O padrão de justiça do homem, e o de Deus

Todas as pessoas têm um certo conhecimento do bem e do mal; tal coisa elas dizem ser boa e tal coisa má. Mas talvez não existam duas pessoas que possuam exatamente o mesmo padrão do que seja bem e do que seja mal. O que as pessoas fazem é estabelecer um tal padrão do bem que possa incluir a elas próprias, e um tal padrão de mal que as exclua, e inclua outras. 

Por exemplo, o alcoólatra acha que não há muito mal em beber, mas poderia considerar um grande pecado roubar. O ambicioso, que talvez pratique todos os dias alguma fraude ou algum desfalque "no mundo dos negócios", procura justificar-se com o pensamento de que é necessário e normal agir assim nos negócios, "e, para todos os efeitos, não fico bêbado ou praguejo e blasfemo como os outros fazem", diz ele. 

Aquele que é imoral se orgulha de ser generoso e ter um bom coração para com os outros, ou, como se costuma dizer, "não faz nenhum mal aos outros, exceto a si mesmo". O homem honesto, moral, amável e cuidadoso para com sua família, satisfaz a si próprio fazendo o que ele chama de seu dever, e olha ao seu redor e se compadece dos pecadores declarados que vê; mas nunca considera quantos pensamentos maus, quantos desejos pecaminosos já produziu seu coração, mesmo que desconhecidos dos outros. Porém Deus julga o coração, apesar de o homem enxergar apenas a conduta exterior. Assim, cada um se compraz por não estar fazendo algum tipo de mal, e se compara sempre a alguém que tenha cometido algum pecado que ele acha haver conseguido evitar. 

Isso tudo prova que os homens não julgam a si próprios segundo um padrão único do que seja "bem" e do que seja "mal", mas tão somente tomam como sendo "bem" aquilo que mais lhes agrada e condenam os outros. Mas há um padrão, com o qual tudo será comparado, e de acordo com o qual tudo será julgado -- um padrão de justiça; e tudo o que não corresponder a ele será condenado eternamente. Este padrão não é nada menos do que a justiça de Deus. 

Quando alguém começa a descobrir que não é comparando a si próprio com os outros que ele será julgado, mas pela comparação com o próprio Deus, então sua consciência começa a ser despertada para pensar a respeito do pecado como quem está diante de Deus. Aí sim ele se reconhecerá culpado e arruinado; e não tentará justificar a si mesmo apontando para alguém que seja pior, mas ficará ansioso por saber se é possível que Deus, diante de quem ele sabe estar condenado, poderá desculpá-lo ou perdoá-lo. 

J. N. Darby
In: Um Deus Justo e Salvador

2 comentários:

  1. Clóvis,

    Sou um ávido leitor de seu blog, pois me identifico muito com sua posição (crente em uma igreja pentecostal e que vive as doutrinas da graça. Certa vez fiz um blog, mas nunca postei nada, mas resolvi escrever alguma coisa para divulgar entre meus irmãos de igreja e para os que não conhecem a Cristo.

    Dê uma olhada no post: Dependência ou Morte ! e comente dando-me algumas sugestões e críticas.

    Em Cristo

    http://marcionardi.blogspot.com.br/

    Márcio

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    1. Marcio,

      Obrigado pela sua leitura frequente. Deus seja louvado.

      Irei visitar seu blog.

      Em Cristo,

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

Sua leitura deste post muito me honrou. Fique à vontade para expressar suas críticas, sugestões, complemetos ou correções. A única exigência é que seja mantido o clima de respeito e cordialidade que caracteriza este blog.