Aproximação entre pentecostais e reformados

O que se constata, cada vez mais, é que o fenômeno pseudo-pentecostal tem concorrido para uma maior aproximação entre os pentecostais (já tidos como históricos, por sua antigüidade e mobilidade social e cultural) e as igrejas históricas. De um lado, os pentecostais redescobrem o valor da história, de uma confessionalidade e de uma teologia sólida; do outro, os históricos vão flexibilizando (ou ampliando) a sua pneumatologia, reconhecendo a contemporaneidade dos dons do Espírito Santo. O fosso entre pentecostais e pseudo-pentecostais tende a aumentar, não só pela aproximação entre pentecostais e históricos, mas também pela crescente adesão dos pseudo-pentecostais a ensinos e práticas sincréticas, com o catolicismo romano popular e os cultos afro-ameríndios. Quando estudantes de teologia assembleianos, batistas nacionais ou presbiterianos renovados aprendem com teólogos anglicanos (John Stott, J.I. Packer, Michael Greene, Alister McGrath, N.T. Wright), e anglicanos, luteranos ou presbiterianos usam de um louvor mais exuberante e oram por cura e libertação, na expressão de Gramsci, um novo “bloco histórico” vai se formando (retardado pelo extremo fracionamento entre ambos os segmentos), do qual, é claro, não faz parte o pseudo-pentecostalismo. Esse “bloco histórico” em formação, para se consolidar, não apenas deve se conhecer mais mutuamente, somando conceitos e subtraindo preconceitos, mas também responder aos desafios de um pluralismo que inclui a diversidade do catolicismo romano, o pseudo-pentecostalismo, o esoterismo, os sem-religião e um agressivo secularismo, emoldurado pelo relativismo pós-moderno. Isso passa, necessariamente, pelo aprender com a história da igreja -- durante, depois e “antes” da Reforma -- e pela superação de uma iconoclastia que, equivocadamente, equipara o artístico com o idolátrico.

Bp. Robinson Cavalcanti
In: Pseudo-pentecostais: nem evangélicos, nem protestantes (clique para ler a íntegra do artigo)

16 comentários:

  1. Os neo-pentecostais que foram chamados de pseudo-pentecostais são outra coisa, não podem ser confundidos com os outros grupos citados acima, e esse distanciamento das Igrejas sérias em relação aos neo/pseudo pentecostais é necessária e vital para a saúde da Igreja Brasileira.

    Entendo essa observação, e a leitura não está errada de fato. está havendo aproximamento de ambas as partes tradicionais e pentecostais.

    Mas não comungo da ideia que seja saudável essa "similaridade" entre tradicionais históricos e pentecostais históricos

    Na questão teológica, no que diz respeito a soteriologia (hoje temos vários pentecostais calvinistas), na pneumatologia alguns tradicionais históricos tendo mudado sua linha litúrgica e "recebendo" dons extraordinários, louvor exuberante?ham!! e oração por cura e libertação.

    Mas não creio que seja bom que as coisas andem assim...

    Já fui membro de Igrejas Pentecostais "Históricas" Assembleia de Deus (1911) e Batista Independente (1912), e hoje sou membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), creio que seja necessário essa diferença, essa ideia de tornar todas as denominações "iguais, parecidas", faz com que no final das contas ninguém tenha firmeza em nada.

    Quem crê na continuidade de todos os dons descritos na Bíblia deve procurar Igrejas Pentecostais sérias.

    Quem procura a Teologia Reformada, Pneumatologia e Liturgia tradicionais, deve procurar Igrejas Tradicionais sérias (hoje temos que faze esse tipo de observação até porque hoje temos cada igreja ai que dá medo).

    Esse tipo de mistura só descaracteriza as denominações e gera discussões e divisões desnecessárias, se alguém se levantar "falando em línguas" na IPB deverá ser corrigido, mas se existiram Igrejas ou Presbitérios que aceitem isso como a DOUTRINA DA IGREJA PRESBITERIANA teremos uma confusão.
    Da mesma forma querer empurrar o Calvinismo goela abaixo nas Igrejas Pentecostais (que são arminianas de origem) iremos gerar uma série de confusões...

    ORO PARA QUE AS IGREJAS MANTENHAM FIRMES AS SUAS IDENTIDADES E DISTINTIVOS HISTÓRICOS.


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    1. Ezequiel,

      Vejo a aproximação como isso mesmo, não como confusão e/ou perda da identidade. O pentecostalismo tem pontos distintivos, que deve manter. As igrejas reformadas históricas também tem os seus, e devem manter. Além disso, há as características próprias de cada uma, que são secundárias, mas que podem e devem ser preservadas.

      Porém, a aproximação é útil para aproveitamento mútuo, pois apesar de suas histórias, tanto um grupo como o outro pode ajudar o outro. E além disso, juntos, podem melhor fazer frente aos absurdo que vemos por aí.

      Em Cristo,

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  2. Sinceramente, Robinson Cavalcanti não dá para engolir.

    O cara era defensor da teologia da libertação, esquerdista, marxista, critico da monogamia.
    falso mestre


    “Eu creio que a teologia da libertação deu uma contribuição muito importante ao cristianismo… dando uma abertura positiva à reflexão marxista”. — Dom Robinson Cavalcanti em seu livro A Igreja, o País e o Mundo, da Editora Ultimato.

