Como o calvinismo explica Deuteronômio 30:19?

“Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt 30.19)
A doutrina do livre-arbítrio não conta com nenhuma declaração explícita nas Escrituras. A expressão em si não ocorre na Bíblia e a busca por um sinônimo se revela igualmente vã. No entanto, várias passagens são apresentadas como prova ou evidência de que o homem tem um livre-arbítrio, as quais são mencionadas como desafios à posição calvinista. Em todas elas, porém, o livre arbítrio é presumido ou inferido, jamais expressado. O versículo acima é dos mais utilizados com o propósito de demonstrar que o homem tem um arbítrio livre e vamos analisar se ele apresenta alguma dificuldade ao sistema calvinista.

Onde está o problema?

Antes de mais nada, posto que o verso não traz o termo livre-arbítrio ou um equivalente, quem primeiro tem que explicá-lo são os que enxergam livre-arbítrio nele. Suponho que se aponte para o verbo “escolhe” para provar o livre-arbítrio. Mas escolha e livre-arbítrio não são exatamente a mesma coisa. Se são, podemos ir para casa, pois o calvinista não nega, pelo contrário, defende que o homem faz escolhas, que tais escolhas podem ser livres de coerção externas e que o mesmo é sempre responsável por elas. Para que o texto representasse de fato um problema para o calvinista, o mesmo teria que dizer que o homem é capaz de escolher igualmente entre a bênção e a maldição, entre a morte e a vida, além de sustentar essa escolha em suas implicações textuais. Mas ele diz exatamente o contrário.

O que o texto diz

O livro de Deuteronômio significa “repetição da lei” e é formado basicamente por quatro discursos de Moisés. No primeiro (Dt 1:1-4:43) Moisés relembra a história de rebeldia de Israel, no segundo (Dt 4:44-26:19) ele repassa a história da legislação dada a Israel, no terceiro (Dt 27:1-28:68) promulga solenemente a Lei e, finalmente, no quarto (Dt 29:1-30:20) Deus faz uma nova aliança com o povo. O verso em questão está no final do discurso e trata das consequências da obediência e da desobediência e apela para uma boa escolha por parte do povo. O mesmo deve ser interpretado à luz do contexto deuteronômico.

O que significa escolher a bênção e a vida? Significa cumprir a Lei: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal; se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o SENHOR, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o SENHOR, teu Deus, te abençoará na terra à qual passas para possuí-la” (Dt 30.15–16). É uma escolha bem diferente levantar a mão no culto, no apelo após a pregação. A questão a ser feita, então, é se os judeus de outrora e os pecadores de hoje são capazes de viver e ser abençoados sob a condição de obediência irrestrita à Lei. A resposta, é um sonoro não. 

Vejamos o histórico do povo de Israel: “rebeldes fostes contra o SENHOR, desde o dia em que vos conheci” (Dt 9.24). O Senhor lamenta “quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem e guardassem em todo o tempo todos os meus mandamentos” (Dt 5.29). A verdade é que ninguém tem um coração assim, até que o Senhor lhe dê um, “porém o SENHOR não vos deu coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje” (Dt 29.4). Depende do Senhor o ter um novo coração, o abrir olhos e ouvidos. É verdade que o povo tinha uma escolha diante de si. Mas já não tinha sido capaz de cumprir os mandamentos no passado. E não o era no presente, conforme atesta Moisés, ao se despedir com as palavras “conheço a tua rebeldia e a tua dura cerviz. Pois, se, vivendo eu, ainda hoje, convosco, sois rebeldes contra o SENHOR, quanto mais depois da minha morte?” (Dt 31.27). Ele estava ecoando as palavras do próprio Deus, de que no futuro o povo não seria capaz de viver pela Lei: “este povo se levantará, e se prostituirá, indo após deuses estranhos na terra para cujo meio vai, e me deixará, e anulará a aliança que fiz com ele” (Dt 31.16).

