O Reino de Deus

Deus exerceu sua soberania sobre todas as coisas desde o princípio da criação. Ele é o Rei do universo, e seu reino abrange toda a realidade. Quando o poderoso rei Nabuconodosor finalmente caiu em si, declarou:
"O seu domínio é um domínio eterno; o seu reino dura de geração em geração. Todos os povos da terra são como nada diante dele. Ele age como lhe agrada com os exércitos do céu e com os habitantes da terra. Ninguém é capaz de resistir à sua mão ou dizer-lhe: 'O que fizeste?'" Dn 4:34-35

Não apenas o nascimento e a queda de nações são determinados pela soberana vontade de Deus, mas até os cabelos da cabeça de cada ser humano são contados pelo Todo-Poderoso (Mt 10:30). Seu reino está acima de tudo e não cairá nunca.

Mas, dentro do domínio da soberania de Deus que tudo abrange, uma manifestação mais específica de sua autoridade é exibida no reino de seu Messias. "O tempo é chegado", declarou Jesus, "e o Reino de Deus está próximo" (Mc 1:15). Reproduzindo essa mesma idéia, o apóstolo Paulo fala da "plenitude do tempo", em que Deus envia o seu Filho (Gl 4:4). Embora a soberania de Deus tenha sido manifestada claramente em todas as eras anteriores, chegou ao ápice com a chegada do messias, o Cristo Jesus.

Jesus, no desenrolar do drama de sua chegada ao mundo, deixou bem claro que o reino messiânico aconteceria em dois estágios. No primeiro, o Filho do homem seria traído, rejeitado, açoitado, crucificado e levantaria dos mortos (Mt 16:21; 17:22-23; Lc 18:31-33 etc). Ele, embora seja glorioso em seu propósito e em sua missão, deve experimentar a humilhação nas mãos daqueles que deveriam submeter-se à sua lei. O mesmo Filho do homem, depois, retornará em glória com todos os anjos santos. Ele sentado à direita de Deus numa posição de poder, julgará as nações (Mt 24:30,31; Lc 21:27-28).

Essa chegada dupla do reino do Messias é constantemente mencionada em todos os documentos da nova aliança. Pedro, no dia de Pentecostes, explica que o derramamento do Espírito Santo foi profetizado como algo que ocorreria "nos últimos dias" (At 2:17), correspondendo à presente era da proclamação do evangelho. Mas no capítulo seguinte, ele sugere sobre Jesus: "É necessário que ele permaneça no céu até que chegue o tempo em que Deus restaurará todas as coisas, como falou a muito tempo, por meio dos seus santos profetas" (At 3:21). No momento, o evangelho está sendo espalhado pelo mundo por meio do poder do Espírito Santo. Mas, o próprio Messias, num dia futuro, retornará para restaurar a integridade deste mundo caído. Seu reino está se espalhando agora e um dia, no futuro, será consumado.

A mesma estrutura dupla do reino do Messias é encontrada na epístola aos Hebreus. Deus fala conosco por meio de seu Filho "nestes últimos dias" (Hb 1:2). Mas, um dia no futuro, "o mundo que há de vir" será sujeitado ao Filho de Deus (Hb 2:5). Jesus apareceu uma vez por todas no fim dos tempos para acabar com o pecado por meio de seu sacrifício. Contudo, ele também aparecerá uma segunda vez para trazer a salvação em sua totalidade àqueles que o aguardam. Pedro, da mesma forma, em sua primeira epístola, compara os "últimos tempos" com o "último tempo". O Cristo Jesus foi revelado "neste últimos tempos" para redenção de seu povo (1Pe 1:20), e esse mesmo povo está protegido pelo poder de deus "até chegar a salvação prestes a ser revelanda no último tempo" (1Pe 1:5).

Portanto, o reino de Deus chega por meio da pessoa do Messias. Mas o mundo não deveria ficar surpreso com a humildade do primeiro estágio de sua realização nem deixar de aguardar essa consumação gloriosa do reino somente devido a sua demora.

ROBERTSON, O. Palmer. O Israel de Deus. Editora Vida, 2005. p.118-20.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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