Calvino acreditava não só que a mente precisa ser cheia da verdade da Palavra, mas também que o coração deve ser devotado à piedade. Na opinião dele, não existia esta coisa de ministro não santificado. O sucesso do pregador dependia da profundidade de sua santidade. Em público ou em particular, em seus estudos ou na rua, o homem de Deus tinha de se afastar do pecado e seguir a santidade. Calvino observou: “O chamado de Deus traz consigo [a exigência de] santidade”. Por esta razão, ele acreditava que o pastor deve manter sua vida e doutrina sob rigorosa vigilância. O homem de Deus deve cultivar uma visão elevada do Senhor e tremer diante de sua Palavra. Calvino escreveu: “Nenhum homem pode lidar de forma correta com a doutrina da piedade, a menos que o temor de Deus reine... dentro dele”.
Calvino era um homem que verdadeiramente temia ao Senhor, e este reverente temor de Deus purificou sua devoção à Ele. A rejeição que o reformador experimentou quando banido de Genebra (1538-1541) serviu apenas para intensificar sua vontade resoluta de conhecer e servir a Deus. Quando o conselho municipal de Genebra revogou sua expulsão e pediu o retorno de Calvino, ele escreveu a William Farel: “Porque sei que não sou meu próprio mestre, ofereço meu coração como um sacrifício verdadeiro ao Senhor”. Este gesto de devoção a Deus tornou-se o lema pessoal do reformador genebrino. Em seu selo pessoal, o emblema é um par de mãos humanas entregando um coração para Deus. A inscrição diz: Cor meum tibi offero, Domine, prompte et sincere — “Meu coração a Ti ofereço, ó Senhor, com prontidão e sinceridade”. As palavras prontidão e sinceridade descrevem adequadamente como Calvino acreditava que deveria viver diante de Deus, ou seja, em completa devoção a Ele.
Ao manter este compromisso, Calvino continuamente estimulava o fervor de sua alma por meio da oração e de uma atitude devotada. “Duas coisas estão unidas”, ele confessou, “ensino e oração. Deus deseja que a pessoa designada por Ele para ser um professor em sua igreja seja diligente em orar”. O trabalho de Calvino com a pregação, o ensino, o pastoreio e seus escritos — toda a sua vida e ministério — estavam sempre ligados à fervorosa oração. Por conta de sua piedade, a tirania dos muitos assuntos sérios que o pressionavam perdeu o poder.
Steven Lawson L.
In: A arte expositiva de João Calvino, publicado pela Editora Fiel
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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott
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