Há muitos anos, o evangelista Ed Robb, United Metodist, falou de um
tempo em sua vida, quando ele acreditou que os dons do Espírito Santo eram
exclusivamente para uma época apostólica, não para hoje. Ele está agora
convencido de que esta época é a época apostólica e que os dons do Espírito
Santo são exatamente tão relevantes hoje, quanto eles foram, nos dias dos
primeiros apóstolos.
John Wesley, o fundador do Metodismo, certamente teria concordado.
Na sua entrada no Diário, em 15 de Agosto de 1750, quarta-feira, ele escreveu: "Eu fui completamente convencido daquilo
que eu, há muito, suspeitava. (1). Que os 'Montanistas' [Doutrina ou seita do século II, fundada
por Montano, que afirmava estar próxima a vinda do Espírito Santo à Igreja e a
descida da Jerusalém celeste. A seita tomou caráter ascético, condenando
segundas núpcias], do segundo e terceiros séculos, eram cristãos verdadeiros e bíblicos; e (2).
que a grande razão, porque os dons miraculosos eram tão logo sufocados, não foi
apenas porque a fé e a santidade estavam bem perto de serem perdidas; mas
porque os homens ortodoxos e estéreis começaram a ridicularizar qualquer que
fosse o dom que eles próprios não tivessem, e a depreciá-los, tanto como
loucura, quanto como embuste".
Wesley claramente acreditou que os dons do Espírito Santo foram
relevantes para a igreja em qualquer época. Ele os definiu. Ele os descreveu.
Ele os experimentou. Ele os defendeu.
Embora nunca enfatizasse certos dons, tais como predição de profecia
ou línguas e sua interpretação, Wesley lamentou sua perda para os cristãos em
geral. Em seu sermão, "O Caminho
Mais Excelente", ele escreve: "A
causa disto [do declínio dos dons espirituais, seguindo Constantino] não foi (como tem sido vulgarmente suposto)
'porque não houve mais oportunidade para eles', porque o mundo todo se tornara
cristão. Este é um engano infeliz; nem a vigésima parte dele era, então,
nominalmente cristã. A causa real foi que 'o amor de muitos', quase de todos os
cristãos, assim chamados, foi 'se tornando frio'. Os cristãos não tinham mais
do Espírito de Cristo do que os outros pagãos. O Filho do Homem, quando ele
começou a examinar sua Igreja, dificilmente pôde 'encontrar fé sobre a terra'.
Esta foi a causa real, porque os dons extraordinários do Espírito Santo não
foram mais encontrados na Igreja Cristã; porque os cristãos se tornaram pagãos
novamente, e tiveram apenas uma forma morta restante".
Obviamente, a implicação aqui é que, quando a igreja recupera seu
primeiro amor, os dons do Espírito Santo são disponíveis para capacitar suas
diversas partes, no ministrar efetivamente dentro de suas próprias esferas de
influência. Embora o "caminho mais
excelente" seja o caminho do amor, Wesley ainda insistiu que nós
podemos 'ansiar sinceramente' por
tais dons, como o do evangelismo, para "sondar
o coração descrente"; ou o dom do conhecimento, para entender a
providência e a graça de Deus; ou o dom da fé "que, em situações específicas... vai muito além do poder das
causas naturais".
Alguns argumentam que Wesley examinou algo ambivalente, algumas
vezes, concernente a alguns dos dons mais "extraordinários",
quando eles emergiram, no Reavivamento Evangélico do século XVIII (nenhuma
dúvida preocupante, com respeito às acusações de "fanatismo" contra o povo chamado Metodista). No entanto,
em pelo menos uma ocasião, Wesley defendeu os dons do Espírito. Em uma carta a
Conyers Middleton, Wesley definiu, descreveu e defendeu toda a multidão de dons
espirituais, incluindo: "(1) Expulsar demônios; (2) Falar novas línguas; (3) Escapar de perigos, nos quais, do
contrário, eles deveriam perecer; (4) Curar;
(5) Profetizar, predizer coisas; (6) Visões; (7) Sonhos premonitórios; (8)
Discernir dos espíritos". Embora a ordem, e até mesmo a menção de
alguns "dons", não
normalmente associados com os relatos bíblicos (tais como visões e sonhos),
possam parecer um tanto quanto estranhos, o fato permanece de que Wesley
acreditou que os dons do Espírito Santo não eram apenas importantes, mas também
ativos, durante o Reavivamento Evangélico do século XVIII.
Quando Middleton acusou "que
o silêncio de todos os escritores apostólicos sobre o assunto dos dons deveria
nos dispor a concluir que eles eram, então, introvertidos", Wesley
imediatamente respondeu: "Ó, senhor,
não mencione mais isto. Eu rogo a você que nunca mencione o silêncio deles
novamente. Eles falam alto o suficiente para envergonhar você, por quanto tempo
você viva".
"Dom da Cura"
Vamos examinar o dom da cura. Eu freqüentemente tenho dito que não é
um pecado ser doente ou morrer. É, no entanto, um pecado para a doença e a
morte seguir sem mudança, porque não existe alguém para orar.
