Não devemos insistir em uma perfeição
absoluta em nossos companheiros cristãos, por mais que lutemos por
consegui-la nós mesmos. Seria injusto exigirmos uma perfeição evangélica antes de constatarmos se uma pessoa é verdadeiramente cristã. Se instituíssemos uma norma de perfeição total para os
cristãos, não existiria nenhuma igreja, posto que todos nós estamos
muito longe de serem cristãos de fato ideais Afinal, teríamos que
recusar muitos que só podem fazer um progresso lento.
A perfeição deve ser a meta final para a qual devemos dirigir-nos e o propósito supremo em nossas vidas. Não é justo fazermos um compromisso com Deus e tratemos de
cumprir parte de nossas obrigações omitindo outras, segundo nosso
gosto e capricho. Antes de tudo, o Senhor deseja sinceridade em Seu serviço e simplicidade de coração, sem engano nem falsidade. Uma mente dividida está em conflito com a vida espiritual,
posto que esta implica uma devoção sincera a Deus em busca de santidade
e retidão. Ninguém, nesta prisão terrena do corpo, tem suficiente força
própria para seguir adiante com uma constante vigilância e cuidado.
Ademais, a grande maioria dos cristãos padece de uma debilidade tal
que se desviam ou se detêm em seu progresso espiritual, tendo como
conseqüência avanços muito lentos e escassos.
Deixemos que cada um proceda de acordo
com a habilidade que lhe foi dada e continue assim a peregrinação em
que se tem empenhado. Não há homem tão infeliz e inapto que, pouco a pouco, não tenha conseguido um pequeno progresso. Não cessemos de fazer todo o possível para ir os
incessantemente mais adiante no caminho do Senhor; e não nos
desesperemos por causa de nossas escassas conquistas. Ainda que não cheguemos ao nível espiritual que esperamos
ou desejamos, nossa labuta não está perdida se é que o dia de hoje
ultrapassa em qualidade espiritual o dia de ontem.
A única condição para o verdadeiro progresso espiritual é a de que permaneçamos sinceros e humildes. Mantenhamos em mente nossa meta final e avancemos sobre ela com toda a nossa vontade. Não caiamos no orgulho nem nos entreguemos às paixões pecaminosas. Exercitemos com diligência para alcançarmos uma norma mais
alta de santidade, até que tenhamos chegado ao melhor de nossa
qualidade espiritual, na qual devemos persistir ao longo da nossa vida.
Somente chegaremos à perfeição absoluta quando, libertados deste corpo
corruptível, formos admitidos por Deus em Sua presença.
João Calvino
In: A Verdadeira Vida Cristã
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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