O dever de cumprir a lei como condição para a prosperidade na terra forma um paradoxo com a incapacidade do povo de atender aos mandamentos do Senhor. Isso parece injusto às pessoas que presumem que dever implica poder. Mas o objetivo da Lei não é salvar, e sim revelar a natureza má do pecador e servir de testemunha contra ele: “Tomai este Livro da Lei e ponde-o ao lado da arca da Aliança do SENHOR, vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti” (Dt 31.26). A solução divina é a graça do Senhor, manifesta na segunda aliança, quando “o SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas.” (Dt 30.6), o que posteriormente será melhor explicado pelos profetas Jeremias e Ezequiel e revelado completamente no Novo Testamento.

O calvinismo não vê dificuldade nesse texto porque ensina, de acordo com a Bíblia, que a Lei expressa o caráter santo de Deus e que se constitui no padrão de santidade que devemos cumprir. Crê, ainda de acordo com a Bíblia, que nenhum homem foi, é ou será capaz de cumprir de forma perfeita a Lei, e que por conta disso, estamos todos sob maldição. Não vemos a escolha de Dt 30:19 como mera faculdade, e sim como mandamento, ao qual estamos obrigados a despeito de nossa incapacidade. E que a solução para o dilema não se encontra no esforço humano em cumprir a Lei, mas na manifestação da graça por meio de Jesus, que de um lado cumpre a Lei vicariamente por nós, e de outro, nos dá um novo coração, capaz de amar a Deus e viver em santidade para glória dEle, “porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1.17).

Soli Deo Gloria

34 comentários:

  1. A busca desesperada por textos isolados que possam comprovar o livre arbítrio é parte do processo de convencimento da nossa inutilidade. Eu mesmo transitei por esta busca até ser subjugado pelo Senhor e confessar que nada posso e que Ele é quem opera por Sua graça em mim, sem nenhuma contribuição que possa lhe oferecer!!

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    1. Muito bem colocado, Lourival. É uma busca inútil.

      Em Cristo,

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    2. Pra falar a verdade, esse texto de Deuteronômio que muitos arminianos gostam, é um dos mais fáceis de serem rebatidos.

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    3. Lourival, lindo seu comentário. Lindo mesmo! Passei por esse processo também e você explicou perfeitamente como ele acontece. Sola gratia

      Em tempo, aproveito para divulgar meu blog: raphaelval.blogspot.com.br

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    4. Pedro,

      Na verdade, só mesmo uma pressuposição arminiana muito forte para enxergar dificuldade calvinista nesse versículo.

      Em Cristo,

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  2. Clóvis muito bom e claríssimo seu artigo. Mas a promessa do novo coração não era para os judeus do antigo testamento também? Moisés, Davi que suplicou a Deus que desse a ele um novo coração nos salmos e outros tantos servos do Senhor, o povo de Israel da antiga aliança que agradavam a Ele quando obedeciam não tinham o novo coração ou seria a graça que operou neles?
    Abraços!!

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    1. Aninha,

      Saudade de seus comentários. Sim, não há diferença na forma como os crentes do AT eram salvos e os de agora o são. Uma expressão do AT para o novo nascimento era "circuncisão de coração).

      Em Cristo,

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    2. Caro Clóvis,obrigada por seu carinho e atenção! Na verdade eu queria entender se todo o povo de Israel do AT era salvo pois eram um povo escolhido e se a promessa do novo coração seria só para a futura geração deles. Acho que se essa promessa fosse só para a outra geração deles, fica muito claro que não iria existir aqueles grandes servos do Senhor como Abraão, Moisés,etc que O serviram com grande devoção né?
      Grande abraço a você e aos leitores!!

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    3. Ana,

      Não, nem todos indivíduo de Israel era eleito para a salvação, embora Israel como nação fosse escolhido como o povo peculiar de Deus. No Novo Testamento, diante da incredulidade de Israel, Paulo pergunta retoricamente se a promessa de Deus havia falhado. A resposta dele é que não, pois nem todos de Israel são israelitas, mas apenas "aqueles que o são de coração".

