Os enganos do auto-conhecimento

Nada  há  que a natureza humana mais cobice que ser afagada de  lisonjas.  E,  por  isso, onde ouve seus predicados revestir-se  de  grande  realce,  para  esse rumo propende com demasiada credulidade.  Portanto,  não  é de admirar que, neste ponto, se haja  transviado,  de  maneira profundamente danosa, a maioria esmagadora  dos homens. 

Ora, uma vez que é ingênito a todos os mortais  mais do que cego amor de si mesmos, de muito bom grado  se  persuadem  de  que nada neles existe que, com justiça, deva  ser  abominado.  Destarte, mesmo sem influência de fora,  por  toda  parte  obtém crédito esta opinião de todo vã: que o homem  é  a si amplamente suficiente para viver bem e venturosamente. 

Daí, porque tem sido, destarte, acolhido com o grande  aplauso de quase todos os séculos cada um que, com seu encômio,  haja mui favoravelmente exaltado a excelência da natureza  humana (...). Portanto,  se alguém dá ouvidos a tais mestres que nos detêm  em somente mirarmos nossas boas qualidades,  não avançará no conhecimento de si próprio, ao contrário, precipitar-se-á na mais ruinosa ignorância.

João Calvino
In: As Institutas da Religião Cristã

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"Se amássemos mais a glória de Deus, se nos importássemos mais com o bem eterno das almas dos homens, não nos recusaríamos a nos engajar em uma controvérsia necessária, quando a verdade do evangelho estivesse em jogo. A ordenança apostólica é clara. Devemos “manter a verdade em amor", não sendo nem desleais no nosso amor, nem sem amor na nossa verdade, mas mantendo os dois em equilíbrio (...) A atividade apropriada aos cristãos professos que discordam uns dos outros não é a de ignorar, nem de esconder, nem mesmo minimizar suas diferenças, mas discuti-las." John Stott

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