Sobre o culto e invocação aos santos

Os santos não devem ser adorados, cultuados ou invocados. Por essa razão não adoramos, nem cultuamos nem invocamos os santos dos céus, nem outros deuses, nem os reconhecemos como nossos intercessores ou mediadores perante o Pai que está no céu. Deus e Cristo, o Mediador, nos são suficientes. Nem concedemos a outros a honra que é devida somente a Deus e ao seu Filho, porque ele claramente disse: “A minha glória, pois, não a darei a outrem” (Is 42.8). E porque São Pedro disse: “Porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos”, a não ser o nome de Cristo (At 4,12). Nele, os que dão seu assentimento pela fé não buscam coisa alguma além de Cristo.

A honra devida aos santos. Entretanto, não desprezamos os santos nem os tratamos como seres vulgares. Reconhecemo-los como membros vivos de Cristo e amigos de Deus, que venceram gloriosamente a carne e o mundo. Por isso nós os amamos como irmãos e também os honramos; não, porém, com qualquer espécie de culto, mas os encaramos com apreciação e respeito e com justos louvores. Também os imitamos, pois com ardentíssimos anseios e súplicas desejamos ser imitadores da sua fé e das suas virtudes, partilhar com eles a salvação eterna, habitar eternamente com eles na presença de Deus e regozijar-nos com eles em Cristo. Neste ponto aprovamos o que diz Santo Agostinho: “Não seja a nossa religião um culto dos mortos. Pois, se viveram vidas santas, não devemos supor que estejam à procura de tais honras; ao contrário, querem que adoremos aquele por cuja iluminação eles se alegram de que sejamos conservos dos seus méritos. Devem, portanto, ser honrados pela imitação, e não adorados por religião”, etc. (De Vera Religione, LV, 108).

Relíquias dos santos. Muito menos cremos que as relíquias dos santos devem ser adoradas ou cultuadas. Aqueles santos antigos pareciam ter honrado suficientemente seus mortos, se de modo decente tinham entregado seus restos mortais à terra, depois que os espíritos subiram ao alto. E consideravam que as mais nobres relíquias de seus ancestrais eram suas virtudes, sua doutrina e sua fé, as quais, como eles as recomendavam pelo louvor dos seus mortos, assim se esforçavam para imitá-las enquanto viviam na terra.

Juramento só pelo nome de Deus. Aqueles homens antigos não juravam senão pelo nome do único Deus, Javé, como ordenava a lei divina. Como por ela é proibido jurar pelo nome de deuses estranhos (Êx 23.13; Deut 10.20), assim não juramos em nome dos santos, como se exige de nós. Rejeitamos, portanto, em todas estas questões, uma doutrina que atribui mais do que o devido aos santos que estão nos céus.

4 comentários:

  1. Como sempre, a Segunda Confissão Helvética é muito equilibrada e justa.

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  2. Vejam essa reflexão que escrevi hoje sobre:

    A Mediação de Cristo

    “Toda a Igreja está unida à oblação e intercessão de Cristo.”(ênfase no original). O papa é “sinal e servidor da unidade” na Igreja, o bispo é responsável pela Eucaristia, presidindo a igreja particular, “a comunidade intercede” pelos ministros. “À oblação de Cristo unem-se não só os membros que estão ainda neste mundo”. A Igreja oferece o seu sacrifício, em união com o sacrifício de Cristo. “é em comunhão com a santíssima Virgem Maria e fazendo memória d'Ela, assim como de todos os santos e de todas as santas”. Aos pés da cruz com Maria.

    Importante notar que a doutrina católica coloca toda a ênfase na ÚNICA mediação de Jesus Cristo nosso Senhor. É somente nela é por ela e com Cristo que a Igreja (papa, bispos, presbíteros, diáconos, povo) pode chegar a Deus, é somente por ela que a virgem Maria, os santos todos, podem chegar a Deus, em união com toda a Igreja. É o santo Evangelho! (ver Catecismo da Igreja Católica, números 1369 e 1370).

    Vemos que a virgem Maria é a primeira de todos os santos, como mãe do Senhor, mas que está entre os santos do céu e da terra participando a intercessão de Jesus Cristo ÚNICO MEDIADOR.

    Quando a Igreja usa o pedido “rogai por nós”, está dirigindo-se aos santos para que alcancem graças divinas em favor da Igreja.

    Aprendemos com isso que a Igreja Católica tem a Cristo como ÚNICO MEDIADOR (1 Tm 2,5). Nenhuma criatura faz as vezes de Cristo. Nós podemos ir ao Pai por Cristo (Jo 14,6). O sentido da “mediação” de Maria não é o da Mediação de Cristo. Nem Maria nem os santos fazem a “ponte” entre os homens e Deus, nem “advogam” como Cristo.

    Temos “advogados, intercessores, mediadores”, somente no sentido de co-participação na permissão que temos em Cristo de nos dirigir a Deus em nossos pedidos.

    Os santos se dirigem a Deus pelos méritos de Cristo para fazerem pedidos, e os fazem em favor dos irmãos, alcançando as graças e as bênçãos para a Igreja. É em Deus que estão a graça e a benção, e Ele o Centro, a fonte, o nosso tudo. A nossa “causa” diante de Deus, como pecadores que somos, necessitados de graça da salvação, na ligação do homem a Deus, é possível pela fé em Jesus. Nenhuma santo, nem mesmo a virgem Maria, faz esse papel.

    Por isso, recorremos à intercessão da virgem Maria como aquela que tem as intenções santas de acordo com a vontade Deus, assim como todos os santos, e pedimos que rogue por nós. Não há confusão entre a Mediação de Cristo e a intercessão dos santos. Os santos do céu e nós somos intercessores em Cristo.

    Gledson Meireles.

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    1. Gledson, onde você acha que se quer chegar com a lógica falaciosa: Maria mãe de Deus?

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  3. André,certamente vc não se refere à doutrina católica quando diz "lógica falaciosa". Posso afirmar que: Maria é mãe de Jesus COMO Homem, e nesse sentido é mãe de Deus. Mãe do Deus Filho ENCARNADO. Algum comentário sobre a reflexão A Mediação de Cristo?
    Até mais.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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