Graças a Deus por uma igreja virtuosa: Cl 1:3-8

Epafras foi visitar “Paulo, o velho” (Fm 1:9) na prisão em Roma. Queria lhe fazer companhia, mas também trazia-lhe boas e más notícias sobre a igreja em Colossos. Sabia o quanto o apóstolo era sensível à situação das igrejas, seja exultando, seja se angustiando, conforme fosse o caso. Dada a situação crítica de seu pai na fé, ele deve ter hesitado sobrecarregá-lo com mais esse peso. Mas o desafio era grande demais para ele, precisa da ajuda do grande líder. Então faz um relato fiel da situação interna da igreja e da heresia que ameaçava a saúde da igreja. O velho apóstolo então escreve uma carta, para aquela igreja que ele não fundou e que possivelmente jamais visitou. E começa dando graças a Deus por ela.

“Desde que ouvimos da vossa fé”, diz ele, “damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós” (v.3). Transparece nessas palavras que ele sempre orava e agradecia pela igreja. E quando ouviu as notícias que Epafras “também nos relatou” (v.8) sobre a igreja, ele viu mais motivos ainda para louvar a Deus pela vida dos irmãos colossenses. Ele o faz e apresenta tais motivos.

Primeiro, ele agradecia a Deus porque o evangelho verdadeiro chegou até eles. O evangelho que estava sendo anunciado “em todo o mundo está produzindo fruto e crescendo... chegou até vós” (v.6). Mesmo não tendo sido anunciado diretamente por um apóstolo, era a “palavra da verdade” (v.5), que trazia “graça de Deus na verdade” (v.6). De forma quase anônima, Epafras pregou o evangelho com fidelidade em Colossos e vizinhança, onde floresceram várias igrejas. Paulo reconhecia a mão de Deus na expansão do evangelho e dava-Lhe graças por isso. Pois se os crentes da Frígia criam, isso era obra de Deus.

Em segundo lugar, eles foram “instruídos por Epafras” (v.7). Como “fiel ministro de Cristo” (v.7) Epafras demonstrou séria preocupação com a saúde doutrinária da igreja, por isso não apenas pregou o evangelho, mas ensinou os novos convertidos. Instruir é o mesmo que disciplinar, tornar discípulo. Epafras não foi somente um obstetra  trazendo os colossenses à luz da fé, mas foi um pediatra dedicado, nutrindo-os com a sã doutrina, para que se tornassem imitadores de Jesus Cristo. O resultado é que eles de fato tiveram o mesmo sentimento de cristo, ou seja, demonstraram “amor no Espírito” (v.8).

Fruto dessa instrução na Palavra, temos o terceiro motivo de ações de graças apresentado por Paulo. Eles apresentavam em suas vidas as três maiores virtudes cristãs: “a fé, a esperança e o amor” (1Co 13:13). Eles tem “fé em Cristo Jesus” (v.4). Não é a fé na fé tão comum nos dias de hoje. A fé carece de um objeto, e a fé salvífica tem como objeto a pessoa e a obra de Jesus. A fé em Cristo Jesus não apenas é necessária, como absolutamente suficiente, como veremos no decorrer desta série de estudos. Eles também nutriam um profundo amor “para com todos os santos” (v.4). Eles amavam não apenas os crentes de sua igreja local, mas todos os santos, ou seja, amavam a igreja do Senhor Jesus. E no que dizia respeito ao futuro, tinham a “esperança que vos está preservada nos céus” (v.5). Pelo ensino, a igreja ancorou sua fé em Jesus, dedicou seu amor à igreja e tinha firme esperança futura.

Concluímos com uma renovada confiança no poder do evangelho. Quando ouvido, crido e aprendido, ele produz o fruto do Espírito. Ele “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16). Recorrer a artifícios humanos para produzir crescimento da igreja é se envergonhar do evangelho, é descrer no poder de Deus. E se “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:16-17), o ensino sistemático da Bíblia é o método adequado do desenvolvimento espiritual da igreja. Cremos que se confiarmos no poder do evangelho e na suficiência da Escritura na formação do cristão, colocando-a em prática, teremos igrejas fortalecidas na fé e que vivem em comunhão amorosa.

Soli Deo Glora

Leia o primeiro artigo da série: Carta de um apóstolo verdadeiro a uma igreja fiel.

2 comentários:

  1. Clóvis,

    Glórias ao Senhor por essa iniciativa em expor um livro da Bíblia. Será edificante inclusive para vc, pois é necessário dedicação para compor a exposição como tens feito.

    Na minha igreja não é feito pregação expositiva, mas a tempos essa possiblidade tem me tocado e quero apresentar essa idéia para que fosse feita ao menos em um dos dias de culto para a sequencia, pois a carência existente é de conhecimento mais profundo e a pregação expositiva é excelente alternativa.

    Em Cristo

    Márcio

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  2. Márcio,

    Sim, glórias a Deus que nos tem dado a graça de estudar sequencialmente um livro da Bíblia. É bem verdade que como vou estudando na medida em que preparo o estudo a ser ministrado, somado às minhas limitações, não são estudos profundos e estão sujeitos a serem corrigidos na medida em que serão publicados, de forma resumida, aqui. Ore por nós.

    Desejo que em sua igreja a sua proposta seja aceita.

    Em Cristo,

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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