      Em Cristo,

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  3. Olá Clóvis

    Bom dia

    então pelo que eu entendi existe a escolha mas não o livre arbitrio pois a escolha é determinada pelo querer e ação ou não de Deus no homem. Se existem dois caminhos e dois grupos ou seja eleitos e não eleitos logicamente um dos dois caminhos será escolhido mas não pela ação humana é isso?

    um abraço

    Luiz

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    1. Luiz,

      Obrigado pelo seu comentário.

      Sim, existem escolhas, mas não existe livre-arbítrio no sentido de capacidade de escolher o bem diante de Deus. Quanto à salvação, Deus escolhe e o homem escolhe. Primeiro, Deus escolhe o ímpio, na eternidade. Depois, no tempo, Deus renova o coração do homem e este, agora inclinado para as coisas divinas, escolhe a Deus.

      Em Cristo,

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  4. Olá, irmão Clóvis! Muito interessante seu blog. Peço permissão para bisbilhotar os outros posts.
    Abraços

    Ismael, o pior dos pecadores

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    1. Nem precisa pedir, Ismael.

      Espero que o blog lhe seja útil.

      Em Cristo,

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    1. J.R.Medeiros, o pior é que segundo essa doutrina calvinista, Deus é que elegeu Lúcifer a ser Satanás, diabo, demônio chefe e elegeu os anjos (que foram expulso junto com Lúcifer) a serem demônios. Ou seja, segundo os calvinistas Deus que é culpado por Lúcifer ter se transformado em Satanás e os anjos em demônios, já "que não existe livre-arbítrio no sentido de capacidade de escolher".
      E, se não existe livre-arbítrio, como Lúcifer e os anjos que foram expulsos, ESCOLHERAM AQUILO QUE ATÉ ENTÃO NÃO EXISTIA? No caso o pecado(II Pedro 2:4). Mas parece que o entendimento do Clovis está 'evoluindo', ao afirmar que o "homem escolhe" e uma contradição, uma vez que o homem escolhe ou não escolhe, como por exemplo, de o homem pode escolher não querer ter seu coração renovado por Deus.
      Osmar Ferreira-nadanospodemoscontraverdade@bol.com.br

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    2. São coisas MUITÍSSIMO difíceis de entender, Osmar Ferreira. O ser humano, desde seus primórdios, tende a CRIAR ou mais exatamente a INVENTAR mitos.
      Por que HÍGIDA E CRISTÃ razão o francês Jean Cauvin (conhecido no Brasil como João Calvino) é tido como um MARCO DO CRISTIANISMO e seus escritos referenciados como somente "inferiores à Bíblia"? A história registra claramente que esse senhor Calvino (ou Cauvin) praticou coisas abomináveis, entre elas, o torturante e indizivelmente cruel assassinato de MIGUEL SERVET, tão-somente porque Servet teria "ousado"(sic) manifestar entendimento algo destoante da doutrina "calvinista" sobre a Trindade. Ao que se pode perceber claramente pela leitura das Institutas, Calvino se declara, SEM QUALQUER PUDOR, um admirador e um seguidor de um padre chamado Agostinho, insistentemente e curiosamente chamado de "SANTO". E, nesse sentido, pela leitura das "INSTITUTAS" percebe-se inevitavelmente que Calvino cita o nome do padre Agostinho (que não era 'santo') INCONTÁVEIS VEZES. Fica a nítida e consistente impressão, portanto, de que esse livro (INSTITUTAS) não passa de uma PARÁFRASE aos escritos do padre Agostinho, inspirador-mor de Calvino.