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    1. Leonardo,

      Eu também não engolia o Robinson Cavalcante, embora garimpasse algumas coisas boas que ele falou. Por isso, não deixo de ler e considerar algo que ele escreveu, atento à advertência de examinar tudo e reter o bem.

      Em Cristo,

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  3. Não creio na aproximação. Essa tentativa é afrouxamento de ambos os lados. Creio na "comunhão dos santos", de tais grupos.

    Hoje, infelizmente, tendo em vista a maioria ser pentecostal, muitos Reformados mudaram suas criticas para NEO-pentecostais. Tem pastores presbiterianos que ficam sempre em cima disso, quando na verdade, as práticas neopentecostais criticadas, em muito, sempre foram as pentecostais - não estou dizendo o que sabemos ser a bizarrrice produzida por aí, mas nem mesmo um culto pentecostal tradicional é próximo de um culto reformado.

    Obviamente dentro dos grupos existem, calvinistas que tornam se pentecostais e pentecostais que tornam-se calvinista. Desde que não causem divisões, devem ficar dentro de suas igrejas.

    O que separa os tais, não é >>apenas a liturgia<<, mas a doutrina - arminiana e calvinista. Aproximar como??? O pentecostalismo é necessariamente arminiano. Ou estou errado?

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    1. Luciano,

      Demonstre que o pentecostalismo é necessariamente arminiano. Ou estará errado.

      Em Cristo,

      Clóvis

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    2. Pode não ser necessariamente, mas é comum que Igrejas ditas pentecostais sejam arminianas, acho que foi nesse sentido que ele quis se expressar !

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    3. Pedro,

      Sim, mas o termo necessário estabelece uma relação de causa e efeito entre pentecostalismo e arminianismo.

      Em Cristo,

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    4. Então estou errado meu irmão... só preciso que prove que ele >não é<< necessariamente arminiano. Levando em conta a longa data de estreitamento entre os pentecostais (desde a rua Azuza) com os arminianos e, se não todos, os seus principais expoentes serem da linha arminiana.

      Só especulações, não estou asseverando nada.

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    5. Luciano,

      O pentecostalismo é arminiano por osmose, da mesma forma que é dispensacionalista. Era o ambiente da maternidade quando ele nasceu, e como a reflexão teológica nunca foi o seu forte, calhou que nasceu, cresceu e tenta se manter arminiano.

      Um confronto dos pontos distintivos do pentecostalismo com o calvinismo não resulta mútua exclusão. E, os pontos distintivos do pentecostalismo, levados às suas implicações lógicas, não leva necessariamente ao arminianismo. Bem como os pontos do calvinismo, levados à suas consequências lógicas não resulta cessacionismo, nem em equivalência entre conversão e batismo com o Espírito Santo.

      De modo que o pentecostalismo é arminiano, mas não precisa continuar sendo.

      Em Cristo,

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    6. Para que o pentecostalismo seja necessariamente arminianos, deve-se demonstrar alguma contradição entre as seguintes proposições:

      1. Os homens são totalmente depravados;
      2. Deus elegeu incondicionalmente os que serão salvos;
      3. Jesus morreu com o propósito de salvar apenas os eleitos;
      4. O Espírito chama eficazmente os eleitos
      5. O batismo com o Espírito Santo é distinto da conversão;
      6. Os dons espirituais não cessaram;
      7. Todos os que foram regenerados perseverarão.

      Em Cristo,

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  4. genial o texto, cada dia mais encontro pentecostais calvinistas, que, como eu sigo na mesma igreja e, mesmo sem concordar com algumas pregações carregadas de arminianismo, tenho comunhão com o grupo.

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    1. Eu também tenho comunhão com os irmãos, só me incomoda o fato de muitas pregações botarem o foco mais no homem do que em Deus.

      Se bem que tem muitos irmãos arminianos que não são bem arminianos, alguns hinos são repletos de expressões como : Não temas pois Eu te escolhi, em fim, no fundo muitos irmãos dessas igrejas creem mesmo que Deus escolhe os seus, embora ainda não tenham feito um "mapeamento" dessas questões.

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    2. Como disse Spurgeon, o sotaque denuncia de onde você é. O povo salvo por Deus, deixa escapar de seus lábios declarações da soberania e determinação divina.

      Em Cristo,

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    3. É verdade,

      Paz em Cristo

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  5. Faço parte de uma igreja (IPB) cujo presbitério é declaradamente pentecostal e isso tem causado algum desconforto entre os conservadores. Ja recebemos até a "visitação" do Supremo Concilio pra verificar as praticas pentecostais. Não deu em nada, pois não havia nada que desabonasse a igreja do ponto de vista denominacional ou doutrinário reformado. Apenas na questão litúrgica (não segue a risca a forma tradicional presbiteriana) e na dinâmica dos trabalhos da igreja é que "parecem" pentecostais e isso, para os extremistas, é um escândalo. Mera religiosidade. No entanto, é perfeitamente conciliar as duas formas de pensamento desde que de forma equilibrada na Palavra.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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