A idéia de uma sociedade cristã

O que é pior de tudo é defender o cristianismo não por ele ser verdadeiro, mas por que ele poderia ser benéfico. Por volta do fim de 1938 vivemos uma onda de renascimento que nos deveria ensinar que a tolice não é prerrogativa de algum partido político ou de alguma comunidade religiosa, e que a histeria não é privilégio dos ignorantes. O cristianismo expresso tem sido vago, o fervor religioso tem sido um fervor pela democracia. Não pode gerar nada melhor que um nacionalismo disfarçado e tipicamente hipócrita, acelerando nosso avanço para o paganismo que dizemos abominar.

Justificar o cristianismo porque ele favorece uma fundamentação da moralidade, em vez de mostrar a necessidade da moralidade cristã a partir da verdade do cristianismo, é uma inversão muito perigosa; e podemos refletir que boa parte da atenção dos estados totalitários tem sido dedicada, com uma firmeza de propósito que nem sempre se encontra nas democracias, a fornecer à sua vida nacional uma fundamentação de moralidade - talvez o tipo errado, mas numa dose muito maior.

Não é o entusiasmo, mas sim o dogma que diferencia uma sociedade cristã de uma pagã.

T. S. Eliot
Extraído de: A biblioteca de C. S. Lewis

4 comentários:

  1. Clóvis,

    gosto muito da poesia do T.S. Eliot, e ela tem nitidamente elementos cristãos, ainda que não seja necessariamente poesia cristã; mas ele é um poeta dos maiores. E você colheu um texto em que ele se apresenta lúcido, e conhecedor da verdade, e das trilhas malignas que desviam o homem do caminho reto, santo e perfeito, o qual é Cristo. Poderia falar de muitas coisas relacionadas ao texto, mas vou-me ater a um ponto apenas: o Cristianismo não é um movimento cultural, não é um movimento social, nem político, ele é muito mais que isso, ele é a verdade, pois está a proclamar Cristo. Então, qualquer entendimento à margem disso é falacioso e quer tirar do Cristianismo o seu cerne, a sua essência.

    Ótimo texto.

    Cristo o abençoe!
    PS: Estou aguardando o seu email, ok?

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  2. Jorge,

    Você tem toda a razão. Postei o texto exatamente por essa percepção de Eliot e que me parece falta a muitos cristão, que querem uma "aceitação" do cristianismo pelo mundo. A frase "O que é pior de tudo é defender o cristianismo não por ele ser verdadeiro, mas por que ele poderia ser benéfico" é realmente verdadeira.

    Quando ao endereço, vou lhe enviar logo. O livro mencionado por você está ótimo, será um presente e tanto. Mas deime-lhe perguntar. Conhece "Questões últimas"? Recomenda?

    Em Cristo,

    Clóvis

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  3. Clóvis,

    tenho o livro "Questões Últimas", mas ainda não tive o tempo de lê-lo. Coisas da correria diária. Mas está na minha lista. Portanto, não posso indicá-lo pessoalmente, apesar de ter o endosso de vários irmãos que o consideram excelente [e irmãos tão ou mais ortodoxos do que eu, e certamente, mais abalizados do que eu].

    Mas acho que vale a pena você comprá-lo. Se tivesse um exemplar sobrando, mandaria para você. Mas só tenho o meu. A Erdos está vendendo-o com ótimo desconto [60%].

    No mais, abraços!

    Vê se manda o endereço para que ele chegue antes do dia 08 [rsrs].

    Cristo o abençoe!

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  4. Boa tarde, Clóvis.

    Sugiro que faça acréscimos no post, explicando melhor a última oração (frase com verbo) dele, que é a citação envolvendo o vocábulo "dogma". Digo isso porque, sem melhores esclarecimentos, podem ser invocadas perceções espantalhosas na cabeça de não-cristãos que possam ler este post.

    Abraços.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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