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    3. Outro triste exemplo, nesse sentido, isto é, sobre a invenção de MITOS:
      Por que LÚCIDA, HÍGIDA E CRISTÃ razão o padre alemão Martin Luther (conhecido no Brasil como Martinho Lutero) é tido como o “PAI DA REFORMA”, considerando que em suas assim chamadas 95 teses quase que unicamente limitou-se a “bradar” contra a venda de indulgências? Além disso, esse padre alemão jamais deixou o apego a determinadas idolatrias do catolicismo, como a “veneração” por Maria, a apregoação de sua “permanente e intocável virgindade”, mesmo tendo sido desposada por um homem (José) e mesmo tendo parido vários filhos na carne. Por outro lado, o próprio francês Jean Cauvin (Calvino) em seus escritos (Institutas) nem referência faz ao padre alemão Martin Luther, havendo declarado que não havia como realizar “reforma” na Igreja em razão de seu altíssimo grau de corrupção, o que impunha a criação de uma nova Igreja. Por último, por que pessoas em todo o mundo e em todas as denominações religiosas OCULTAM o fato obscuro e horroroso de o padre alemão Martin Luther (Lutero) ter sido ferrenho e virulento antissemita, disseminando ódio aos judeus, apregoando que deveriam ser mortos, que suas casas e sinagogas deveriam ser queimadas, chegando ao ápice de utilizar EM LIVRO palavras de baixo calão em alusão aos judeus?
      A verdade inexpugnável é que NUNCA HOUVE REFORMA, não existe “PAI DA REFORMA”, a religião católica permaneceu tal qual, tanto quanto. Repito: Por que essa necessidade mórbida de se criarem mitos, e mitos a qualquer custo??!!
      Veja apenas um exemplo do que, a respeito dos judeus, o padre Martinho Lutero escreveu em um de seus livros intitulado ON THE JEWS AND THEIR LIES (SOBRE OS JUDEUS E SUAS MENTIRAS), que permanece “ABAFADO”: “Quem quiser abrigar, tratar bem estas víboras diabólicas e ainda se deixar explorar – pois bem, que o faça, prenda-se às suas bocas, ENFIE-SE NOS SEUS RETOS, pratique a mesma idolatria para dizer que foi caridoso, que encorajou o demônio a blasfemar ainda mais contra Nosso Senhor, que derramou seu santo sangue para nos salvar.”

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    4. Lutero foi contra os judeus e Calvino mandou queimar Serveto... Pedro mandou a espada na orelha de Malcon, João queria fazer descer fogo do céu contra aqueles que não faziam parte da panelinha, Davi matou um homem por rabo de saia e até pai Abraão mentia até dizer chega... Só o Filho, o logos divino, poderia ser tão sublime e os demais apenas viveram para nos lembrar quem Ele é e quem nós somos!

      Ainda assim, Deus não deixou de confiar sua Lei a Moisés, nem a Igreja a Pedro, Lutero, Calvino, eu e você...

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    5. Olá, André R. Fonseca:
      Respeito sua opinião, obviamente. Mas em meus comentários acima eu me referi especificamente a MITOS inventados pelo ser humano. E o vocábulo pejorativo "mito" decididamente não se aplica aos GRANDES personagens bíblicos que tiveram santa proximidade com Deus, ainda que com falhas, MAS QUE EM NADA LEMBRAM os citados padre Lutero e o francês Calvino. A meu ver, não se pode ABSOLUTAMENTE comparar o padre Lutero ou o citado francês Cauvin com Abraão (separado por Deus), nem com Davi (homem segundo o coração de Deus), nem com Moisés (aquele com quem Deus falava face a face) etc. etc. Quanto a errar, a cometer pecados, isso está explícito na Bíblia (TODOS PECARAM A PARTIR DA QUEDA ORIGINAL). Por fim, insisto: OS ANAIS DA HISTÓRIA, ISTO É, OS REGISTROS ACERCA DELA, NEM SEMPRE SE HARMONIZAM COM A REALIDADE HISTÓRICA. E isso se revela mais lamentável (e triste) quando se trata da HISTÓRIA DO CRISTIANISMO.

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    6. André,

      Deus nos livre de que qualquer pessoa venha nos olhar como modelo de alguma coisa. Se os "grandes personagens bíblicos que tiveram santa proximidade com Deus" pecaram tão horrivelmente, como esperar mais de pessoas como Lutero e Calvino? É fato, não se pode absolutamente comparar Abraão e os demais citados com Martinhos e Joãos, seria covardia para com estes.