Wesley acreditou claramente que o dom da cura penetrou no poder
sobrenatural de Deus. Novamente, em resposta a insistência de Middleton de que
nunca tinha sido provada a "cura
miraculosa", Wesley respondeu: "Senhor,
eu entendo bem você. A intenção do argumento é facilmente vista. Ela aponta
para o Mestre, assim como para seus servos; e pretende provar que, depois de
toda essa conversa, sobre curas milagrosas, nós não estamos certos de que
existiu cura, alguma vez, no mundo. Mas isto não causará dano. Porque, embora
nós concordemos: (1) Que alguns se
recuperam, mesmo em casos aparentemente desesperadores; e (2) Que nós não sabemos, em caso algum, os limites precisos, entre
a natureza e o milagre; ainda assim, não se segue, no entanto, que não possamos
estar seguros de que nunca houve um milagre de cura no mundo. Para explicar
isto, através de exemplo: Eu não sei precisamente, quão longe a natureza pode
ir, no restaurar a vista ao cego; ainda assim, eu sei seguramente que, se um
homem nasce cego, ele é restaurado na visão, através de uma palavra; e isto não
é natureza, mas milagre".
Tiago 5:14-16 exorta os cristãos a orarem pelo doente, e a ungi-lo com óleo.
Certamente é bom saber que Wesley e as Escrituras estão do lado daqueles cuja
única esperança para o ministério terreno está no assegurar "as armas com poder divino para demolir
fortalezas". (2 Cor. 10:4).
"Expulsar
Demônios"
Em um sermão
pregado para o texto de (Marcos 1:21-28)
"Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo no sábado, foi ele ensinar na
sinagoga. Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem
autoridade e não como os escribas. Não tardou que aparecesse na sinagoga um
homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: Que temos nós contigo, Jesus
Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus! Mas Jesus o
repreendeu, dizendo: Cala-te e sai desse homem. Então, o espírito imundo,
agitando-o violentamente e bradando em alta voz, saiu dele. Todos se admiraram,
a ponto de perguntarem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova doutrina! Com
autoridade ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem! Então, correu
célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizinhança da
Galiléia"; no Seminário Teológico Evangélico, em Garrett, alguns anos
atrás, eu lembrei os estudantes de que não era minha tarefa convencer alguém da
existência de demônios; o primeiro compromisso deles usualmente cuidava deste
assunto. Em vez disto, era minha tarefa ser fiel aos relatos bíblicos, quanto
ao poder disponível para "demolir
fortalezas", demoníacas ou diferentes. Wesley teria se agradado.
A carta escrita para Conyers Middleton é a mais definitiva afirmação
sobre os dons do Espírito Santo (embora escrita, em um estilo de réplica e
controvérsia, algumas vezes, confuso). Quanto ao dom de cura, Wesley faz
referência tanto à Escritura, quanto à experiência.
Em seu sermão, "Uma
precaução contra o Fanatismo", Wesley tenta estabelecer a fase bíblica
e teológica para o "expulsar
demônios". Ele escreve: "Com o objetivo de ter uma visão mais
clara disto, nós podemos nos lembrar que (de acordo com o relato bíblico), como
Deus habita e opera nos filhos da luz, então, o diabo habita e opera nos filhos
das trevas. Como o Espírito Santo possui as almas dos homens bons, então, o
espírito do diabo possui as almas dos homens maus".
Como ele faz com respeito a todos os dons do Espírito Santo, Wesley
responde a Middleton sobre o assunto do "livramento",
aberta e claramente: "os
testemunhos, concernente a isto são incontáveis, e tão claros quanto as
palavras podem torná-los. Mostrar, no entanto, que todos esses significam nada,
e que nunca existiu quaisquer demônios expulsos, afinal, nem através dos
Apóstolos; nem desde os Apóstolos, (porque o argumento prova a ambos ou
nenhum), é uma tarefa digna de você".
Middleton, então, reivindica que "esses
que estiveram possuídos do demônio, podem ter estado doentes de doença
degenerativa... sintomas comuns de uma epilepsia". Quanto à "evidência
de demônios, falando e respondendo a todas as questões", Middleton
simplesmente encolhe os ombros. Ele considera esses, "através das artimanhas da impostura e perspicácia, entre as
pessoas interessadas no ato". A
resposta de Wesley é direta: "Não se
trata de alguma coisa extraordinária que os homens em ataques epiléticos sejam
capazes de tanta artimanha e perspicácia?".
Para a acusação de Middleton, de que até mesmo os antepassados da
igreja "foram tanto induzidos por
seus preconceitos a dar crédito muito precipitado a essas possessões simuladas,
ou levados, através do seu zelo, a apoiar a ilusão que era útil para a causa
cristã" (um sentimento não desconhecido hoje), Wesley insistiu que "nenhum desses antepassados tiveram
algum escrúpulo em usar do estilo hiperbólico (ou seja, em Inglês claro, de exorcizar)
como o escritor eminente declara".
