Eleição, um sermão de João Calvino - 2


“Que nos salvou e nos chamou com santo chamado; não segundo as nossas obras, mas conforme seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho”. 2Tm 1:9-10

Há alguns homens nestes dias, que ficariam felizes se a verdade de Deus fosse destruída. Tais homens lutam contra o Espírito Santo, como bestas loucas, e se esforçam por suprimir as Sagradas Escrituras. Há mais honestidade nos papistas, do que nesses homens. Porque a doutrina dos papistas é muito melhor, mais santa, e concorda mais com as Escrituras Sagradas, do que a doutrina desses homens vis e perversos, os quais abatem a santa eleição de Deus; esses cães que latem para ela, e porcos que a dilaceram.

No entanto, sustentemos firmemente o que aqui nos é ensinado: Deus tendo nos escolhido antes do mundo ter seu inicio, devemos atribuir a causa da nossa salvação à Sua livre bondade. Devemos confessar que Ele não nos toma para sermos Seus filhos, por qualquer mérito de nós mesmos, pois não tínhamos nada para nos recomendar à seu favor. Portanto, devemos colocar a causa e a fonte da nossa salvação somente Nele e fundamentar a nós mesmos sobre isso, caso contrário, tudo que construirmos, virá a ser nada.

Devemos reparar aqui o que Paulo conecta, a saber, a graça de Jesus Cristo, com o conselho eterno de Deus Pai, e então ele nos traz nosso chamado, para que nós possamos ter a certeza da bondade de Deus e da Sua vontade, que teria permanecida oculta de nós, a menos que tivéssemos um testemunho disso.

Paulo diz em primeiro lugar, que a graça que repousa sobre o propósito de Deus, e que é compreendida nele, é dada em nosso Senhor Jesus Cristo. Como se dissesse: “Vendo que nós merecemos ser rejeitados e odiados como inimigos mortais de Deus, era preciso que fossemos enxertados, por assim dizer, em Jesus Cristo, para que Deus pudesse nos conceder e nos reconhecer como sendo Seus filhos. Caso contrário, Deus não poderia olhar para nós, a não ser para nos odiar, porque não há nada senão miséria em nós; estamos cheios de pecado, e estufados, por assim dizer, com todos os tipos de iniquidade”.

Deus, que é a própria justiça, não pode consentir conosco, enquanto considera nossa natureza pecaminosa. Portanto, quando Ele quis nos adotar antes do inicio do mundo, foi requisitado que Jesus Cristo fosse colocado entre nós e Ele, para que fossemos escolhidos em Sua pessoa, pois Ele é o Filho mui amado: quando Deus nos uniu a Ele, fez como Lhe aprouve. Vamos aprender a ir diretamente a Jesus Cristo se nós quisermos não duvidar da eleição de Deus: porque Ele é o verdadeiro espelho onde devemos contemplar nossa adoção.

Se Jesus Cristo é tirado de nós, então Deus é um juiz de pecadores, de modo que não podemos esperar por qualquer bondade ou favor em Suas mãos, mas, ao invés, esperar a vingança, porque sem Jesus Cristo, Sua majestade será sempre terrível e temível para nós. Se ouvirmos menção ao seu propósito duradouro, não podemos deixar de ter medo, como se já estivesse armado para nos mergulhar na miséria. Mas quando sabemos que toda graça reside em Jesus Cristo, então podemos estar certos de que Deus nos amou, embora fossemos
indignos.

João Calvino
In: Eleição, via Projeto Spurgeon

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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