      Em Cristo,

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    7. Boa tarde, Clóvis Gonçalves:
      Embora seu comentário não tenha feito expressa menção ao meu nome, ficou claro que você se referiu ao meu último comentário, por isso permito-me e vejo-me no "direito" de responder.
      Acho, sinceramente, que você se equivoca: esses grandes (realmente grandes, sem duplo sentido) personagens bíblicos (grandes, porque a Bíblia ASSIM O DIZ) não "pecaram tão horrivelmente" como você asseverou em seu comentário. Abraão, por exemplo, QUE DE "HORRÍVEL" ELE FEZ NO CURSO DE SUA VIDA??!! Moisés, por seu turno, de que BARBÁRIE, fruto de um coração DOBRE, o acusaríamos??! E no que se refere a Davi, este sim, foi protagonista de grosso PECADO (assaz conhecido por nós), MAS DEUS O TEM POR 'UM HOMEM SEGUNDO O SEU CORAÇÃO'. E, a esse respeito, OUSARÍAMOS DISCORDAR DE DEUS??!! Já em relação ao padre Lutero, já em relação ao francês Cauvin...

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    8. Bem, Moisés então deve ter sofrido baita injustiça por não entrar na terra prometida, só olhou de longe por algo que ele fez, longe de ser considerado barbárie... o acusaríamos? Bem, Deus o acusou ou pegou pesado demais por delito tão levinho! E quer dizer que Davi está com a ficha limpa porque consta a declaração de "homem segundo seu coração"? Por que então Deus não deixou Davi construir o Templo? É... pena que Lutero não pôde desfrutar da mesma Graça! Parafraseando os textos bíblicos poderíamos dizer o seguinte: "Abraão, Moisés e Davi acharam graça diante dos olhos de J. Rubens; mas Lutero e Calvino fizeram muito mal aos olhos do JR..."

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    9. Prezado André R. Fonseca,
      Minha intenção, certamente, não foi e não é erigir polêmicas, mesmo diante da (perdoe-me) e exatamente em face da contundência do texto bíblico, que a si mesmo se basta. Por último, eu diria, com a sua elegante permissão, que as finais três linhas de seu comentário revelam-se inteiramente despertinentes.
      NOTAS:
      1. Não nutro nenhum tipo de admiração pelo padre alemão Martin Luther (o Martinho Lutero), tampouco pelo francês Jean Cauvin. Apenas os tenho como imagem e semelhança de Deus e que foram tão carentes da misericórdia do Altíssimo como todos nós presentemente o somos.
      2. Não sou idolátrico, não cultivo ídolos, rejeito ídolos. Curvo-me de corpo, alma e espírito (‘inda que cambaleante neste edifício de barro) ao Deus Eterno, Criador dos Céus e da Terra, sem que para mim Ele (Deus) seja aos meus olhos um ídolo.

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    10. J. Rubens,

      Fique à vontade de responder e expor seu pensamento aqui, mesmo que venhamos discordar dele, sempre será um prazer interagirmos sobre o tema.

      1. Reitero que esses homens de Deus pecaram, e se o fizeram, foi de forma horrível, pois pecaram contra Deus. A gravidade de uma ofensa está mais relacionada à dignidade do ofendido do que ao tipo de ato cometido. Portanto, é desnecessário fazermos uma valoração de cada pecado e os colocarmos numa escala de gravidade. Esses homens pecaram, como Lutero e Calvino o fizeram e como eu faço.

      2. Reconhecer que Davi foi um homem segundo o coração de Deus não significa afirmar que ele não pecou, e dizer que ele pecou não implica negar que Deus o tenha considerado segundo o Seu coração.

      3. Quanto a Lutero e Calvino, não são os atos deles, mas o Deus deles que os distinguem.

      Em Cristo,

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  6. Clovis, acredito que colocar os personagens bíblicos acima dos personagens do cristianismo é pura idolatria!

