Os Pilares do Teísmo Aberto - parte 2


2) Deus não é tão soberano assim — Para os seguidores desse neologismo teológico, só pode haver pleno relacionamento entre Deus e o homem se o Criador construir a História com o auxílio do homem, no sentido de o homem ter o poder de frustrar Deus e mudar as decisões divinas. O futuro só pode ser construído a partir da conjunção entre Deus e as decisões humanas. Segundo eles, Deus se adapta à vontade e às decisões dos homens, e não pode realizar tudo que deseja, só com o auxílio do homem. O homem é o sujeito da História. A História não está sob o controle divino totalmente. Conforme as decisões dos homens, Deus vai definindo como será a História. O futuro, como diziam Moltman e Pannenberg, está em aberto, até mesmo para Deus (sic)!

Isso contraria frontalmente o ensino bíblico. Diminui Deus e exalta o homem. O ser humano tem autonomia para tomar suas decisões, mas nenhuma decisão humana pode mudar aquilo que já foi estabelecido por Deus (Is 46.10). Há a vontade permissiva e a vontade soberana de Deus. O homem pode tomar decisões e mudar contextos até onde isso não contrarie o que já foi determinado pelo Criador. Deus é o Senhor da História, não o homem.

3) Deus não conhece o futuro - O Teísmo Aberto acredita que Deus não conhece o futuro. Os adeptos dessa teoria se dividem entre dois argumentos. Uns dizem que Deus não pode conhecer o futuro porque o futuro não existe. Logo, é impossível alguém ter presciência. Por conseguinte, o futuro está aberto até para Deus (sic). Outros teístas abertos afirmam que mesmo que Deus tenha o poder de saber o futuro, Ele o ignora porque escolheu não saber o que virá (sic). Assim, o futuro, também nessa perspectiva, está em aberto para Deus.

Pinnock afirma: “As decisões ainda não feitas não existem de forma alguma para serem conhecidas por Deus. Elas são potenciais, mas para serem realizadas e não já reais. Deus pode predizer muito do que faremos, mas não tudo, porque algumas dessas decisões permanecem ocultas no mistério da liberdade humana (...) O Deus da Bíblia exibe uma abertura’ para o futuro que a visão tradicional da onisciência simplesmente não pode acomodar” (De Agostinho a Armínio, Pinnock, pp. 25 e 26).

Um elemento importante desse pensamento é a crença de que Deus não está fora do tempo, vendo o passado, o presente e o futuro como se fossem uma só coisa para Ele. Para o Teísmo Aberto, Deus está dentro do tempo e sujeito a ele. O tempo, segundo eles, é uma realidade que antecede o Criador ou coexiste com Ele. Porém, a Bíblia afirma que Deus é Eterno e transcendente (Is 57.15). Ele não teve começo e não terá fim, e o tempo foi criado por Ele (Sl 90.2). Deus sabe de tudo antes de tudo acontecer. Ele não está preso ao tempo (SI 102.27).

4) Deus se arrisca — Deus se arriscou ao criar seres livres e racionais. Ele não sabia que decisões os anjos e os homens tomariam depois de criados, e ainda hoje o Criador se arrisca com suas criaturas, pois ignora as escolhas futuras delas. Isso é simplesmente ridículo. A Bíblia diz que Cristo é “o Cordeiro de Deus imolado antes da fundação do mundo” (lPe 1.19-20; Ap 13.8). Deus já sabia de tudo que iria acontecer e de antemão elaborou o Plano da Salvação. Deus não foi e não é pego de surpresa!

5) Deus comete erros, aprende e muda — Segundo o Teísmo Aberto, como Deus desconhece o futuro, Ele aprende com as realidades à medida que elas vão acontecendo. O Deus da Teologia Relacionai é vulnerável, comete erros, aprende com eles e muda de posição. Deus muda seus planos constantemente.

Por isso, os adeptos desse pensamento ensinam que é errado afirmar que quando a Bíblia fala que Deus “arrependeu-se” está usando um antropomorfismo. Para eles, Deus arrependeu-se mesmo. Ele mudou de idéia. Deus é mutável. Ele é totalmente passível de influências do ser humano.

Porém, a Bíblia diz claramente que Deus não se arrepende e Ele não muda (Nm 23.19-20 e Ml 3.6). O “arrependimento” de Deus é antropomorfismo mesmo. Ou seja, são expressões humanas para tentar explicar ao ser humano Deus e suas manifestações. Ele não é como o ser humano.


3 comentários:

  1. Quando penso no teísmo abeto a primeira pergunta que me vem a cabeça é: E o plano desse deus para a salvação? Como fica? Certamente , pois não se pode repousar na esperança de novos céus e nova terra, de que esse deus esteja certo que estamos vivendo os últimos dias, pois nem ele mesmo sabe se um cataclismo vai exterminar a raça humana. E eu que achava estranho quando Paulo afirmava que existiriam pessoas que não suportariam a sã doutrina.

    .::::Bryan::::.

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    1. Esse Deus não pode dar nenhuma garantia de que o bem triunfará sobre o mal. O máximo que pode fazer é torcer para que no final "tudo dê certo".

      Em Cristo,

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    2. Clóvis

      Realmente passa essa impressão(o realmente deve ser deste modo o pensamento de pessoas que adotam esse tipo de filosofia). Quando esse tp de "teólogo" se depara com promessas de Deus textos proféticos ele vai ter o que para pregar? Deve ser um caus. Esse tp de teologia não parece ser tão incidente aqui no Brasil mas nos EUA parece ser mais popular.

      .::::Bryan::::.

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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