Por que nem todos creem, segundo Wesley?

Se você perguntar: "Por que todos os homens não tem essa fé, pelo menos, todos os que concebem que a fé é algo tão feliz? Por que eles não creem de imediato?".

Respondemos (fundamentados na hipótese da Escritura): "A fé é uma dádiva de Deus". Nenhum homem é capaz de operá-la em si mesmo. Ela é uma obra da onipotência. Elas não requer menos poder que o de avivar uma alma morta que o para levantar um corpo que repousa na sepultura. É uma nova criação, e ninguém pode criar uma nova alma, a não ser Aquele que criou os céus e a terra.

John Wesley
In: Um apelo sincero aos homens de razão e religião

17 comentários:

  1. Calvinista enrustido :)

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  2. Eu fico curioso pra entender como ele afirmou isso e ao mesmo tempo combateu tão ferrenhamente o calvinismo..

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    1. Será que é porque defender a 'depravação total' não é uma prerrogativa calvinista? :)

      Afinal, a doutrina do pecado original é aceito por todos os cristãos exceto os pelagianos (como Finney por exemplo).

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    2. Porém, Deforming Blindness, há que se admitir que para Wesley, um homem totalmente depravado é uma abstração lógica. Ou seja, não existe nenhum homem que esteja numa condição de depravação total. Para Wesley, a depravação total é hipotética e não real.

      Portanto, depravação total é uma doutrina distintiva do calvinismo.

      Em Cristo,

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  3. Ele era bipolar kkkk

    anderson Demoliner

    sola gratia

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  4. Por que eles não creem de imediato?

    A resposta dele não é uma resposta calvinista em sua completude. Ele não está falando que a pessoa não tenha fé somente pq Deus ainda não a conferiu, ele somente afirma que os dons divinos precedem a qualquer resposta positiva(santa) da pessoa. Agora a partir disso, pode-se inferir duas coisas:

    - Ou que ainda não é o momento de Deus dispensar a fé naquela pessoa;
    - Ou que aquela pessoa rejeitou a tal dádiva divina mesmo que tenha sido Deus que lhe tenha dado;

    Tenha sempre em mente que Wesley crê no que ele chama de livre Graça de Deus. A diferença é sutil, tomem cuidado! Como ele afirma neste mesmo livro ou sei lá oq: "Nenhum mérito, nenhuma santidade no homem precede o amor perdoador de Deus. Sua misericórdia redentora admite coisa alguma em nós, a não ser a mera consciência do pecado e miséria; e para todos que vêem, sentem, reconhecem suas necessidades, e sua completa inabilidade para removê-las, Deus lhes dá livremente a fé, por causa Daquele em quem Ele sempre "se agradou"."

    .::::Bryan::::.

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    1. Bryan,

      Wesley não entra no mérito se Deus não deu a fé AINDA ou se deu e a pessoa a rejeitou. Creio que o quando aqui é irrelevante, daí sua ênfase no "creem de imediato" me parecer um afastamento da questão em si.

      Wesley está defendendo a fé como "aquela evidência divina, por meio da qual o homem espiritual discerne Deus, e as coisas de Deus. Ela é, com respeito ao mundo espiritual, o que o sentido é com respeito ao mundo natural. Ela é a impressão espiritual de toda a alma que é nascida de Deus", demonstrando que por isso ela é uma coisa boa.

      O objetor levanta que sendo a fé coisa tão boa, porque então as pessoas de bom senso ("homens de razão") não creem? E a resposta de Wesley é que nem todos creem porque a fé é um dom de Deus e não há nada que o homem possa fazer para crer por si mesmo. Ou seja, não creem porque não podem crer.

      Além disso, creio que não podemos separar o ato de Deus dar a fé do crer do homem. Se alguém não creu, é porque Deus não lhe deu a fé, se Deus lhe dá fé, esse alguém irá crer. Nas palavras de Wesley, "no momento em que o homem recebe aquela fé que está acima descrita, ele é salvo da dúvida e medo, e tristeza do coração, através da paz que ultrapassa todo entendimento; da aflição de um espírito ofendido, através da alegria inexplicável; e dos seus pecados; de qualquer tipo que eles foram, de seus desejos depravados, assim como palavras e ações". Ou seja, a ideia não parece ser de Deus colocando a fé numa mesinha ao lado do moribundo para que ele estenda a mão, pegue e passe a crer.