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    1. Pai Abraão, por Graça e não por mérito dele mesmo, recebe a promessa de por meio de sua descendência abençoar todas as famílias da terra. Somente por Cristo, filho de Abraão, foi ele aGraciado!

      Moisés foi o profeta do qual maior haveria de vir, era o prenúncio, o tipo do Messias prometido. Se Cristo não fosse o Messias Profeta que libertaria o seu povo, quem se lembraria de Moisés?

      Davi foi rei, mas do ramo de Jessé viria o Rei dos reis, Senhor dos senhores. O que seria de Davi sem a supremacia de Cristo, o Rei?!

      Assim como Deus olhou a pequenez de Maria e concedeu a ela o privilégio de ser bendita entre as mulheres por amamentar o Logos Divino encarnado, assim também os outros foram cotados entre os homens, não por eles mesmos, mas pela Graça, por terem sido usados como sombra do que havia de vir!

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  7. Osmar,

    Eu se comentário acimo você escreveu que

    1. "Mas parece que o entendimento do Clovis está 'evoluindo', ao afirmar que o "homem escolhe".

    Acho que você não leu ou não leu direito o que eu tenho escrito aqui. Desde que este blog foi ao ar, tenho dito que o homem faz escolhas, e digo que faz escolhas livres. Não nego que o homem tenha capacidade de fazer escolhas, nego sim a sua capacidade de escolher bem que seja aceitável diante de Deus.

    2. "e uma contradição, uma vez que o homem escolhe ou não escolhe, como por exemplo, de o homem pode escolher não querer ter seu coração renovado por Deus".

    Não há contradição nenhuma quando se afirma que o homem é capaz de escolher e se nega que não obstante ele não pode escolher o bem à parte da graça de Deus. E sim, o homem pode escolher por si mesmo não ser renovado, porém não pode escolher ser renovado, não mais que um morto pode escolher viver.

    Em Cristo,

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  8. Se Deus já escolheu quem ele quer salvar e condenar, por quê temos que ir pelo mundo e pregar o evangelho? Por favor, alguém pode me ensinar? Tenho muitas dúvidas. Obrigada

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    1. Josiane,

      Paz seja contigo. Perdoe-me pela longa demora.

      Deus não apenas escolheu quem irá se salvar, ele determinou também o método pelo qual seriam levados à fé: a pregação do evangelho.

      Veja como Paulo expõe a questão:

      Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna. 2Tm 2:10

      Ele suportava o que havia de pior porque sabia que Deus tinha o seus escolhidos e que eles precisavam ouvir o evangelho para serem salvos. Pois a eleição não é a salvação, é para a salvação.

      Em Cristo,

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  9. por que nao leem o capitulo 30 de deuteronomio inteiro? moises mostra muito bem que eles sao capazes de obedecer e andar nos caminhos de deus e os ordena a tal, bem como mostra claramente a escolha moral que eles tem que fazer.

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    1. Cat,

      Eu li, não apenas Deuteronômio 30, mas o o livro todo, como se depreende do text acima.

      Mas por favor, mostre-me onde Moisés "mostra muito bem que eles são capazes de obedecer e andar nos caminhos de Deus".

      Em Cristo,

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  10. o homem nao podia cumprir a lei? pelo seu proprio esforço nao mesmo, mas se lerem deut 30 inteiro verao Deus incentivando e afirmando que o mandamento nao é impossivrl do homem cumprir, moises manda o povo amar e obedecer a Deus, onde que, segundo a definição de LA de voces, que é poder ir contra nossa natureza carnal e fazer algo espiritual, neste verso é isto mesmo q Deus manda o povo fazer: algo espiritual, ama-lo e abandonar seus deuses q nao sao deuses, se amar Deus nao for algo espiritual, o que seria entao?

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    1. Anônimo,

      Excluindo-se Jesus, que outro homem, em toda a história, cumpriu a lei de Deus? Poderia indicar um nome?

      Em Cristo,

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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