Quanto
a como estes "demônios" poderiam
ser dominados, Wesley é inflexível: "Tudo
isto, de fato, é obra de Deus. É Deus apenas que pode expulsar satanás. Mas Ele
se agradou de fazer isto, através do homem, que diz, então, expulsar demônios
em Seu nome, pelo Seu poder e autoridade, como um instrumento em Suas mãos. E Ele
envia quem Ele irá enviar para esta grande obra; mas usualmente tal que o homem
nunca teria pensado a respeito: Porque 'suas maneiras não são como as nossas;
nem seus pensamentos como os nossos'. Assim sendo, ele escolhe o fraco para confundir
o forte; o tolo para confundir o sábio; por esta razão clara, para que ele
possa assegurar a glória para si mesmo; para que 'nenhuma carne possa
gloriar-se a Seus olhos'".
"Falar em
Línguas"
Embora não exista registro de que o próprio Wesley tenha falado em
línguas, existe evidência de que ele acreditou que este dom do Espírito Santo foi
um dom legítimo para a Igreja de qualquer época. Eu ofereço apenas duas
citações de sua carta a Middleton.
Em resposta a Middleton, Wesley escreve: "Desde a Reforma, você diz, 'nunca se ouviu ou se pretendeu falar
deste dom, através dos próprios Romanistas'. Mas será que ele foi pretendido
(se merecidamente ou não), através de algum outro, embora não através dos
Romanistas? Ele 'nunca foi ouvido', desde aquele tempo: Senhor, sua memória
falha novamente: Ele indubitavelmente foi pretendido, e isto a nenhuma grande
distância, quer do nosso tempo ou região. Ouviu-se, mais de uma vez, não muito
distante dos vales de Dauphiny. Nem faz cinqüenta anos, desde que os habitantes
protestantes desses vales, tão ruidosamente pretenderam este e outros poderes
milagrosos, de maneira a causar muito distúrbio à própria Paris. E como foi que
o rei da França refutou esta preensão e a impediu de ser ouvida? Não pela pena
de seus sábios, mas, através das espadas e baionetas (uma maneira
verdadeiramente pagã) de seus soldados".
Quanto à relevância do dom de línguas, para a igreja de qualquer
época, Wesley, uma vez mais, responde a Middleton: "Todos esses [dons espirituais] são operados por um e o mesmo Espírito, distribuindo a cada homem individualmente,
conforme Sua vontade; assim como para cada homem, também para cada Igreja, cada
corpo coletivo de homens;… vendo que Ele, que opera como Ele deseja, pode, com
sua [a de Middleton] licença, deixar o dom de línguas, onde Ele dá nenhum
outro; e pode encontrar inúmeras razões para fazer isto, quer você e eu os veja
ou não. Porque, talvez, não tenhamos sempre conhecido a mente do Senhor; nem
sido alguns de seus conselheiros".
Nos podemos concluir este exame das visões de Wesley, sobre os dons
do Espírito Santo, com a menção de sua defesa, quanto ao "ressuscitar o morto". Wesley objeta a insistência de
Middleton, de que "não existe um
exemplo disto [o ressuscitar o morto]
a ser encontrado, nos três primeiros séculos". Wesley cita Irenaeus, o influente bispo de
Lion, no século dois: "Isto foi freqüentemente
representado nas ocasiões necessárias; quando, através dos grandes jejuns e do reunir
a súplica da igreja, o espírito da pessoa morta retornou a ele, e o homem
voltou para as orações dos santos". Wesley, então, conclui: "Eu presumo que você queira dizer, que
nenhum historiador pagão mencionou isto; porque os historiadores cristãos não
foram. Eu respondo: (1) Não é
provável que um historiador cristão tivesse relatado tal fato, tivesse ele
sabido disto. (2) É igualmente
improvável, que ele pudesse saber disto... especialmente considerando (3) que isto não foi designado para a
conversão dos pagãos; mas, 'nas ocasiões necessárias', para o bem da igreja, e
da comunidade cristã. Por fim: foi um milagre característico, acima de todos os
outros, apoiar e confirmar os cristãos, que foram diariamente torturados e
assassinados, mas sustentados pela esperança de obter uma ressurreição
melhor".
Muitas vezes, os escritos de John Wesley nos lembram que Deus tem
investido mais em nosso ministério do que nós. Deus torna o poder disponível
(devem existir milhares de dons espirituais), para cada um de nós, para que
possamos ministrar efetivamente dentro de nossas esferas de influência. Uma vez
que nossas esferas são diferentes, nossos dons são diferentes. Eu não desejo
seu dom, e você não anseia pelo meu; mas juntos somos o corpo de Cristo. Que Deus se levante!
Robert G. Tuttle Jr. é professor de evangelismo na E. Stanley Jones School of World Missions and Evangelism at
Asbury Theological Seminary in Wilmore ,
Kentucky .
Tradução: Izilda Bella
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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