      Pois esse estender de mãos lhe é impossível. "Como ela irá passar das coisas naturais para as espirituais; das coisas que são vistas para aquelas que não são vistas; do mundo visível para o invisível? Que abismo existe aqui! Através de qual habilidade a razão transporá o imenso precipício? Isto não pode ser possível, até que o Altíssimo venha ao seu socorro, e lhe dê aquela fé que você, até aqui, menosprezou".

      Temos então que nem todos creem porque Deus não dá a fé a todos, embora todo aquele a quem dá seja "descrente e profano; sobre aqueles que, até àquela hora, era adequados apenas para a destruição eterna".

      Sendo assim, cabe perguntar: se nem todos creem porque a fé é uma dom de Deus, decorre que Ele não dá a fé a todos, pois no que concerne a fé verdadeira, o "princípio salvador", Wesley temia que "você irá encontrar poucos que, até mesmo, professem esta fé, em meio a um grande número daqueles que são chamados crentes".

      A quem Ele dá o dom da fé?

      Em Cristo,

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    2. Clóvis

      Desculpa, faltou o pronome ele nas duas inferências. E com relação a separação entre fé e crer não vou bater o carimbo, ainda, tanto para mim e principalmente para o Wesley.

      A questão para mim é que Wesley não responde pq as pessoas não creem de imediato ele somente afirma que a fé é um dom de Deus e pronto, não respondendo a pergunta, pairando implicitamente um fator contingencial humano, como todo e qualquer arminiano foge. Em nenhuma parte do texto tem alguma ligação com o fato do homem não crer, pois não se vê por isso o homem não crê, ou logo o homem jamis crera se Deus conceder fé a ele, ou até mesmo pq a fé é um dom de Deus. Ele só mostra aquilo que Deus faz, não mostra o que Deus deixa de fazer para justificar a ruína humana, ainda,deste homem que concebe que a fé é algo positivo.

      Portanto ele somente falou isso na tentativa de encontrar(se é que seja possível), um ortodoxia comum a todo cristão na hipótese dele estar respondendo questões de salvação para uma pessoa impia.

      No mais é só

      .::::Bryan::::.

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    3. Para ser mais preciso, um arminiano/molinista crê que a graça divina é extrinsecamente eficaz. Grosso modo: quem creu, creu devido à graça divina; quem não creu, não creu apesar da graça divina.

      Aliás, 'morto' não deve ser encarado como 'igual cadáver em putrefação avançada', mas 'separado' (tanto no sentido temporal - separar corpo da alma - quanto no espiritual - separado de Deus (Is 59:1-2)).

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  5. Chega a ser engraçado ouvir de um calvinista que Wesley era um "calvinista enrustido" ou que ele não consegue entender como Wesley poderia ter dito isso e ainda assim atacar o Calvinismo. Isso é indicativo de que o calvinista não faz ideia do que seja o Arminianismo, ou mais precisamente, que ele tem uma visão completamente distorcida do Arminianismo. Wesley é um legítimo arminiano, senão o maior de todos, pelo menos o mais famoso.

    Para a pergunta "a quem Deus dá o dom da fé?", a resposta que Wesley daria é simples: àquele que não resiste à graça preveniente de Deus.

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    1. Graça preveniente é uma boa palavra que não explica a contradição criada pelo seu comentário. Se ele afirma que estão mortos e não podem gerar em si mesmos a vida (ou fé), a graça preveniente deveria então operar em todos, fazendo de todos vivos para responder ou resistir.

      Vamos dividir a coisa em camadinhas? Está morto para a fé, não pode responder positivamente à salvação, mas está vivo para responder positivamente à graça preveniente?

      Quantos mais ad hocs vocês, Arminianos, gostariam de adicionar ao argumento para torná-lo válido?

