Todos os reformadores do século XVI, seguindo o exemplo de Agostinho e do apóstolo Paulo, - como eles o entenderam - adotaram, sob o senso controlador da depravação humana e da graça salvadora, e em antagonismo à auto-justificação legalista, a doutrina da dupla predestinação que decide o destino eterno de todo homem. Também não parece ser possível, logicamente, fugir da conclusão se admitirmos as duas premissas do catolicismo romano e do protestantismo ortodoxo, a saber, a condenação de todos os homens em Adão e a limitação da graça salvadora na presente vida. Todas as confissões ortodoxas rejeitam o universalismo e ensinam que alguns homens são salvos e alguns são perdidos e que não há salvação além túmulo. Os predestinarianos mantém que esse duplo resultado resultado decorre de um duplo decreto, que a história deve harmonizar-se com a vontade divina e não pode derrotá-la. Eles raciocinam do efeito para a causa, do fim para o começo.
No entanto, houve algumas diferenças características nas visões dos líderes reformadores sobre este assunto. Lutero, como Agostinho, partiu da total inabilidade moral ou do servum arbitrium; Zwinglio, da ideia de uma toda-inclusiva providentia; Calvino do eterno decretum absolutum.
O predestinismo agostiano e luterano é moderado pelo tornar-se membro da igreja e o princípio sacramental da regeneração batismal. O predestinismo calvinista confina a eficácia sacremental ao eleitos e torna o batismo dos não eleitos numa forma vazia; mas, por outro lado, abre a porta para a extensão da graça eletiva para além dos limites da igreja visível. A posição de Zwinglio é peculiar: por um lado, ele foi tão longe em seu supralapsarianismo a ponto de fazer Deus o autor sem pecado do pecado (como o magistrado ao infligir a pena capital ou o soldado na batalha que são inocentemente culpados de morte); mas, por outro lado, ele minou a própria fundação do sistema agostiniano, ou seja, a condenação de todos pelo pecado de um; ele admitiu o pecado hereditário, mas negou a culpa herdada; e ele incluiu todos os infantes e pagãos piedosos no reino dos céus. Tal ponto de vista foi universalmente abominado, como perigoso e herético.
Melâncton, depois de mais estudos e reflexões, recuou na direção semi-pelagiana, e preparou o caminho para o arminianismo, o qual surgiu, independentemente, no coração do calvinismo no começo do século XVII. Ele abandonou sua visão anterior, a qual ele caracterizou como fatalismo estóico, e propôs um esquema sinergístico, o qual é um compromisso entre agostianismo e semipelagianismo, e fez a vontade humana cooperadora com a precedente graça divina, mas negou o mérito.
A fórmula de Concórdia (1577) rejeitou tanto o calvinismo como o sinergismo, e ensinou ainda, por uma inconsistência lógica, a inabilidade total e a eleição incondicional, bem como a vocação universal.
Schaff, P., & Schaff, D. S. (1910). History of the Christian church.
Tradução livre: CincoSolas
* Críticas e sugestões que melhorem a tradução são mais que bem-vindas
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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