mesmo, só assisti a uma delas. Vamos nos concentrar na reação dos evangélicos, à luz da advertência de Jesus, acima epigrafada.

Alguns reagiram com desconfiança, gostaram mas ficaram com um pé atrás. Afinal, porque essa mudança da Globo em relação aos evangélicos? Outros, mais confiantes, viram na Globo uma aliada, ou ela viu nos evangélicos aliados, contra o crescente império do Edir Macedo. Não interessa aos evangélicos o crescimento da IURD, desgosta à Globo os aumentos do IBOPE da Rede Record, então vamos juntar forças contra o inimigo comum. Abatido este, podemos voltar para nossas refregas históricas.

Porém, o que faltou por parte dos crentes, foi uma auto-crítica. Será que o apresentado pela Globo é a regra da atuação dos evangélicos? Infelizmente, o que a Globo apresentou não é representativo dos evangélicos brasileiros, temo que nem das denominações exemplificadas. A parte do leão das arrecadações da igrejas vai para construir impérios e não para promover o bem na terra.

Jesus faz uma advertência muito séria à igreja. Geralmente, os "ai de vós" são reservados a fariseus e doutores da lei hipócritas e a cidades ímpias, mas agora Jesus o lança sobre a igreja. Por isso, a reportagem da Globo deveria fazer piscar a luz de alerta e soar o alarme, mas a maioria resolveu analisar a emissora e não olhar para a igreja.

O estado "normal" da igreja é ser odiada pelo mundo e perseguida por tocar trombeta em Sião. O mundo que odeia Jesus odiará com mesma intensidade os que o representam com fidelidade na terra. Mas quando aqueles que deveriam se opor à igreja começam a falar bem dela, então é hora de rever nossa atuação. Pois o mundo só elogia falsos profetas.

5 comentários:

  1. Não se esqueça que a igreja de Atos, embora odiada pelos fariseus, contava com a simpatia de todo o povo. Sem falar que, na época dos puritanos, por exemplo, quem ditava as regras da sicuedade era a igreja. Uma exceção histórica, mas que mostra que não devemos querer ser odiados por tudo e por todos, o tempo todo.

    Como jornalista, minha visão da mídia (inclusive da Globo) é bem menos negativa que a da maioria das pessoas. Concordo que as reportagens servem como um alerta (diria mais, uma espécie de sermão da Globo), mostrando no que as igrejas deveriam se concentrar, ao invés de dinheiro, impérios pessoais e eventos de grande concentração de pessoas.

    Em uma igreja de profetas calados, os verdadeiros profetas sociais da sociedade brasileira são os jornalistas, e não os evangélicos. Se a igreja se cala, as pedras clamam (e como tem clamado!). E estão até dando lição de moral na igreja...

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  2. Concordo em parte com o irmão, que a igreja não tem agido sempre com misericordia não falo de denominação mas da igreja em um todo, creio que poderia fazer mais... pois penso muito na questão que; vejo muito dinheiro sendo gasto com eventos, construções de templos muito grandes, e pouca ação social, que de certa demonstra o amor da igreja pelos perdidos, não na questão só do evangelizar, mas do ajudar. Outras entidades tem feito esforços muito maiores do que evangelicos. Só discordo na questão de que o mundo só elogia falsos profetas acho que não é bem assim... pois se a igreja faz um trabalho de ação social na qual provoca uma mudança em uma comunidade, creio que os incredulos certamente valorizarão a igreja na questão social é claro, não no reprovar o pecado aí sim creio que somos severamente retalhados.

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  3. Meu irmão,

    Desde quando a maioria das igrejas protestantes representam o Deus verdadeiro ? Tantas tribulações, tanta hipocrisia, tanto medo da simplicidade de Jesus e tanta doutrina humana acabam por fazer uma "igreja" doente onde o objetivo de 80% da membresia é obter resoluções para os seus conflitos pessoais...
    Talvez, apenas as igrejas reformadas, bem como novos movimentos promovendo uma nova reforma que estejam sendo o sal da terra nestes dias...

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  4. Prezados irmãos,

    Obrigado pelos seus comentários, concordantes ou não. Depois comento alguns pontos específicos, por hora, apenas registro que estou apreciando muito as contribuições.

    Em Cristo,

    Clóvis

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  5. Sabe o que precisamos em dias comos os nossos?...dobrar os nosso joelhos e clamar..."aviva Senhor a tua obra"...
    Quando isso acontecer os evangélicos brasileiros vão perder menos tempo indo aos shows gospel, e realizando o que realmente interessa a "obra de Deus"...Infelizmente vemos ser professada uma fé, que não tem feito a minima diferença. A prova de uma fé viva é os frutos que produz, pois uma fé que nada produz ...nada mais é do que uma crença nominal "só de nome"...porque fé sem obras ...é morta ou seja Inexistente.

    Sola gratia

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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