      E quanto a ser evidência de que não entendemos nada ou temos uma visão distorcida do Arminianismo, podemos dizer o mesmo a respeito de vocês... aliás, os interpretações mais estúpidas sobre calvinismo são as dos arminianos, tipo: se já está eleito, então pra que pregar? Então é robozinho! São idiomatismos judaicos, etc...

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    2. Pergunte por aí no seu meio e veja quem realmente entende o que um calvinista quer dizer quando afirma a depravação total do homem, ou perseverança dos santos.

      Quem já nasceu em lar reformado pode ser até um pouco diferente, mas para uma boa parcela dos calvinistas a realidade é de ex-arminiano. E ainda aqueles que "nasceram" calvinistas carregam a concepção comum de quem é Deus inicialmente sem orientação bíblica/teológica. Refiro-me ao dualismo Deus bom e o mal, pra ser bom precisa querer salvar todos, do contrário é injusto etc... De acordo com o progresso nos estudos sobre o assunto, porque é preciso ter coragem para encarar as realidades apresentadas pelo calvinismo que fere o senso comum, ele começa a enxergar a coisa diferente.

      Os arminianos que conheço ou ficam travados e repetem os mesmos versículo sem contexto como um mantra para não se deixar convencer que enxergou uma nova realidade conflitante com suas crenças ou simplesmente ignoram os argumentos calvinistas e os textos bíblicos apresentados.

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    3. Um amigo arminiano ontem ficou desnorteado e pediu pra parar com o papo quando mostrei pra ele o texto de atos 13:48... ficou mudo, porque dissera que era invenção dos calvinistas esta história de ser salvo apenas os predestinados e que isso não está na Bíblia. Conclusão, arminiano lê pouco a Bíblia! O cara leu o versículo como se nunca tivesse lido o livro de atos.

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    4. André, algum tempo atrás o Dr. Ken Gentry disse que "Calvinismo é o que ocorre aos arminianos que lêem suas Bíblias".

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    5. Caro anônimo,

      Reconheço certa dificuldade em entender o wesleynismo. Mas, segundo me consta, não é privilégio meu. Alguns especialistas na teologia de John Wesley, e me refiro a arminianos-wesleyanos, reconhecem que a falta de sistematização, aliada ao que consideram genialidade de Wesley, tornam complicado entender alguns pontos em sua doutrina.

      Mas você menciona um ponto em que a resposta "que Wesley daria é simples". A quem Deus dá o dom da fé? Segundo você, a resposta dele seria "a quem não resiste a graça preveniente". Mas será mesmo simples assim a resposta dele?

      Por exemplo, ele diz "eu creio que a graça que traz fé, e portanto, salvação, é irresistível naquele momento". Mas ele diz, também, "eu não nego que, em algumas almas, a graça de Deus é tão irresistível que eles não podem senão crer e ser finalmente salvos". Aqui parece que ele está falando que a graça (preveniente?) não é irresistível para todos, mas para "algumas almas", pois em seguida ele se refere "a todos aqueles em quem ela não opera assim irresistivelmente".

      A primeira pergunta que lhe faço é a seguinte: de que graça ele está falando, da graça preveniente ou da graça regeneradora?

      A segunda é: a fé então não é um dom, mas uma recompensa aos que não resistem a graça preveniente?

      E a terceira: se a graça preveniente não é, pelo menos num momento, irresistível, como livrar Wesley do semi-pelagianismo romano?

      Em Cristo,

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  6. A paz irmãos. Dêem uma olhada nesse texto publicado na última Fides Reformata. É um texto do Dr. Heber Campos, em uma revista acadêmica, por isso, acredito que irá ajudar muito no entendimento da tradição wesleyana.

    http://mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/Fides_Reformata/17/17_1artigo2.pdf

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    1. Eu tenho essa Fides e inclusive já li o artigo, que aliás é a primeira parte. Até onde pude julgar, a apresentação do Heber Campos é correta.

      O problema é que o Wesley pendula entre uma posição e outra, sem uma distinção clara à que tipo de graça está se referindo, causando dificuldades até mesmo para seus intérpretes favoráveis.

      A sua dica é boa.

      Em Cristo,

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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